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Final Veredictum: Downfall Of Mankind - The Path Of Human Existence & Fear The Lord - South Scythe



Hoje o Not'Abaixo traz-vos peso em dose dupla vamos mergulhar no Underground Nacional e analisar duas das bandas mais promissoras nos seus respetivos géneros.
Agora como me encontro em teletrabalho e o tempo não é muito, além de álbuns de maior dimensão, tenho explorado muitos álbuns de menor duração e EP's, estes dois trabalhos nacionais são exemplo disso.

Comecemos pelos Downfall Of Mankind e o seu novo álbum de estreia, intitulado, "The Path Of Human Existence" editado pela Raising Legends a 14 de Novembro deste ano fatídico, 2020.
A banda lisboeta de Slamming Deathcore Sinfónico é composta por Lucas Bishop, Claudio Melo, Sérgio Páscoa, Flávio Almeida e Diogo Mota.






"The Path Of Human Existence" abre o álbum logo com toques orquestrais que demonstram o lado sinfónico da banda, mas que rapidamente são dilacerados na segunda música "Agony", que irrompe com um crescendo orquestral que junta a percursão e as guitarras a derramarem peso em níveis absurdos.


"Oblivion" tem breakdowns estupendos que nos arrasam completamente e a forma como é conjugado o peso e a melodia é algo de extraordinário que a nível nacional está a ser feito de forma inovadora por esta banda.


Em "Bow To The Crown" destaco logo a utilização do baixo que é ritmado e ouve-se na perfeição o que em bandas com este nível de peso nem sempre se verifica.
A técnica aliada à melodia são um dos pontos fortes desta banda e isso é logo demonstrado nos primórdios do disco.


"An Evolutionary Descendant" aborda temáticas como o caminho para a destruição da humanidade e a forma como o homem tem evoluído de forma regressiva, caminhando para a sua destruição causada pelas suas próprias mãos.
Os guturais desconcertantes e avassaladores de Lucas Bishop que conjugam pig squeals com guturais de cortar a respiração deixam-nos completamente abismados ao longo deste álbum e todos os toques de teclas que aqui são introduzidos ajudam a trazer uma harmonia e densidade surpreendentes ao peso cataclísmico que é derramado ao longo destas 6 faixas.


Para finalizar, a bonus track "They Shall Pay" fala sem dó nem piedade da forma como são chacinados animais para alimentar humanos.
Visceral, crua e impiedosa é uma música que serve de alerta para o consumismo exacerbado de produtos animais e é um grito de revolta pela forma e condições em que estes terminam a sua vida.





A inovação que aqui é trazida tem de ser referida, os Downfall Of Mankind destacam-se das restantes bandas underground por esta combinação de Slamming Deathcore com o seu lado sinfónico carregado de melodia.
Apesar deste estilo estar bem representado a nível internacional é algo que cá não tínhamos, muito menos com a qualidade que é apresentada logo neste primeiro trabalho de estreia. 
Existe espaço para crescer e evoluir mas as bases que aqui estão já têm um nível de qualidade surpreendentes.

Os Downfall Of Mankind vão ser a banda de abertura no concerto de apresentação do álbum Coma dos Vella editado também pela Raising Legends e que terá lugar no Theatro Club no Cacém a 24 de Janeiro de 2021. Se não puderem estar presentes ou quiserem ir já com uma t-shirt ou uma camisola vestida basta irem à loja oficial da banda.




South Scythe é o primeiro trabalho de estúdio dos Fear The Lord, banda com raízes vincadas no Hardcore e na Margem Sul. O EP foi editado pela No Exceptions Records a 19 de Maio.
O alinhamento da banda na altura da gravação de South Scythe era composto por Rafa, Fábio, Gates, Pedro e Manu.
O seu primeiro trabalho foi o EP Crownbreaker disponível apenas digitalmente e produzido de forma mais DIY, que contava na música "Countermove" com a participação especial de Daniel Maya dos Fortune Teller, banda de Metalcore oriunda de Cascais, com quem já partilharam palco.
Com um hardcore que conjuga as vivências da Margem Sul, o  graffiti e a cultura Hip Hop, a banda apresenta em South Scythe um retrato da cultura urbana. 

Fotografia da autoria de xsaladxdaysx

O EP entra logo a abrir com "Behind Christ" uma música que logo cedo mostra as influências do 
Hip Hop no som de Fear The Lord.
Ouvimos Rafa Silva a conjugar os guturais com um fast flow agressivo em português e dá-nos as boas vindas a South Scythe. 
A bateria é pujante e ritmada, bem como as guitarras que nos entregam riffs bem pesados.


"NMA (Negative Mental Atitude)" prima pelo ritmo alternado e conta com umas excelentes linhas de baixo, a bateria é tocada com toda a força e os breakdowns são pesadíssimos, o que para quem já conhece a banda, não surpreende, o que surpreende sim é a construção musical que aqui demonstra ser mais complexa e nota-se o trabalho extra que aqui foi colocado para que este EP visse a luz do dia.


"Southside" conta com a participação de Dice dos Steal Your Crown e é a música mais inovadora de todo o EP, pois junta a velha e a nova escola do Hardcore nacional numa faixa fiel às raízes mas com os olhos colocados no futuro.
Uma ode à cultura da Margem Sul, onde a banda cresceu e nota-se que é o rio que atravessa a ponte que lhes corre no sangue pela forma orgulhosa como mostram as suas origens.


"Dance Macabre" é a música mais surpreendente de South Scythe pois tem um ritmo dissonante e aborda a temática da depressão e a forma macabra como nos deixa completamente desorientados e destrói tudo o que nos rodeia.


"The Judas Finger" traz como convidado especial Felipe Aleman dos Brothers Till We Die. 
Os vocais rasgados de Rafa Silva conjugados com os guturais de Felipe resultam bastante bem e a melodia e peso aliam-se de forma espetacular que faz com que esta faixa seja um dos destaques deste primeiro trabalho de estúdio dos Fear The Lord.
O Breakdown está noutro nível graças à entrega das guitarras e da bateria que aqui têm como objetivo abrir o pit e despoletar o crowdkill nos concertos ao vivo.


"Rope By The Neck" começa com uma sonoridade mais arrastada mas que no decorrer da música vai ganhando velocidade em crescendo.
O ritmo é convidativo ao two step e o andamento da música é bastante dinâmico, as guitarras combinam peso e técnica e a bateria acompanha.
Novamente, os breakdowns não deixam pontas soltas.


Scythe to The Tyrant fecha o EP de forma curta mas eficaz, guitarras recheadas de distorção e com um andamento lento, arrastado e pesado para encerrar de forma devastadora.



Os Fear The Lord mantêm-se fiéis às suas raízes mas trazem bastantes novidades, mostram-se uma banda mais coesa, com ideias bem definidas e uma identidade própria, esperamos agora um álbum com maior dimensão, pois não tenho dúvidas estão entre as bandas que são o futuro do Hardcore nacional.
Apoiem a banda e visitem a sua loja oficial.