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Xplore The Classic: Lamb Of God - As The Palaces Burn


Como prometido após uma votação criada no Facebook do Not'Abaixo, os resultados foram bastante claros, entre o Hate Crew Deathroll dos Children Of Bodom e este As The Palaces Burn dos Lamb Of God, o álbum escolhido foi o As The Palaces Burn.
Dois álbuns de peso que sem dúvida alguma merecem ambos esta exploração mais detalhada, mas desta vez foi este o álbum por vós escolhido.
Lançado a 6 de Maio de 2003, por incrível que pareça, As The Palaces Burn, foi produzido por Devin Townsend, o ex vocalista de Strapping Young Lad que tem actualmente a sua banda The Devin Townsend Project e uma carreira a solo.
Antes de Lamb Of God a banda intitulava-se Burn The Priest, banda essa que até hoje só tem dois lançamentos o Self-Titled e Legion XX, que já analisei aqui no Not'Abaixo.


New American Gospel o primeiro álbum de Lamb Of God trouxe-nos malhas como Black Label, a primeira música do disco, que eu cresci a adorar tendo-a descoberto ao jogar Tony Hawk's Underground 2, isto ainda antes de eu me dedicar a estas sonoridades mais pesadas.
Este é um álbum com níveis de produção muito menores, o que não surpreende se pensarmos que é o primeiro da sua carreira e que a banda não dispunha de um vasto cache. Aqui o que realmente importava era trazer a sua mensagem ao público, mandendo-se fiel áquilo em que acreditavam e fazer a música que queriam. 
"It's pretty obvious that the pendulum of popular taste is heading back towards heavy music, and you're starting to see heavier acts get radio play, MTV play, whatever. That's great for them, but we're gonna keep doing what we're doing, and if the pendulum happens to swing that far, we'll be there. We didn't go into this trying to get on the radio or TV." - Chris Adler, baterista dos Lamb Of God em entrevista com a Revolver Magazine.


Esta é uma banda que dentro do Heavy Metal sempre fez as coisas à sua maneira e não há nenhuma banda parecida dentro do género, mas este é o álbum onde realmente começam a definir a sua identidade e a criar aquele som característico que reconhecemos logo como sendo Lamb Of God.
Claramente ainda se notam as fortes influências Punk que já caracterizavam o seu primeiro trabalho mas existe também uma notável maior infusão de Thrash Metal neste álbum, comparativamente ao anterior e também um maior cuidado não só na estrutura e composição das músicas mas também nas letras. 
As The Palaces Burn mostra uma notável evolução em relação ao primeiro New American Gospel. Apenas 3 anos depois os Lamb Of God regressam para se sagrarem como um dos nomes proeminentes da New Wave Of American Heavy Metal.


Purified começa com um grande hook de guitarra acompanhada de uma bateria fortíssima e que depois dá espaço aos fenomenais gritos guturais de Randy Blythe e mantém sempre um ritmo intenso ao longo de toda a música mas o que poucos sabem é que o solo que encontramos nesta música tem a mão de não outro do que Chris Poland o lendário guitarrista de Megadeth que viria a voltar a colaborar com o grupo no álbum sucessor "Ashes Of The Wake", na faixa-titulo do álbum.


Apesar de 11th Hour ser um derramar de riffs orelhudos, For Your Malice é onde o ritmo muda, mas a intensidade do álbum não desce.
Esta é uma música onde se nota uma grande diferença ritmica em relação às anteriores e que me faz lembrar em momentos algumas das técnicas utilizadas em VII Sturm Und Drang um trabalho que seria lançado muito posteriormente na carreira dos Lamb Of God mas que mostra reminiscências dos tempos de As The Palaces Burn.

In Defense Of Our Good Name é para mim uma das músicas mais underated na carreira de Lamb Of God com um downtempo fenomenal e umas bass lines brutais pelo meio é uma música que tem um groove e um peso brutais e que eu adoro.
A mudança ritmica que acontece a meio da música é simplesmente épica e o que dizer sobre a letra da música? Vou deixar-vos um excerto de uma das minhas partes favoritas: 

"Never wanted your approval
Never wanted your acceptance
Never wanted to be anything but me
Never wanted to be anywhere but here
Carry me southeast bound home
To speak in defense of our good name
Lay me to rest with my kin
In the ground of God's country"


Vigil é a música mais única de todo o álbum e ela que encerra As The Palaces Burn, uma música que começa de uma forma semelhante à God Hates Us dos Avenged Sevenfold mas que tem um impacto brutal assim que ouvimos " Our father thy will be done".
Esta é uma música com uma grande carga emotiva e uma das músicas mais épicas que constam na já longa discografia de Lamb Of God, Vigil é o exemplo perfeito de como combinar melodia e peso de forma excepcional.




Os Lamb Of God são uma banda que já passou por tudo, desde perderem voos e terem de alugar um jacto privado para não falhar um concerto, Randy ter cortado um dedo do pé com um machete e mesmo assim ter actuado nessa mesma noite, este são apenas alguns episódios de uma carreira de dedicação e resiliência e infelizmente passaram também pelo período mais conturbado que viveram enquanto banda aquando da prisão de Randy Blythe, acusado de ter sido culpado pela morte de um jovem durante um concerto em Praga. 
Após ter estado encarcerado, Randy vai a julgamento e é dado como exonerado e absolvido de todas as acusações, esta história foi contada num livro da autoria de Randy Blythe, intitulado "Dark Days" e que eu há já muito tempo que o quero ler e hei-de ler, assim que o encontrar disponível.
Se quiserem mais sobre o livro e sobre tudo o que aconteceu recomendo firmemente esta entrevista da Loudwire e o documentário As The Palaces Burn, vou deixar-vos com o trailer:


A banda resistiu a tudo e é hoje graças à sua resiliência um dos maiores nomes no espectro do Heavy Metal mundial surpreendendo tudo e todos a cada lançamento, não há um mau álbum em toda a sua discografia. 
Foi incrível poder ter tido finalmente a oportunidade de ver os Lamb Of God em 2019, já há muito que ansiava a sua vinda a terras lusas e finalmente as minhas preces foram ouvidas e por isso mesmo escolhi despedir-me com um vídeo do incrível Circle Pit no qual estivo metido no VOA.