Final Veredictum: Van Canto - To The Power Of Eight
Formada em 2006, a banda alemã Van Canto trouxe
para a música uma proposta ousada de fazer Heavy Metal Acappella, tendo como
instrumento em sua formação apenas uma bateria, sendo toda a harmonia feita com
as vozes dos integrantes do grupo. Algo ousado que no fim deu tão certo, que
agora em 2021 a banda lançou o “To The Power Of Eight”, seu oitavo trabalho de
estúdio.
Novo álbum esse que veio com um gosto especial para
os fãs, por trazer de volta, mesmo que temporariamente, o vocalista Philip
Dennis, ou “Sly” para os mais íntimos, em todas as faixas. O cantor e
co-fundador deixou o grupo em 2017 por questões pessoais, tendo agora
participado do “To The Power Of Eight” como “convidado”.
Além de Sly, o álbum contou com a seguinte
formação: Hagel, Inga Scharf, Stef, Ross Thompson, Jan, Ike (todos esses
vocalistas), e o baterista Bestian Emig.
O trabalho é aberto como a faixa-título, que na
verdade é uma intro, que serve principalmente para animar os fãs,
principalmente no momento em que a voz de Sly fica em evidência.
Logo em seguida, temos uma explosão com a faixa
“Dead By The Night”, que chega metendo o pé na porta. E já aqui destaco o ótimo
trabalho de harmonia vocal da banda, pois com um ótimo preparo dos cantores,
juntando com o peso da bateria, eles conseguiram fazer músicas cheias de
energia, mesmo sem contar com guitarras em sua formação.
Em seguida, temos a épica “Faith Focus Finish”,
faixa essa onde a vocalista Inga Scharf fica em mais destaque, tendo momentos
onde Sly e Hagel dividem o segundo plano, fazendo uma ótima variações de vozes.
Em “Falling Down” temos essa que chamo de “a música
do Sly”, não só por ele ter tido mais destaque nessa, como também pela forma
que o mesmo conduziu a música, fazendo com que a canção tivesse a potência
merecida.
Logo após, perdemos um pouco de peso na “Heads up
High”, mas ainda mantendo a intensidade, passando longe de ser uma balada,
mesmo com a harmonia sendo menos potente.
E chegamos no primeiro cover do trabalho (porque
além das autorais, o Van Canto sempre lança algumas releituras de clássicos do
Rock em formato acappella nos seus álbuns), sendo esse o mais ousado que a
banda se propôs se fazer até hoje, se tratando a música “Raise Your Horns”, do
Amon Amarth.
Por se tratar de uma música mais extrema (mesmo
Amon Amarth não sendo o mais extremo das bandas de Death Metal), talvez a
combinação de vocal gutural com harmonias de voz não tenha encaixado bem, por
ser algo que fica melhor ao som de fortes distorções de guitarra.
Em “Turn Back Time” temos a única balada do
trabalho, que ficou ainda mais bonita com a ajuda das harmonias vocais, além do
brilho natural que o próprio Sly consegue dar com a sua voz.
Chegando em mais um cover, sendo essa da música
“Run To The Hills” do Iron Maiden, nesse o Van Canto conseguiu fazer uma versão
tão boa quanto a original, mesmo com os próprios elementos. Destaque para o
solo vocal, que é facilmente confundido por uma guitarra de verdade pelos mais
desavisados, e também para a performance de Inga, dando completa perfeição para
a faixa.
“Hardrock Padlock” no início chega a lembrar um
pouco a melodia do refrão de “Bad Of Nails”, do álbum “Break The Silence”, de
2011, o que ocorre por conta do “efeito Sly”, isso mais uma vez se tratando de
uma canção com menos peso, mas que ainda assim passa longe de ser uma balada.
Em “Thunderstruck” temos um exemplo onde o cover
supera o original, já que o Van Canto conseguiu não só reproduzir a canção tão
bem quanto o AC/DC faria, como ainda colocou mais elementos do que a banda
criadora da canção conseguiria (e mais uma vez, os desavisados vão achar que há
guitarras de verdade aqui).
“From The End” é mais uma música épica e bastante
enérgica, fechando com chave de ouro a parte autoral do disco, mas não ainda o
álbum por si só.
O grande encerramento do “To The Power Of Eight”
veio com o excelente cover de “I Want It All”, do Queen, executado de uma forma
que o próprio Freddie Mercury ficaria orgulhoso.
No geral, é incrível ver como o trabalho do Van
Canto é bem feito, principalmente as harmonias vocais, já que é algo que exige
muito preparo musical e físico, já que qualquer erro de qualquer um dos
cantores pode acabar atrapalhando tudo. E isso tudo é feito de uma forma que a
gente não sente falta das guitarras, ou até se ilude achando que elas estão lá.
01 To The Power of Eight 02 Dead By The Night 03 Faith Focus Finish 04 Falling Down 05 Heads Up High 06 Raise Your Horns (Amon Amarth cover) 07 Turn Back Time 08 Run To The Hills (Iron Maiden cover) 09 Hardrock Padlock 10 Thunderstruck (AC/DC cover) 11 From The End 12 I Want It All (Queen cover)