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Final Veredictum: The Voynich Code - Post Mortem

 


The Voynich Code, é um manuscrito incompreensível e que até hoje ninguém consegue ler ou depreender o sentido das suas ilustrações. Vários foram os criptógrafos que tentaram, mas sempre sem sucesso.
O manuscrito Voynich não serve apenas para dar nome ou inspirar a banda, é também ele um aspeto inerente à identidade dos The Voynich Code, que além das suas músicas, sempre que estão prestes a revelar um novo single, anunciar um novo trabalho de estúdio ou alguma novidade, utilizam o seu slogan característico, "unveil the mistery", deixando a mística a pairar sob os seus fãs e despertando a curiosidade dos seus ouvintes que anseiam por decifrar o mistério.
A banda de Technical Death/Deathcore lisboeta formada em 2013 é composta pelo vocalista Nelson Rebelo e os guitarristas André Afonso e Vinicius Cunha, Vinnie para os amigos. As secções de bateria de "Post Mortem" tiveram a mão de Bryce Butler.
Até à data, a sua discografia conta com 2 EP's e um álbum. O EP "Ignotum" de 2015, o álbum "Aqua Vitae" lançado em 2017 e o EP "Post Mortem", editado em  2021 .
Hoje é sobre o seu mais recente EP "Post Mortem" que nos vamos debruçar, na tentativa vã de o decifrar...


O EP começa com "The Darkest Side Of Thruth", iniciando com um coro e alguns elementos sinfónicos, Nelson Rebelo começa a expurgar com guturais cavernosos e André Afonso e Vinnie acompanham com riffs técnicos e ousados, destaco também para a bateria do convidado Bryce Butler que irrompe com blast beats fortíssimos.
Líricamente, a música aborda a incerteza, deambulando entre a verdade corrompida e a mentira e a linha ténue que as separa.
A escuridão penetra os sentidos e turva a perceção de quem ouve esta música, que nos deixa assoberbados com o peso e a veracidade daquilo que ouvimos, são tempos conturbados os que vivemos atualmente e esta música não poderia ter vindo em melhor altura.


Segue-se "A(LIE)VE", uma música que pelo meio acaba por nos fazer questionar se a vida que estamos a viver é a vida que merecemos e se toda a dor e sofrimento que dela advêm não foram em vão.
Novamente invocando a incerteza no ouvinte, dá para perceber só por estas duas músicas que os The Voynich Code querem despertar o espirito crítico no ouvinte e apelar à reflexão e isso é algo que aprecio bastante.
Letras complexas que vagueiam entre a dor, o sofrimento, a dúvida e que são transmitidas através de uma secção instrumental demolidora e que nos tira completamente o fôlego.
Uma música de excelência, repleta de técnica, agressividade e breakdowns viscerais, a receita perfeita para uma banger de Deathcore com infusões de Technical Death Metal.


"Cleansed Soul" tal como "The Darkest Side Of Thruth, surge com coros e elementos sinfónicos até que a bateria de Bryce começa a derramar blast beats e Nelson Rebelo surge de entre os portões do inferno, com os seus guturais dilacerantes, que power! 
Meus senhores e minhas senhoras estamos perante uma pérola e eu sei reconhecer quando encontro uma.
Esta música não só é bastante dinâmica, como tem uma técnica e melodia incomparáveis e a juntar a isto, o refrão é contagiante, é um destaque sem dúvida em "Post Mortem". 
Esta é daquelas que nos agarram pela garganta e submetem-nos (colocar bolinha vermelha no canto do ecrã), é eargásmico ouvir a composição desta obra prima que os The Voynich Code nos concederam.


"Glass Vest" estilhaça tudo ao seu redor logo que começa. 
Nelson Rebelo aqui já não tem nada a provar, mas mesmo assim apresenta um range vocal soberbo, alternando entre low growls e fry screams como se nada fosse e é de louvar esta sua capacidade e técnica.
A guitarra apresenta-se mais Djent do que nas restantes músicas e é uma música com uma sonoridade distinta das restantes.
Sente-se um sufoco e dor nesta música e isso deve-se ao facto do cunho bastante pessoal imprimido na sua letra e isso sente-se.
A meio da música temos uma secção de maior calmaria onde Nelson evoca o estilo spoken word em jeito de desabafo e aqui percebe-se a urgência de cada palavra. 
A emoção e sentimentos que nos são transmitidos em "Glass Vest" são surpreendentes e arrepiam e só quem perdeu alguém compreende e identifica-se com cada palavra.


"Underworld Of Broken Memories", finaliza o álbum referindo cada memória que fica quando alguém já não se encontra entre nós, o Post Mortem é uma realidade crua e dificil de definir, é algo que nos sufoca e nos deixa sem chão, sem respostas e sem saber o rumo que havemos de dar à nossa vida. 
Restam as memórias que foram construídas em vida e resta o impacto que nos foi deixado em cada momento que passámos juntos. 


Confesso-vos que houveram momentos durante as repetidas audições deste EP para escrever esta review em que algumas lágrimas cairam e para quem me conhece, isso não é algo fácil de conseguir. 
Os The Voynich Code têm neste Post Mortem, nada menos do que uma masterpiece e se há trabalho que merece reconhecimento e louvor é este e é em vida que as bandas devem ser consagradas e não após o seu fim.
Por todas estas razões o meu Final Veredictum só podia ser um.



Este EP é o espelho de uma evolução constante "Ignotum" é um grande EP, "Aqua Vitae" é um álbum de excelência mas este "Post Mortem" é uma masterpiece sem igual.
Eu não tinha nenhum deles, já conhecia o trabalho dos The Voynich Code, desde o Aqua Vitae e depois ouvi o excelente single "Cage Of Innocence", mas foi agora mais recentemente que fui ouvir o "Ignotum". 
Mas este Post Mortem está noutro nível e eu assim que ouvi a "The Darkest Side Of Thruth" e vi a capa deste EP, percebi logo o que aí vinha, disse para mim mesmo, este vai ter de ser teu e tanto foi que enviei mensagem aos The Voynich Code e disse-lhes que queria adquirir o "Ignotum", o "Aqua Vitae" e a T-shirt e obviamente este "Post Mortem" e a banda e em particular o Vinnie foram super porreiros comigo e trataram disso e ainda me autografaram a discografia, obrigado.
Posso dizer-vos que já ouvi muita coisa este ano, mas sem eu estar à espera este EP foi directamente para o meu topo de lançamentos de 2021 e é orgulho em ser português que eu sinto ao ouvir isto.
Estamos a criar uma ainda pequena cena Deathcore  nacional, a pouco e pouco e isso orgulha-me. 
Bandas como The Voynich Code, Downfall Of Mankind e Inhuman Architects (que será a minha próxima review), tornam isso possível e só lhes tenho a agradecer por isso.