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Xplore The Classic: Lamb Of God - New American Gospel


A primeira vez que ouvi Lamb Of God acreditem ou não foi através do jogo Tony Hawk's Underground 2 e foi a primeira música deste álbum, Black Label, enquanto jogava na PS2 na casa dos patrões da minha mãe, posso-vos dizer que sem essa influência talvez hoje não sentisse o que sinto pela música pesada.
Esta foi a forma como fui introduzido à música destes gigantes do Metal os Lamb Of God, tenho 22 anos e este álbum foi lançado há 20 anos atrás e  é sem dúvida um marco na história do Metal e por essa e tantas outras razões o Not'Abaixo decidiu homenageá-lo com este Xplore The Classic especial aniversário de 20 anos.


Black Label é a música que abre o álbum e logo aí os músicos de Richmond Virgínia mostram as suas profundas influências no Hardcore e Punk.
É uma música altamente contagiante, pesadíssima, tal como todo este álbum, repleta de riffs vorazes que nos agarram pelo pescoço e sufocam-nos com batidas de bateria que não cessam do inicio ao fim desta que para mim é a melhor música do álbum inteiro.


A Warning para mim é uma música de Hardcore que tem muitos elementos cross-over entre vários géneros, algo que viria a compreender melhor mais tarde após perceber e ler sobre toda a diversidade de géneros que inspirou cada um dos membros da banda ao longo da sua carreira e também a diversidade músical que fizeram nos seus percursos a solo ou em projetos secundários.


Letter To The Unborn mostra-nos as influências de Thrash Metal e principalmente de Slayer que são uma das maiores influências dos Lamb Of God e é incrível pensarmos que tocaram inúmeras vezes com uma das bandas que mais os influenciou em toda a sua carreira e acabaram por construir uma amizade para a vida com os seus ídolos.


Em In The Absence Of Sacred os Lamb Of God mostram mais uma vez as suas raízes do hardcore, mas é ao combinarem os guturais cavernosos de Randy Blythe com breakdowns abismais na segunda parte da música que me conquistam.


The Black Dhalia desvenda-nos algumas marcas características dos Lamb Of God que conhecemos atualmente, pois A Warning, In The Absence Of Sacred e Letter To The Unborn ainda têm aquele estilo rispido pós Burn The Priest mas nesta música apesar de ainda não terem ainda uma identidade bem definida e deste ser um álbum experimental já mostram bastantes traços de genialidade e uma presença inigualavél com breakdowns de cortar a respiração e riffs com algum grau de complexidade.


Terror and hubris in the house of Frank Pollard é uma música bastante diferente de tudo o resto que encontramos neste álbum. 
Escrita em honra de Frank Pollard, artista e amigo de Randy Blythe.
Abranda um pouco o ritmo em relação às anteriores, mas não é por isso que perde o peso pois com menos velocidade dá espaço para uma sonoridade mais arrastada.
Temos aqui como guest vocalist Steve Austin, não não é o Stone Cold Steve Austin do WWE, mas sim o vocalista da banda de Noise/ Grind, Today Is The Day, que curiosamente também apareceu como convidado na música Resurrection #9 que integra o primeiro álbum de Burn The Priest.



The Subtle Arts Of Murder And Persuasion começa com um riff desconcertante e depois rebenta assim que Randy Blythe nos desvenda o seu canivete suíço vocal, este que é para mim e para muitos um dos melhores vocalistas com uma das vozes mais características e versáteis do género e apesar de aqui ainda ouvirmos os primórdios, já existe aqui a utilização de diferentes técnicas guturais desde growls a fry screams e que considero serem os primeiros passos para um legado inquestionável.


Pariah começa de forma dissonante à semelhança da música anterior e depois vê os Lamb Of God progredirem de forma abrupta para um riff em crescendo, com uma bateria pujante e com Randy Blythe a vociferar a plenos pulmões com um vocal seco e caustico. Notam-se as fortes raízes do Punk e do Hardcore presentes nesta música, o baixo de John Campbell é bastante audível e a bateria de Chris Adler tem alguns momentos de estupendos blast beats que nos tiram completamente o fôlego.


Confessional começa com um solo de bateria e depois temos o baixo de John Campbell mais uma vez a aparecer subtilmente isto tudo enquanto se nota um rápido crescendo em que a banda claramente vem com a intenção de dizimar.
No meio da música temos um momento absurdo em que Randy Blythe explode juntamente com a bateria e em sintonia o gutural conjugado com os blast beats é qualquer coisa de extraordinário e só provam que logo no seu primeiro álbum de estúdio os Lamb Of God já tinham bem definido que se queriam demarcar das demais bandas, apesar de apenas nos álbuns seguintes virem a definir melhor a sua identidade. 


O.D.H.G.A.B.F.E é a música que encerra este álbum pesada e cáustica quanto baste não deixa pedra sob pedra, tem alguns momentos bastante experimentais, as guitarras gemem devido à velocidade dos riffs a que são submetidas, a bateria ecoa de forma explosiva e Randy Blythe vem deitar a casa a baixo com os seus guturais cavernosos, secos e com um range vocal absurdo passando de lows a frys num estalar de dedos.
Além de todo o peso, em momento algum se perde a melodia e isso requer técnica e essa é uma caraterística que até neste que é o primeiro registo de Lamb Of God já estava bem presente e que sem dúvida é um dos factores que os levou a tornarem-se nos ícones do Heavy Metal mundial que são hoje e cujas raízes foram construídas em New American Gospel.