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Final Veredictum: Mors Principium Est - Seven

 


Hoje vamos até à "Terra dos Mil Lagos"! Não, não vamos falar do álbum de Amorphis, essa pérola da música pesada ficará para outra altura. Vamos falar, isso sim, do novo álbum de uma banda que descobri em 2020 - Mors Principium Est.

A banda foi criada em Pori, na Finlândia no ano de 1999. Os Finlandeses são uma banda de Melodic Death Metal e atualmente são compostos por Ville Viljanen na voz, Andy Gillion na guitarra e ainda por Jarkko Kokko e Lauri Unkila, nas guitarras ao vivo, Iiro Aittokoski, na bateria e Joni Suodoenjarvi no baixo.

“Seven” é o último trabalho dos finlandeses e falamos de um álbum lançado pela editora AFM que também já trabalhou com bandas como Leave's Eyes, Ektomorf e outras.




O álbum é composto por 10 faixas, e é mais uma prova que os finlandeses sabem o que fazem no que toca a música.

Começamos logo com um som de cordas e um teclado divinal que se vão transformado nas guitarras elétricas e baterias anunciando a entrada da voz. A banda começa “Seven” com "A Day For Redemption", um tema que pode ser um Hino dos tempos atuais. Munido de bons "riffs" e "blastbeats" a música fala-nos de como não nos podemos deixar ir nas promessas dos falsos pregadores e de como nos devemos erguer para que consigamos conquistar os ideais da vida plena em liberdade. "A Day For Redemption" se fosse tocada apenas por cordas eu diria que era uma música criada por algum compositor clássico, tipo Chopin ou Vivaldi, tal é a semelhança com as composições desses senhores.




Com uma introdução mais pesada e onde podemos ver uma sonoridade característica do género "Melodeath", "Lost In A Starless Aeon" é o segundo tema de "Seven”. Neste tema parece que há uma divergência com o tempo. Toda a música se refere ao propósito da vida e ao porquê de existirmos. Fala da vida como se fosse um jogo do qual não conhecemos as regras e questionamos sempre o porquê de termos nascido e se nos perguntaram se queríamos mesmo existir. Um tema que mostra um lado bastante filosófico e que nos remete para as questões sobre a "existência"...




 

"In Frozen Fields" tem uma introdução mais sinistra. Como o próprio nome indica, estarmos em campos gelados não é lá muito boa ideia. Assim que existe a introdução ao tema, este parece uma música tirada de um duo musical chamado "Nox Arcana" que usa o Gótico e o estilo Vitoriano como espinha dorsal das suas composições. Assim que as guitarras elétricas e a bateria entram em cena, somos brutalmente confrontados com uma letra que critica a sociedade e como acabamos por entrar em guerras criadas pelos governantes contra a nossa vontade. A guerra é sempre aquela coisa que ninguém quer. No entanto, o que "In Frozen Fields" transmite é que quanto mais seguimos certos ideais mais sentimentos negativos iremos criar, acabando por gerar conflitos que são nocivos para a nossa existência.




Às vezes chego a pensar que este álbum teve mesmo arranjos de um compositor clássico. O início de "March Into War" faz lembrar algumas das composições de Beethoven. Rápido e fácil de identificar devido ao estilo do compositor, "March Into War" parece a prequela de "In Frozen Field", mas enquanto o tema anterior parece ter um tom mais melancólico e apagado, em "March Into War" parece que somos catapultados para a frente da batalha e vamos ao encontro das armas e dos ferozes combatentes que guerreiam entre si tentando proteger aquilo que mais convém, que é a vida. Um tema que tem transições perfeitas entre a realidade crua e dura de um cenário bélico, com uma visão mais melódica, onde tudo desacelera e parece que podemos ver a serenidade e paz... visões por vezes utópicas para quem não conhece outra realidade se não a guerra.





Para completar a primeira metade do álbum temos "Rebirth". Os Mors Principium Est viram-se agora para os pregadores das falsas ideologias. Um tema mais pesado e bem mais rápido que os anteriores, mas onde a melodia não deixa de estar presente. Este tema fala-nos de que por vezes as pessoas em quem mais confiamos podem trair-nos ou então de como seguimos piamente as vozes "simpáticas" que fazem falsas promessas e depois ficamos desiludidos e impotentes por termos confiado... Um tema que serve de alerta para deixarmos de seguir as massas e começarmos a ter mais noção da realidade e dos seus perigos!





Para além de adorar "Heavy Metal", adoro música clássica. Ajuda-me a descomprimir e ainda a ganhar inspiração quando quero escrever alguma coisa. Os Mors Principium Est separam as duas metades de "Seven" com uma música instrumental, onde temos uma verdadeira alegoria aos compositores clássicos! O bom é que a banda toca em conjunto com esta sinfonia. O mau é que falamos num tema que tem apenas dois minutos... Fiquem com "Reverence".




Com um início futurista que nos leva para um filme de ficção científica temos "Master Of The Dead". Arrisco-me a dizer que Mors Principium Est foi beber a Edgar Allan Poe para compor este tema. Ao ouvir a música consigo aperceber-me de algumas semelhanças com os contos do escritor. Uma letra em que se celebra o "Mestre dos Mortos" e que se pede para que este seja benevolente no seu rasto de destruição. Qualquer semelhança com os contos de Poe é pura coincidência. Deixo-vos aqui um pouco da letra e aconselho-vos a ler Edgar Allan Poe para entenderem estas semelhanças:

 

"Death surrounds me

The dead have come to take their prize

A fabled prophecy

Now we come to realize

Death is marching

Fast upon our weakened walls

Our live departing

Cries upon deaf ears befall"






 

Com um início tempestuoso, bastante melódico e rápido temos "Everlong Night". Com uma letra depressiva a falar na morte e no abandono da alma, temos um contraste perfeito com um tom mais apressado dos instrumentos, cuja sinfonia casa perfeitamente com as guitarras e bateria loucas de Mors Principium Est. O tema fala no abandono da alma e daí o título “A Noite Mais Longa”, pois é na escuridão que nos perdemos e amedrontamos. Embora haja quem se alimente da noite para carregar baterias, esta é utilizada para falar na derradeira fronteira da mente humana, a morte e o vazio que ela representa.






Continuamos com um som rápido e apressado. Em "Seven" como em outros álbuns da discografia dos Finlandeses, vemos uma espécie de simbiose entre a "Sinfonia" e o "Death Metal" que se vai acentuando de álbum para álbum e que neste quase que atinge a perfeição. "At The Shores Of The Silver Sand" temos um final antecipado para um álbum que me surpreendeu e que quero muito ter na minha coleção. Um Sinfónico Orquestral que deixa antever uma composição rápida ao início com um "riff" fácil de compreender e com um solo magistral que nos atira para um filme "melodramático". A letra vai-se desvanecendo à medida que a composição avança para o seu término. Um grande tema, que se torna num dos melhores do álbum.





"My Home, My Grave". Uau! É apenas isto que tenho a dizer sobre o tema que fecha Seven! É um tema que parece um "Poslúdio" numa ópera que termina. Embora não tenhamos contratenores, nem tenores a cantar "My Home, My Grave", é a cereja no topo do bolo neste álbum. Começa com um órgão infernal que transita para instrumentos de cordas e um coro que irrompe para um "double-pedal" fortíssimo que antecipa a composição e uma letra que tem um significado muito simples - ou acordamos, ou então despedimo-nos sem deixar rasto! Este é outro dos temas que destaco em Seven, um cenário apocalítico que antevê a tragédia nos anos vindouros. Quando olhamos para a capa do álbum vemos a própria Morte a segurar a Terra e como esta suga a vida existente... Simplesmente de génio.




 







Embora já estejamos em 2021, este foi sem dúvida um álbum que me surpreendeu. Como referi anteriormente, este álbum é um dos que quero ter na minha coleção. Tudo funciona bem. O tom mais melódico a contrastar com as guitarras e bateria. Desde coros majestosos a um gutural fácil de entender e compreender. O lado orquestral de “Seven” leva-me a dizer que as influências na música clássica são algo forte na composição destes finlandeses: as letras que têm um lado negro e algo relacionado com a morte, um álbum bastante pesado e com uma mensagem bastante forte, já que 2020 foi um ano para esquecer. Devo dizer que “Seven”, foi o primeiro álbum que ouvi desta banda e foi uma surpresa, pois foi uma banda pela qual me apaixonei! Embora não sejam muito conhecidos, posso dizer-vos que esta é uma das grandes bandas do género "Melodic Death" e depois são finlandeses. Que dizer sobre isto? Amorphis, Apocalyptica, Children Of Bodom, HIM, Insomnium, Nightwish ou Wolfheart, são dos grandes nomes que me vêm à cabeça quando falamos da música pesada feita na “Terra dos Mil Lagos”.