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Final Veredictum: Ashes Of Life - Seasons Within


Os Ashes Of Life são uma banda portuguesa de Doom Progressivo, composta pelo guitarrista e vocalista Tiago Silva, membro que fundou a banda como um projecto a solo em 2010 e mais tarde o tornou numa banda, juntando ao alinhamento, Stefan Nordström responsável pelos vocais extremos,  o guitarrista Luís Pinto e o baixista Pedro Silva.
Para este álbum a banda contou com a participação de Jorge Teles e Pedro Antunez na bateria. 
Seasons Within foi editado em 2020 pela editora Abismo Humano e encontra-se disponível no Bandcamp da banda ou na loja Glamorama Rockshop. 

Fotografia de Joana Marçal Carriço 

Ao colocar o CD, o primeiro som que oiço são as ondas do mar, fecho os olhos e sou transportado de imediato para a praia de São João do Estoril, local onde ínfimas vezes fechei os olhos e me senti à deriva enquanto ouvia o bater das ondas do mar. Talvez seja devido ao isolamento e à vontade de sair de casa, talvez seja pela falta que esse lugar me faz...
Logo na primeira música Shores a banda mostra-nos a sua aptidão e técnica com uma sonoridade marcadamente Doom, com algumas evocações de um Metal mais extremo capazes de dar uma maior densidade à música como um todo.
O contraste entre a voz calma e límpida de Tiago Silva, com a pujante e gutural voz de Stefan Nordström, mostram-nos como os mares podem mudar.



Spiral Down  mantém a melodia da anterior, porém mostra-nos simultâneamente, como esta banda é capaz de explorar diferentes cenários sonoros, transportando-nos para diferentes lugares através das mudanças rítmicas que ocorrem durante a música.
Aqui brilham os riffs de guitarra em conjunto com a voz de Tiago Silva que nos embalam na sua melodia. 


Burn é uma faixa somente instrumental onde esquecem-se as vozes e brilha cada um dos instrumentos que se conjugam entre si de forma harmoniosa e trazem-nos 6 minutos e 40 segundos de puro deleite musical ao som das oscilações contrastantes provocadas pelos diferentes ritmos utilizados ao longo da música, assemelhando-se a uma chama que vai ardendo e vai aumentando de tamanho até que no final simplesmente desvanece e apaga-se.


À semelhança da primeira música do álbum, Autumn Days volta a ter a forte presença dos guturais de Stefan Nordström. Os riffs de guitarra são mais pesados e a bateria mais acentuada.
Esta música faz-me lembrar a sonoridade da música Blashyrkh (Mighty Ravendark) dos Immortal.
É uma música que mostra novamente o espectro mais pesado na sonoridade abrangente dos Ashes Of Life.


Tried To Leave inicia com o som de um piano, uma sonoridade melancólica, acompanhada de um discurso proferido pela voz de Tiago Silva que é irrompido novamente pela voz gutural de Stefan Nordström.
Gosto do contraste aqui conseguido entre os momentos de calma e os mais pesados que trazem uma maior densidade à música.



Por fim Dying In The Snow encerra o álbum. Adoro a forma como as guitarras iniciais convergem com a sonoridade do piano de forma bastante harmoniosa encerrando o álbum com melodias transcendentes que nos vão transportando para diferentes paisagens.
Este álbum é como que uma viagem onde nos perdemos, enquanto o ouvimos. 
Tal como qualquer bom álbum merece várias audições e de cada vez que o ouvimos vamos notando certos pormenores que não captámos logo. 
O que os Ashes Of Life nos apresentam neste seu primeiro trabalho de estúdio não é nada menos que uma obra sublime, capaz de misturar peso e agressividade com melodia e ambiência de uma forma incrível.