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Final Veredictum: Lorna Shore - Immortal


O último dia de Janeiro de 2020, trouxe-nos um diamante em bruto de Deathcore, Immortal, o terceiro álbum de estúdio dos Lorna Shore.
Os Lorna Shore são uma banda americana oriunda de New Jersey, com uma sonoridade Deathcore com fortes influências de Death e Blackened Death.
A banda é atualmente composta pelos guitarristas Adam De Micco e Andrew O'Connor e pelo baterista Austin Archey. As vozes presentes em Immortal são de CJ McCreery ex-vocalista da banda que foi convidado a sair após se ver envolvido num caso de alegada agressão sexual.
No Not'Abaixo o que nos importa é a música e não o que as bandas fazem ou deixam de fazer, especialmente quando não existem provas factuais que comprovem as alegações, por isso vamos analisar este álbum como um todo e no seu estado puro, fazendo referência obviamente às vozes, apesar de os Lorna Shore atualmente continuarem sem CJ McCreery.


"Immortal" abre logo a rasgar e para mim começamos com o pé direito, pois esta é, não só a primeira música do álbum, como é também a minha favorita e isso é dizer muito de um álbum que contém uma beleza lúgubre e complexidade no peso, conseguidas através de melodias grotescas.
"Immortal" consegue ser uma música melódica e simultâneamente atingir níveis de peso abismais, onde os Lorna Shore nos demonstram traços de genialidade e técnica a nível instrumental, mas também revelam-nos um vocalista que parece ter um demónio interior, capaz de expurgar alguns dos melhores Low Growls e Fry Screams que eu já ouvi. 


Segue-se "Death Portrait", uma música que quando inicia mais parece uma montanha russa em termos rítmicos veloz, lenta e pesada é assim que caracterizo a secção rítmica de Death Portrait.
A bateria é um dos destaques desta  música, que mais uma vez mostra a versatilidade e vasta técnica que Austin Archey possui.
E o solo de guitarra? Melodia, técnica e peso mais uma vez as bandas da nova escola a provarem que solos de guitarra e Deathcore podem andar de mãos dadas.
Só para avisar que os últimos 30 segundos podem ser fatais de tão pesados que são, isto sim é um breakdown!


"This Is Hell", acreditem ou não foi a primeira música que ouvi desta banda e conquistaram-me logo. 
A primeira coisa que pensei foi, é impossível esta banda ser capaz de ultrapassar os níveis de peso desta música...
A velocidade com que é vociferada a letra desta música é algo sobre-humano. Os Lorna Shore provam aqui que estão noutro nível no que toca a bandas de Deathcore. 
Encerra com um breakdown cataclismico, onde parece que se abriram os portões do inferno, lúcifer rosnou e todos se renderam, que poder que esta música possui!


"Hollow Sentence" começa com umas notas de órgão e um coro angelical que se ouve por detrás da voz demoníaca de CJ.
Breakdowns em abundância, blast beats, riffs técnicos e pesados e uma grande inclusão de órgão que vem dar uma maior densidade, melodia e grandiosidade à música. 


Em "Warpath Of Desease" não posso deixar de realçar a incrível técnica demonstrada por Austin Archery na bateria que em simultâneo com o chorus melódico e um CJ Mcreery pocesso no microfone combinam muito bem, numa das músicas mais épicas de todo o álbum e como não podia deixar de ser mais um espantoso trabalho de guitarra.
Como um todo uma música atmosférica, épica e que além de ser pesada  tem uma grande componente melódica.


"Misery System" é uma das mais grotescas músicas do álbum, que combina os guturais cavernosos de CJ Mcreery com excelentes momentos de orquestralidade e riffs devastadores por parte das guitarras. 
O breakdown a meio da música dizima-nos completamente.


"Obsession" começa com um crescendo das guitarras que vai antevendo mais uma música demolidora e sem exceção à regra os Lorna Shore voltam a entregar-nos mais uma excelente música que do início ao fim sufoca-nos com um peso abismal.
"Obsession" tem um toque de loucura na forma como é repetida várias vezes a palavra obsessão ao longo da música e que nos demonstra os efeitos nefastos que a perda da sanidade mental têm na deterioração de um ser humano, revelando uma paranoia com o medo de morrer e criando uma obsessão em que o hóspede desta obsessão fica preso dentro seu corpo e refém da sua frágil mente, vendo apenas os dias passarem diante de si, até ao seu último suspiro.


A tirania da manipulação para controlo das massas inspirou a letra de "King Ov Deception", uma letra que espelha os tempos atuais e a forma como somos completamente manipulados por quem nos comanda e deveria defender os nossos interesses, mas em vez disso privilegia os seus.
A bateria entrega-nos velozes blastbeats, acompanhados de riffs de guitarra velozes, ferozes e repletos de melodia, onde a banda demonstra um incrível nível de versatilidade e técnica servindo-se inclusive de um surpreendente, mas breve solo de guitarra, que ajuda a trazer uma nova dinâmica a esta música, que é sem dúvida um dos destaques de todo o álbum.


"Darkest Spawn" refere a podridão de uma sociedade que se vê envolvida nas trevas, sem valores, sem ligações, traidora para com os da sua própria espécie, verdadeiras serpentes repletas de veneno prontas a envenenar o próximo em busca do lucro ou de proveito próprio, envenenados pelo egoísmo e vidrados em si mesmos, sem olhar ao seu redor.
Começando com uma secção sinfónica e reflexiva, concedida através de umas fortes notas de orgão, é rapidamente interrompida pelos guturais de CJ Mcreery que expurga a letra, repleta de uma crítica acutilante, acompanhado por guitarras que derramam riffs que estão a um nível musical superior ao que normalmente ouvimos, mostrando a soberania e técnica musical que os Lorna Shore nos proporcionam, numa música simplesmente devastadora!


"Relentless Torment" é a última música deste Immortal e à semelhança de Obsession vem referir um tormento compulsivo que impede o ser atormentado de prosseguir com a sua vida e sente-se eternamente amaldiçoado, apesar do tormento ter um fim, mas para o hospede deste vil sintoma, esse fim não se avista.
Através das oscilações entre as guitarras e secção rítmica e também munidos de um orgão que claramente enche a música de uma atmosfera grandiosa, os Lorna Shore conseguem demonstrar sonicamente as diferentes etapas do tormento sentido por quem leva os seus dias hospedeiro de uma doença mental e do desespero e sufoco que é viver esta realidade.