Final Veredictum - HochiminH - THIS IS HELL
Álbum: This is Hell
Data Lançamento: 31 Janeiro 2021
Editora: Self Released
Artwork por: Gustavo Sazes
Género: Único e pesado q.b.
Aqui estou eu, para uma colaboração especial com o Not'Abaixo, para vos trazer uma análise ao mais recente álbum dos HochiminH, o This Is Hell. Antes de mais, a minha gratidão para a equipa do Blog Mais Pesado, que, apesar da minha saída, manteve a porta aberta para que eu pudesse sempre regressar, ou para fazer colaborações mais especiais. Esta análise prende-se principalmente com o facto de ter elaborado a discografia vitae da banda, e tinha ficado a promessa que voltaria para a atualizar assim que saísse o álbum. Vou dispensar aqui falar sobre as origens da banda, ou similares e, se vocês desejarem e realmente for uma banda que não conhecem? Consultem aqui a discografia vitae.
Bem, que posso eu dizer sobre o álbum, que já não tenha sido dito e redito por outras equipas e blogs? Posso começar com o óbvio. A banda experimentou, criou e apresentou algo que não é propriamente a sonoridade "hochiminiana", que muitos conhecem, mas ao mesmo tempo são. Eles estão ali.
A abrir o álbum, temos logo a "Break It", que tem um som tão metálico e agreste, que te atinge à bruta os sentidos. Os instrumentos descarregam a raiva e aquelas pancadas, pura fúria. A voz sempre a rasgar o ar e aquela parte da voz demoníaca no fim? Segurem-se. Seguimos para a frente e, sem piedade levamos com a "Wasted". Da voz que vocifera e que está tão cáustica, que nos censura pelo desperdício, ao som em si, tão contundente, com variações dentro do ritmo que nos agarram logo ali. Ou se ama ou se odeia. Não há meio termo com esta malha. Aquele ritmo que nos faz bater com o pé e abanar a cabeça. O baixo está maravilhoso, sem desprezar o trabalho de bateria. "Instant Favourite" e Bomba Sonora "indeed".
Algo se passou na mente desta banda, quando criaram o álbum, que nos decidiram presentear com: não um, nem dois, mas com três interlúdios - "I Guess You Know, Staring At You, Deep But Close" - que a mim me cativam imenso, continuo a sentir que é a alma de HochiminH presente ali, no álbum, inserida (além de em todos os temas) e aqui muito mais destacada: a programação. As "machines", como são carinhosamente apelidadas pelo seu programador. Esta será a tão afamada componente Industrial da banda. E, atrevo-me a dizer que estão espelhados em todos os Interlúdios refrões de três temas. De génio.
WASTED
Temos aqui de seguida um valente duo."Let Them Suffer" e "Stay Away". Somos bombardeados com uma vocalização agressiva, que quase nos apaga e martelados com um baixo e uma bateria de atordoar até o mais forte. Aquelas cordas atordoam mesmo. Qualquer baixista que se preze vai adorar esta malha. Temos, depois, a grata surpresa de termos, com a "Stay Away", um tema que a banda apelida de "Ashes V2 baseada na Reload", veloz e melodiosa, com uma sonoridade e ritmo nas guitarras, tão característico de HochiminH, e com a participação especial de Eddie, vocalista dos Hills Have Eyes, que, ao juntar os seus berros contundentes, aos tão característicos berros roucos do vocalista de HochiminH, dá "zazz" ao tema e eleva imenso a fasquia do que é ter dois vocalistas tão diferentes a colaborarem, e a tornarem este tema num tema único dentro do álbum. O ritmo que tem é viciante. E aquele "Stayyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyy" aos 3.13? Impagável e de assustar gazelas.
LET THEM SUFFER
Estávamos já nós "maltratados", com tal brutalidade sonora que nos acompanhava até aqui, que, desculpem, nem os interlúdios nos salvaram, somos impiedosamente perfurados pelo som mais "in your face" do álbum. A "Paralyse" destila fúria por todos os poros. Atinge os ouvidos de uma maneira especial. Rotativas, engrenagens, aquele som em parafuso e a pura agressividade em estado liquido das vocalizações. É o tema da pujança. Garantido que quem gosta de sons mesmo pesados, vai gostar bastante. Agora, será que no alinhamento levaram em consideração o nos terem atirado com toda esta agressividade e, após nos terem pregado um "sermão" com o tema anterior, quiseram mimar-nos?
"Crawling". Pérola. Ritmo. Som. Velocidade. Que tema. A verdadeira lufada de ar fresco no álbum. Um mimo aos ouvidos. Metal na mesma, mas tão harmonioso. Tem kick e poder na mesma, com aquelas guitarras e que eu adorava dizer-vos: "que ritmo alucinante". Como não nos perdermos no ritmo dela? A voz de Skatro aqui está com aquilo que sinto de três tipos de vocalizações. Os berros roucos. Aqui e ali algo mais gutural e aqueles melódicos maviosos e alongados. As comparações a um determinado vocalista serão inevitáveis, mas garanto-vos que tem a ver com serem do mesmo espectro vocal. São vozes diferentes, mas que atingem as mesmas frequências. Um ouvido mais apurado sente as diferenças. Vá, corram lá a ouvir e digam lá se não tenho razão?
CRAWLING
Continuem a acompanhar-me, porque a viagem ainda não terminou. Na sequência da "Crawling", entra em cena a "Scars" e, estando nós maravilhados com aquela entrada tão melódica e épica, que nem estávamos preparados para a tareia sonora que veio a seguir. O tema que é um carrossel, que nos leva a viajar em emoções. Tanto na voz, como no instrumental, sente-se a raiva e desprezo aos momentos iniciais, aos berros a seguir que soam a aviso, até às partes melódicas, com aquele coro brutal "We all look at the Stars", de arrancar suspiros até ao mais empedernido. Quem é que não se vai identificar com isto? Inspiradora e bombástica.
Estando-nos nós a recompor ainda, entra o tema. O tema que também deu nome ao álbum. A faixa "This Is Hell". Eu poderia dedicar um artigo completo a falar deste tema, dada a sua não aparente complexidade na forma como está construída. Mas este tema tem camadas. Escutem com atenção que irão perceber isso. Mas vá, vale mais falar do que faz sentir. Começa de forma prometedora e, para quem não sabe, em Agosto de 2019, Skatro levou os seus filhos, Guilherme e Gonçalo, para as gravações das vozes e imortalizou-os neste álbum através deste tema, porque, nas partes "Find Yourself, This Is Hell" são eles três em coro a cantar isso. Podem espreitar AQUI.
O tema contém uma mensagem muito poderosa, a sonoridade é complexa, mesmo a nível de ser algo associado ao metal em si. Procuro analogias ou termos comparativos e só me vem à mente "intrínseco", "frenético", fúria desenfreada". Somente o escutando entenderão. Amei aquele "whoaaa" aos 0.52. Adorei a passagem "Just burn, burn, this is hell", tanto da parte instrumental como da vocalização. E que dizer daquele final? Dos 2.55 até ao fim fiquei suspensa a ouvir a voz de Skatro a romper através da parte instrumental e via mesmo na mente tudo a arder em volta, com aquele "Make yourself at Home, feel the warmth, let it all burn" (a banda em todo o álbum esmerou-se nos finais).... assim que acaba, entra a faixa denominada de "Let It All Burn", que é o culminar da história que o álbum contou, não um interlúdio, mas o encerrar do capítulo. Este trecho é um trecho em piano, tocado pelas mãos do Pianista Fernando Pessanha, que participou aqui a convite da banda.
Um fecho de ouro para um álbum tão esperado durante dois anos e que me deixou já ansiosa pelos próximos trabalhos, porque de certeza que lhe tomaram tanto o gosto a se reinventarem, que aposto que vem aí a próxima evolução de HochiminH e eu vou estar lá para ver.
THIS IS HELL
Atribuição da pontuação 5 caveiras em 5, porque este álbum tem tudo para mim. Pela enésima vez gostaria de dizer que a banda, para mim, não se limitou a chegar a um estúdio para escrever ou compor mais música, só porque lhes dava jeito ou por capricho. Dedicaram o seu tempo, a sua atenção e esforço a inovar, a experimentar e a tentar trazer novidades e mesmo poder cativar mais pessoal, demonstrando que ainda estão aí para as curvas, e foram inclusive atrás de novas sonoridades a roçar o mais pesado e obscuro q.b. tanto nos instrumentos, como nas vocalizações. Foi e é em absoluto um álbum com um rodízio de sonoridades, capaz de nos colocar os sentidos todos a abanar.
VÁ CARVÃO!!
Agora permitam-me fazer de advogada do diabo e informar que a banda tem cd's do álbum para venda, podem sempre contactar pela página do facebook aqui. Têm também merchandising à venda, que podem ver aqui
Podem encontrar o álbum online em: You Tube Music e Spotify
Segue os HochiminH nas suas redes sociais:
English
Here I am, for a special collaboration with Not'Abaixo, to bring you an analysis of HochiminH's latest album, This Is Hell. First of all, my gratitude to the “Heavier Blog” team, which, despite my departure, kept an open door so that I could always return, or to make special collaborations. This analysis is mainly related to the fact that I had worked at the discography vitae of the band, and I promised that I would return to update it as soon as the album came out. If you want to read about the origins of the band, or similar check the discography vitae posted in the blog.
Well, what can I say about the album, which has not been already said by other teams and blogs? I can start with the obvious. The band experimented, created and presented something that is not exactly the "Hochiminiano" sound that many know, but at the same time it is. Their essence is there.
Opening the album, we immediately have "Break It", which has such a metallic and harsh sound, that it strikes your senses brutally. The instruments discharge all the anger and those blows that we listen in it, pure fury. The voice always tearing the air and that part of the demonic voice at the end? Hold yourselves. We move on and without mercy we are hit by "Wasted". From the voice that roars and that is so caustic, that censors us for the wasted time, to the sound itself, so forceful, with variations within the rhythm that grab us right there. You either love or hate it. There is no middle ground with this theme. Has a rhythm that makes us tap with our feet and shake our heads. The bass is wonderful, without putting aside the drum work, that excels. Instant favourite and Sonoric Bomb indeed.
Something happened in the mind of this band, when they created the album, in which they decided to give us: not one, not two, but three interludes - "I think you know, looking at you, deeply, but close" - that captivate me immensely, I still feel that it is the soul of HochiminH present there, on the album, inserted (in addition to all the themes) and here much more prominent: the programming. The "machines", as they are affectionately called by their programmer. This is the famous Industrial component of the band. And, I dare to say that are mirrored in each of the interludes, choruses of three themes. Genius.
Here we have a brave duo: "Let Them Suffer" and "Stay Away". We are bombarded with an aggressive vocalization, which almost extinguishes us and we are hammered with the bass sound and a with drumming to stun even the strongest. Those strings really stun. Any self-respecting bass player will love this theme. Then, we have the pleasant surprise of having, with "Stay Away", a theme that the band calls "Ashes V2 based on Reload", fast and melodious, with a sound and rhythm on guitars, so characteristic of HochiminH, and with the special participation of Eddie, vocalist of Hills Have Eyes, who, by joining with his blunt screams, to the characteristic roaring screams of the vocalist of HochiminH, gives "zazz" to the theme and greatly raises the bar of what it is to have two vocalists so different in collaboration, and making this theme a unique theme within the album. The rhythm is addictive. And that "Stayyyyyyyyyyyyyyyyyyyyy" at 3.13? Priceless and awesome.
We were already "mistreated", with such a sonorous brutality that accompanied us until now, that, so sorry, not even the interludes saved us, we are mercilessly pierced by the most "in your face" sound of the album. The "Paralyse" distills fury through every pore. It reaches our ears in a special way. Rotating, gears, that screw sound and the pure aggressiveness in the liquid state of the vocalizations. This is the powerful theme from the album. Guaranteed that those who like heavy sounds, will like it a lot. Now, in the line-up, did they take into account that they threw us all this aggressiveness and, after they gave us a "sermon" with the previous theme, did they want to spoil us?
"Crawling". Pearl. Rhythm. Sound. Speed. What a topic. The real breath of fresh air on the album. A treat for the ears. Metal anyway, but so harmonious. It has kick and power in it, with those guitars and I would love to tell you: "what a crazy rhythm". How can we not get lost in it’s rhythm? Skatro's voice here has what I feel three types of vocalizations. The roaring screams. Here and there something more guttural and those clean and elongated cleans. Comparisons to a particular vocalist will be inevitable, but I assure you that it has to do with being on the same vocal spectrum. They have different voices, but they reach the same frequencies. A more refined ear will feel the difference.
Stay with me, because the journey is not over yet. Following the "Crawling", "Scars" enters the scene and, while we are being amazed with that entrance so melodic and epic, that we were not even prepared for the sound beating that followed. The theme that is a merry-go-round, that takes us to travel in emotions. Both in the voice and in the instrumental, one feels the anger and contempt in the initial moments, the screams of warning that follow or even the melodic parts, with that brutal chorus "We all look at the Stars". Who is not going to identify himself with that? Inspiring and bombastic.
It’s time for the theme that also gave the album its name. The track "This Is Hell". I could dedicate a complete article to talk about this topic, given its not apparent complexity in the way it is built. But this theme has layers. Listen carefully that you will realize this. It starts promisingly and, for those who don't know, in August 2019, Skatro took his sons, Guilherme and Gonçalo, for the recordings of the chorus voices and immortalized them in this album through this theme, because, in the parts "Find Yourself, This Is Hell "are the three of them in chorus singing it. You can take a peek HERE.
The theme contains a very powerful message, the sound is complex, even in terms of being associated with the metal itself. I look for analogies or comparative terms and it only comes to mind "intrinsic", "frantic", unbridled fury ". Only listening to it will people understand. I loved that" whoaaa "at 0.52. I loved the passage" Just burn, burn, this is hell ", both the instrumental part and the vocalization. And what about that ending? From 2.55 to the end, I was suspended listening to Skatro's voice breaking through the instrumental part and I indeed saw in my mind everything burning around, with that "Make yourself at Home, feel the warmth, let it all burn" (the band throughout the album delivered great endings in the themes) .... as soon as it ends, the track called" Let It All Burn ", which is the culmination of the story, enters to finish the story that the album told, not an interlude, but as the ending of the chapter. This piece is on piano, played by the hands of the Pianist Fernando Pessanha.
Assigning a score of 5 skulls out of 5, because this album has everything for me. Would like to say again that the band, for me, did not limit itself to arriving at a studio to write or compose more music, just because it helped them or on a whim. They devoted their time, attention and effort to innovate, experiment and trying to bring new things and even be able to captivate more people, demonstrating that they are still there for the long game, and even went after new sounds touching the heavier and the darker, both in instruments and in vocalizations. It was and is absolutely an album capable of making our all senses tingle.