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Final Veredictum: Being As An Ocean - Proxy: An A.N.I.M.O Story


Os Being As An Ocean são uma banda de Melodic Hardcore que ao longo da sua carreira têm mostrado sempre bastante versatilidade na composição musical de cada um dos seus trabalhos, oscilando entre sonoridades melódicas e pesadas acompanhadas sempre de um grande liricismo e essas são as características que me têm mantido um fã acérrimo da banda.
Em Proxy: An A.N.I.M.O Story os Being As An Ocean continuam o caminho que seguiram no álbum anterior, Waithing For Morning To Come, onde adicionaram batidas electrónicas ao seu som característico.


Intro (The Envoy) introduz o álbum com uma batida de electrónica que além de ser melódica prepara-nos para a música que se lhe seguirá.

Play Pretend foi o primeiro single que a banda nos desvendou antes de editar o álbum.
Esta é uma música que liricamente evoca as temáticas da inteligência artificial e todas as novas tecnologias que são fruto de uma era digital em que estamos constantemente conectados à rede mas perdemos a conexão com os individúos que nos rodeiam.
Quanto à sua sonoridade oscila entre a melodia de guitarra, batidas electrónicas e uma bateria vibrante que acompanha toda a sonoridade calma da música.
As vozes mais graves e roucas de Joel Quartuccio conjugam-se perfeitamente com a voz mais melódica e aguda de Michael McGough que ao longo do álbum vão mostrando uma dinâmica interessante na qual ambos se complementam mutuamente.



Find Our Way é a minha música favorita de todo o álbum, liricamente fala sobre os altos e baixos pelos quais vamos passando ao longo da vida e como devemos sempre tentar dar a volta por cima, encontrando o nosso caminho. Fala sobre ansiedade e de como por vezes duvidamos de nós próprios mas é uma música cheia de esperança e que me deixa com um sorriso no rosto de cada vez que a oiço.
Começa com umas notas de guitarra acústica e é irrompida por batidas electrónicas com um ritmo calmo que culminam num antémico refrão altamente contagiante.

"Wait up, I know you feel anxious
No need to be nervous
You're safe with me
Some monsters are harder to vanquish
Together we'll manage to make it through
We'll find our way
We'll find our way"



Brave evoca um estilo mais pop combinado com electrónica, não deixa de ser uma música altamente contagiante.
No entanto, tem também alguns momentos de maior peso, destaco aqui tal como em todo o álbum o incrível trabalho de produção que aqui foi colocado. Todos os instrumentos e vozes ouvem-se de forma clara, o que nos faz querer ouvir várias vezes cada uma destas músicas.
O que começa a falhar é o excessivo uso de electrónica que terá sempre as duas faces da moeda, para quem gosta vai agradar e vai chegar a uma comunidade de ouvintes mais mainstream, mas no reverso da moeda também irá criar alguns entraves a quem prefere sonoridades mais pesadas e menos processadas.

Tragedy segue o mesmo rumo da música anterior mas tem alguns momentos onde se ouve de forma bastante nitida as guitarras e bateria e isso agradou-me.
Quanto às batidas de electrónica eu tenho mixed feelings. 
Se usadas como complemento da música sim, não tenho quaisquer problemas com isso, mas se forem o factor principal de destaque de uma música, não obrigado e aqui infelizmente é o segundo caso.

Skin volta a colocar os holofotes na electrónica, mas o que a faz destacar-se das anteriores é o facto de ter mais presença de bateria e no geral é a uma música mais bem conseguida mas esta trilogia de músicas são as mais Pop do álbum.

Interlude (Circuit Bender) leva-nos numa viagem sintetizada onde somos transportados para uma dimensão digital totalmente electrónica, mas volto a referir é aqui que começo a achar que os elementos electrónicos estão a ser usados em demasia e começo a ficar saturado.

Felizmente, B.O.Y re-introduz screams para meu agrado e aqui volto a ouvir os Being As Oncean que conheci outrora e dos quais me tornei fã.
Uma sonoridade que combina liricismo, peso e melodia tudo numa só música são essas as características que mais aprecio e que definem esta banda e aqui estão todas presentes.



Low Life (Ode to The Underworld) volta a seguir uma sonoridade mais calma mas que transmite uma vibe brutal.
Aqui o contraste entre as vozes dos dois vocalistas volta a fazer-se sentir de uma forma dinâmica e que resulta bastante bem.

Demon é uma música que volta a colocar os elementos electrónicos como destaque da música e aqui não resulta.
Breves gritos pelo meio distraem-nos do facto de esta ser mais uma música mais pop e considero que é uma das mais fracas de todo o álbum.

Watch Me Bleed pelo contrário usa todos os recursos ao seu dispor culminando numa mistura que resulta.
A bateria aliada à batida com a dualidade de vozes em comunhão com a electrónica aqui funcionam bastante bem.
Destaque também para as guitarras que apesar de serem bastante simples dão aqui uns toques que ficaram no ponto.

See Your Face tal como a anterior resultou bastante bem com o bónus de introduzir mais algum peso não só na batida mas também a nível instrumental e vocal.
Temos até uma parte onde Joel faz os seus tradicionais screams que eu adorei e esta está também entre as melhores músicas do álbum.


A.N.I.M.O é uma faixa estranha mas que eu até gostei porque trás aqui alguns elementos diferentes que eu não estava à espera de ouvir.

Outro (What It Means To Be Human) finaliza com umas belissimas notas de piano que me fazem reflectir em tudo o que ouvi anteriormente e tentar perceber este novo caminho seguido pela banda.


A meu ver ouve momentos do álbum que resultaram bastante bem e ouve outros onde o excesso de electrónica e de produção se sobrepuseram ao talento que estes músicos possuem.
Trata-se de um álbum diferente que tem de ser ouvido com uma mente aberta e receptiva a coisas diferentes, no entanto não deixo de ter um ouvido crítico e sei ver que há coisas que resultam e outras que não.
Os Being As Ocean sempre foram uma banda com uma mentalidade progressista e neste álbum, bem como no anterior isso nota-se bastante.
Adorei ver a banda ao vivo no passado dia 30 de Novembro num concerto incrível e altamente intimista no Estúdio Time Out em Lisboa.
Neste concerto Joel esteve literalmente no meio do público a cantar mesmo ao nosso lado e envolveu-nos numa atmosfera única e indiscritível que só quem presenciou o momento saberá o quão bom foi.
Fico curioso por ouvir qual será o próximo passo na carreira desta banda mas este Proxy: An A.N.I.M.O Story deixou-me com mixed feelings.