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Final Veredictum: Bring Me The Horizon - Post Human: Survival Horror EP


    Os Bring Me The Horizon são uma das bandas mais versáteis da música pesada, quer se goste, quer não, não há como negar, eles deixam a sua marca em qualquer género a que se dedicam, quer seja Deathcore, Metalcore, Rock ou mesmo Pop.

    Post Human: Survival Horror nasceu no meio da pandemia com conceitos de um futuro distante mas que aos poucos e poucos se tem vindo a tornar cada vez mais realidade.

    A humanidade caminha para o desconhecido e este EP reflete a incerteza do futuro.

Mick Gordon foi o responsável pela produção e para quem não conhece o seu trabalho é só o responsável pela banda sonora dos jogos DOOM.

    Composto por 9 músicas completamente diferentes umas das outras Post Human: Survival Horror segue um fio condutor apesar de toda a experimentalidade que aqui encontramos. 

    Se no início eram uma banda de Deathcore, em Sempiternal adotaram o Metalcore, em That's The Spirit passaram pelo Rock e em AMO abraçaram totalmente o seu lado mais Pop, então o que nos reserva este EP?



    Dear Diary entra logo a matar, AMO foi uma experiência no universo Pop e se era isso que estavam à espera deste EP, desenganem-se. 
Esta é uma música com bastantes marcas de Deathcore como nos bons velhos tempos, isto era o que os fãs tinham vindo a pedir e a banda fez-lhes a vontade.
    Logo no início do álbum e pela primeira vez na carreira dos Bring Me The Horizon um solo de guitarra!
Surge como uma forma de descrever a forma como a banda se sentiu a enlouquecer durante os tempos de confinamento e isso explica o ritmo frenético com as guitarras e bateria a entregarem riffs e batidas com um peso absurdo.


    Quem segue a banda através das redes sociais pôde acompanhar o desenvolvimento e processo criativo de Parasite Eve através de uma mini série documental, disponibilizada no canal do Youtube da banda.
    A música começa com um som tribal que depois é interrompido por uma batida dissonante de eletrónica pela mão de Jordan Fish responsável pelos teclados.
    De repente ouvimos uma voz feminina que nos alerta:

 
"Please remain calm
the end has arrived
we cannot save you
enjoy the ride
this is the moment
you’ve been waiting for
don’t call it a warning
this is a war"

O que se sucede é um refrão antémico com guitarras que ressoam bem alto e apesar de aqui serem utilizados bastantes elementos eletrónicos, ajudam a trazer uma maior densidade à música.
Depois da bridge temos um crescendo que culmina num clássico breakdown.
Ludens (já lá vamos) foi a primeira amostra de peso pós-AMO mas Parasite Eve foi quando a banda nos mostrou que realmente estariam dispostos a regressar às origens. 


    De acordo com o próprio vocalista Oli Sykes, Teardrops é uma música que fala sobre o bombardeamento de más notícias que temos recebido nos últimos tempos através dos meios de comunicação tradicionais e alerta-nos para o perigo  do excesso de mediatismo e o efeito que pode ter na população que nos fazem correr o risco de ficarmos apáticos face à realidade.

    É uma música pesada não só musicalmente mas também pela letra e melodia que nos envolvem numa atmosfera de melancolia e desespero.



    Obey é uma música frenética e altamente contagiante. Yungblood acrescenta ao seu lado pop característico alguma agressividade na voz e aqui a sua voz e os growls impiedosos de Oli contrastam de forma dinâmica.

    A letra fala da forma como somos controlados pelo sistema e como somos obrigados a obedecer, mas é também um grito de revolta de forma sarcástica para fazermos exatamente o contrário, não nos submetermos. 

    É uma música altamente antémica e que certamente vai resultar bastante bem ao vivo, vai conseguir atrair novos públicos pela presença de Yungblud mas também vai conseguir manter os fiéis da música pesada pelo regresso aos vocais mais agressivos por parte de Oli.



    Itch For The Cure (When Will We Be Free?) é um pequeno interlúdio com algumas passagens de electrónica que se assemelham a uma intro de um anime e que antecipam a próxima música levantando o véu quanto á participação de BABYMETAL na música que se segue...


    Kingslayer podia ter sido um flop, pois mistura tantas coisas que podia ter dado mau resultado, Death Screams/ Growls e BABYMETAL com infusões de eletrónica ao estilo anime,  tudo isto colocado numa batedeira e o resultado é esta música que é fenomenal.

    Fiquei estupefacto a primeira vez que a ouvi tem um tom épico que nos deixa empolgados e nos faz querer saltar, mas simultaneamente tem breakdowns e um peso absurdo, é difícil de descrever pois é uma explosão sonora e só mesmo ouvindo é que vão perceber o que estou a dizer, sem dúvida completamente diferente de tudo o que eu já ouvi. 



    1x1 conta com a participação de Nova Twins, uma dupla inglesa que combina rock alternativo com rap rock e algumas influências punk. É sem dúvida a música que mais se assemelha a AMO e até a That's The Spirit em alguns momentos de todo este EP.

    Tem uma forte presença de batidas de electrónica e é maioritariamente composta por clean vocals, tem alguns screams ocasionais mas nada de extraordinário. 
O refrão fica no ouvido e é a música com a letra mais pessoal e intimista de todo o EP onde Oli nos leva para um local negro do seu passado.



    Ludens surgiu num quarto de hotel e foi criada para se juntar à banda sonora do jogo de Hideo Kojima, Death Stranding. 

    Foi o primeiro single do EP a ser revelado, isto mesmo antes de ser oficial que seria lançado um EP e a primeira vez que ouvimos screams de Oli em estúdio desde Sempiternal e mostra algumas amostras de AMO mas com uma camada experimental extra nota-se nesta música que a banda encontra-se com uma energia renovada e que este seria o próximo passo lógico na sua carreira. 



    One Day The Only Butterflies Left Will Be In Your Chest As You March Towards Your Death é uma belissima música completamente diferente de tudo o que a banda nos tinha mostrado até agora é uma balada com componente orquestral completamente devastadora com uma letra e melodia lindissimas e que fala sobre a forma como a humanidade está a destruir a natureza sem se aperceber e nós também não nos apercebemos disso se não tomarmos atenção à letra.

    Louvado seja o processo em tribunal que os Evanescence colocaram contra os Bring Me The Horizon por plágio não intencional, pois foi graças a isso que surgiu esta participação de Amy Lee que admite ser fã da banda e estar disposta a participar num dos seus trabalhos e que bem que resultou um final avassalador de um EP completamente surpreendente.



    Post Human: Survival Horror EP é para mim o melhor trabalho dos Bring Me The Horizon desde Sempiternal, mas não o consigo catalogar a um único género e penso que neste caso em específico isso seria até algo redutor.

    Considero que foi necessário este caminho, gosto de That's The Spirit e tenho em casa o AMO, são álbuns que têm o seu mérito e que permitiram à banda explorar outras vertentes para além do Metalcore e do Deathcore e atrair novos públicos. Esta experiência deu-lhes uma bagagem maior e um maior reconhecimento a nível mundial enquanto banda e também uma maior versatilidade. 

  Mas para mim é neste EP que a banda encontra o balanço perfeito entre sonoridade comercial e eletrónica e a música pesada e vem provar que ambos os géneros podem colidir de forma harmoniosa, porém para o apreciarmos precisamos de uma mentalidade aberta e recetiva a novas sonoridades das que estamos habituados a ouvir, mas na minha opinião só assim é que a música vai evoluir.