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Final Veredictum: Avenged Sevenfold - The Stage

 


Finalmente, após em 2013 terem feito uma passagem pelo Campo Pequeno, 9 anos depois os Avenged Sevenfold regressam a Portugal no VOA Heavy Rock Fest 2022 e eu não quero perder este festival por nada neste mundo e para celebrar este regresso tão aguardado, decidi ir ao baú e remasterizar uma das minhas primeiras reviews, feita em 2016, para o meu primeiro blog, The Dark Side Blog.
Esta vai ser uma viagem no tempo, eu tinha 18 anos e não tinha o nível de escrita que tenho atualmente, naturalmente fui evoluindo, mas é bom regressar ao passado e perceber esta evolução, por isso espero que gostem deste remastered daquilo que eram os primórdios dos meus Final Veredictum.
Como bónus vou trazer-vos também uma review do segundo disco que veio incluído na Deluxe Edition e que quando escrevi esta review a primeira vez ainda não tinha sido lançado.
Passaram três (longos) anos desde o último lançamento da banda em 2013, "Hail to The King", que ainda contou com a participação do baterista Arin Ilejjay, agora substituido por Brooks Wakerman, ex membro da lendária banda de Punk Rock, Bad Religion e como era de esperar esta mudança refletiu-se na sonoridade que este novo álbum apresenta.
"The Stage" não é apenas mais um álbum da banda, é um álbum especial e experimental tentando explorar novas componentes musicais nunca antes tentadas por esta banda, um álbum que não é passível de ser compreendido com apenas uma audição, para apreciar este álbum na íntegra, é necessário que este seja ouvido diversas vezes e repetidamente, pois dispõe de uma temática lírica muito própria, focando-se em temas como a inteligência artificial, os problemas dos dias de hoje e o estado de decadência da sociedade moderna, inspirados pelas obras literárias de Carl Sagan e Elon Musk, é ainda o álbum mais longo da banda até à data tendo uma duração de 73 minutos.


"The Stage", a música introdutória e a única revelada anteriormente ao lançamento inesperado deste novo álbum, a nível de conteúdo lírico é um conjunto de reflexões sobre a história da humanidade e como esta não se alterou desde os seus primórdios até aos dias de hoje, sendo acompanhada de um videoclip que mostra as diferentes civilizações e como a história é caraterizada pela sua violência, a sociedade  é comparada a marionetas, pois deixa-se subjugar e manipular pelos interesses e vontades dos governos gananciosos, que puxam as cordas que acorrentam a sociedade para servir os seus interesses.


"Paradigm", a segunda faixa deste álbum tem a bateria de Brooks mais realçada, bem como os screams acentuados de M. Shadows que parecem retirados do álbum "Waking The Fallen".


"Sunny Disposition" tem um ritmo muito próprio,  sendo acompanhada por trombones e sirenes que se fundem com as guitarras de Zacky Vengeance e Synister Gates fazendo lembrar elementos do álbum "City of Evil" ,é sem dúvida uma das músicas de destaque deste álbum.


"God Damn" é a música mais curta e  direta de todo o álbum, com a bateria de Brooks  em destaque e os vocais de Shadows a sobressair, é aqui que a banda introduz elementos mais pesados pela primeira vez, contendo só nesta música elementos dos estilos, Trash, Metalcore, acústico e regressando ao Trash, reparei ainda que esta música pelo meio contém um ritmo muito semelhante à música "Sidewinder" do álbum "City of Evil".


"Creating God" tem um excelente solo prolongado; ao longo de todo o álbum é de louvar o excelente trabalho realizado por Synister Gates e Zacky Vengeance, a nivel das guitarras tanto nos riffs como nos solos, todos eles excelentes.


"Angels" e "Roman Sky" são as músicas mais calmas deste álbum que apesar de não terem grande impacto, ajudam a manter a atmosfera com elementos acústicos.




"Simulation", começa lentamente, assemelhando-se a "Angels", mas abruptamente explode-nos na cara com um refrão espetacular. Volta depois a reduzir a intensidade nas restantes partes da música, tirando o final que contém comentário e uma panóplia de elementos como solos, riffs e mais uma vez a bateria de Brooks destaca-se, voltando a acalmar depois de todo este turbilhão de elementos que a compõem.


"Higher" e "Fermi Paradox" são para mim as músicas que menos destaque tiveram neste álbum, mas que mais uma vez contribuem para que a atmosfera se mantenha.



O álbum termina com "Exist". Como descrever esta última música? É a mais longa de todo o álbum, com aproximadamente 16 minutos de duração. 
É introduzida por uma sequência sonora que se assemelha a algo digital e que é depois substituída por um longo instrumental excelente, com as guitarras de Zacky Vengeance e Synister Gates, a tocarem solos tremendos, sendo posteriormente acompanhada pela bateria de Brooks Wakerman, passando por uma secção acústica, que é acrescida dos clean vocals de M. Shadows e que termina com o comentário do cientista Neil deGrass Tyson.





"The Stage" é inovador, carismático e único, é uma mudança total de forma a todos os níveis, não dispondo das usuais influências em Hard Rock e Heavy Metal genéricos, dispõe de uma individualidade refinada e destaca-se como sendo um álbum único e com uma certa individualidade, comparativamente ao restante catálogo de álbuns de que a banda dispõe, porém consegue transmitir um sentimento de familiaridade através da atmosfera característica criada pela banda.

 A banda realizou um evento especial como forma de celebrar o lançamento deste novo álbum, fazendo uma performance no topo da sede da Capitol Records, editora do novo álbum, o vídeo desta performance pode ser vista abaixo:




Após o lançamento de The Stage, a banda surpreendeu-nos um ano depois em 2017, com uma Deluxe Edition de sonho, com capa lenticular, que tanto mostra o Deathbat (a mascote da banda) no espaço, como o crânio de um astronauta e inclui um segundo disco que a contar com o primeiro disco totalizam 22 músicas.
"Dose", é a música que abre o segundo disco e foi criada na altura, especificamente para o jogo Dungeon Hunter 5, que eu obviamente fiz o download só para poder jogar o evento especial dos Avenged Sevenfold e adquirir os itens limitados da banda dentro do jogo.
Tenho de experimentar fazer login para ver como está este Dungeon Hunter 5, posso-vos dizer que ainda cheguei a jogar bastante, bons tempos.


"Retrovertigo", é uma música originalmente de Mr Bungle e os Avenged Sevenfold foram beber inspiração à original, mas imprimiram o seu cunho pessoal, tornando-a mais pesada e única, aprecio isso.
O baixo de Johny Christ brilha nesta música, mas o destaque vai mesmo para as guitarras e bateria que conseguiram capturar a essência da original mas colocando um twist muito próprio. 


"Malagueña Salerosa", é só a música menos esperada para ter uma cover de Heavy Metal, mas se o Alex Vantrue fez uma cover de "Vais Partir" do Clemente, tudo é possível.
A música mexicana composta por Chingon foi aqui reimaginada para um tema de Heavy Metal e por incrível que pareça, resulta. 
O groove e a veia mariachi latina a vir ao de cima na guitarra de Synister Gates e Zacky Vengeance é inesperado, mas contagiante.
Uma música como esta só nos mostra a versatilidade da banda, a descontração e forma de estar na vida, não se preocupando com rótulos nem críticos.


"Runaway" conta com a participação de Warren Fitzgerald, guitarrista dos The Vandals, é a música mais Punk de "The Stage" e permitiu Brooks Wakerman voltar em casa.
Das covers que estão presentes neste segundo disco é uma das minhas favoritas pela sua rapidez, simplicidade e atitude.
Aqui os holofotes incidiram sobre o guitarrista da banda, Zacky Vengeance que saiu da sua posição habitual de segundas vozes e assumiu sem pudor o papel de vocalista e partiu a loiça toda.


"As Tears Go By", é uma música lindíssima dos Rolling Stones, que nesta versão os Avenged Sevenfold tornaram sua. 
Não vou dizer que é melhor ou pior do que a original, pois nem todos têm a capacidade de fazer o que os Motorhead fizeram com a Sympathy For The Devil e não há mal nenhum nisso. 
O importante é que a banda conseguiu prestar aqui uma bela homenagem a um dos ícones do Rock mundial.


E depois desta, heis que entra a minha cover favorita deste álbum, "Wish You Were Here", uma das músicas mais reconhecidas dos Pink Floyd.
M. Shadows é um vocalista de mão cheia, com uma capacidade vocal muito acima da média, atingindo notas surpreendentes, mas aqui é mesmo a emoção e sentimento transmitido que nos marca e faz com que esta música ecoe por gerações, passando de avós para pais e de pais para filhos e versões como esta só ajudam a manter este espírito vivo e a fazer com que estas musicas sejam ouvidas eternamente.


"God Only Knows", no seguimento das duas anteriores é mais uma cover mais calma e que nos faz refletir e pensar na vida e é também ela uma belíssima homenagem à original dos Beach Boys.
Posso-vos confidenciar que a relação que tenho com Avenged Sevenfold, interliga-se bastante com a relação que tenho com a religião e com Deus, pois esta é uma banda que tem uma "Dear God" que é uma música lindíssima e que me tem acompanhado durante muitos anos e em imensas fases distintas da minha vida, com companheiras diferentes, com problemas pelo caminho e tudo o que a vida nos traz e me ajuda sempre nesses momentos, mas depois têm uma "God Hates Us" que é um verdadeiro soco no estômago e possivelmente a música mais pesada que os Avenged Sevenfold já compuseram em toda a sua carreira.
E esta "God Only Knows" eu entendo como uma reflexão sobre isso, pois mesmo que acreditemos, há muitos momentos em que duvidamos e nos questionamos se Deus existe ou não. Acredito que o pensamento lógico e critico é inimigo da crença e por vezes ficamos sem saber realmente aquilo em que acreditamos e apenas Deus, seja ele entendido da forma que for e exista ele ou não, é que sabe o que nos passa pela cabeça, para além de nós.



Para além de todas estas covers os Avenged Sevenfold terminam este segundo disco de "The Stage" com 4 versões tocadas ao vivo em Londres de "The Stage", "Paradigm", "Sunny Disposition" e "God Damn".





Este segundo disco faz facilmente com que as 4 skulls que dei a "The Stage" elevem-se para um 4,5.
Esta Deluxe Edition é apenas serviço aos fãs no seu estado mais puro, e agradeço à banda por este mimo que nos trouxeram e que obviamente veio-se juntar à restante discografia que tenho de Avenged Sevenfold na minha coleção.
Numa última nota e para terminar, existem muitos haters desta banda, e eu não entendo porquê. 
Sim existe uma notória influência de Metallica, Helloween, Iron Maiden, Black Sabbath e Pantera na sua sonoridade, mas os Avenged Sevenfold são uma banda que vezes e vezes sem conta se tem reinventado e evoluído ao longo da sua carreira que conta já com 7 álbuns de estúdio, EP's, algumas coletâneas e DVD's ao vivo e sem dúvida a meu ver merecem todo o reconhecimento e apreço que têm no mundo do Metal, no entanto é triste todo o ódio irracional e mal dizer que existe em relação a esta banda. 
Penso que seria muito mais proveitoso para todos estes haters que se auto intitulam defensores do que é metal e do que não é alargarem os seus horizontes e perceberem que o que interessa não é o género, não são as roupas, os cabelos ou as unhas pintadas numa fase mais emo de uma banda, é sim a qualidade, a diversidade, versatilidade, inovação, técnica, talento e dedicação que uma banda demonstra e atenção cada um é livre de ter a sua opinião e de gostar do que gosta, eu também há algumas bandas trve que não me entram, no entanto eu justifico e apresento razões plausíveis e argumentos válidos para não gostar e acho que estes haters deviam começar a pensar fazer o mesmo, ao invés de criticarem e o seu argumento ser simplesmente só porque sim, existe uma diferença entre gosto pessoal e qualidade e há quem precise de aprender isso.
Perdoem-me o desabafo, mas este já estava para sair há algum tempo e algum dia teria de acontecer, foi hoje.
Espero que tenham gostado deste Final Veredictum diferente, deu-me um gozo enorme fazê-lo e foi bom ouvir este álbum novamente e agora com os ouvidos mais treinados e com um conhecimento mais diversificado e aprofundado de todos os géneros da música pesada do que tinha com os meus 18 anos.