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Final Veredictum: Ektomorf - Reborn

 



Finalmente chegaram os lançamentos de 2021 e hoje vamos ver o mais recente trabalho de uma banda de Thrash Metal húngara - Ektomorf. De salientar que descobri estes senhores no ano de 2018 quando ouvi um dos seus temas chamado "Prophet Of Doom" e acabei por dar por mim a procurar toda a sua discografia.

A banda foi formada na Hungria no ano de 1994 pelo seu guitarrista e vocalista, Zoltan "Zoli" Farkas. Zoli ao crescer, sofreu na pele a discriminação por ser de uma etnia diferente, no entanto refugiou-se no Thrash Metal e criou um dos grupos mais coesos da música pesada europeia. Atualmente os Ektomorf são formados por Zoli na guitarra e na voz, Szabolcs Murvai no baixo, Jozsef Szakacs na bateria e ainda Tamás Schrottner na guitarra.




Com grandes inspirações em bandas como Metallica ou Slayer, os Ektomorf começam 2021 com o seu mais recente álbum de estúdio, “Reborn”, e é sobre ele que vamos falar hoje. O novo álbum dos húngaros é composto por 8 faixas e é o primeiro editado pela austríaca "Napalm Records", tendo em conta que esta editora vende para o mercado português, vou aguardar religiosamente que este álbum seja posto à venda para o ter na minha coleção...


Começando com um tom mais pesado e cru, temos "Ebullition". O primeiro tema de "Reborn" começa com um som mais "Groove" a fazer lembrar os dinossauros do "Thrash Metal". Posso dizer que este tema podia muito bem estar num "Roots" ou num "Chaos A. D.". Os Ektomorf não pedem licença para assaltar e agredir os que ouvem a sua música - fazem-no e acabou-se! E depois o nome do tema "Ebullition" ou ebulição. A banda ferve com uma música de quase 4 minutos que dá vontade de ouvir mais acerca deste álbum. A letra não podia ser mais verdadeira, quanto mais opressão, mais fervemos com a raiva de querermos partir tudo. Excelente forma de começar "Reborn".





"Reborn" é o nome do tema "self-titled" do álbum e foi o primeiro a ser anunciado ao mundo no dia 12.11.2020. Eu próprio fiz um "Track Attack" para este tema e posso dizer que fiquei ansioso pelo dia de lançamento deste álbum. Munido de vários "riffs" e uma bateria estonteante, este tema bem podia ser um "remaster" das bandas de Thrash de onde as quais Ektomorf se inspira para criar a sua música. Com um solo brutal a fazer lembrar o estilo de "Master Of Puppets", é clara e notória a influência de Metallica na banda de "Zoli" Farkas e de que forma o músico tira proveito. Ektomorf inspira-se nos clássicos, mas mantém a sua identidade vincada. Este é, sem dúvida, um dos melhores temas do álbum.





 

Continuamos com "And The Death Will Walk". Com um andamento sinistro e com o início que mais parece um filme de suspense, a terceira faixa de "Reborn" fala de como um mundo está a perder a guerra contra os ideais pelos quais lutámos anteriormente e como nos tornámos uma espécie de "mortos-vivos" que seguem tudo sem questionar nada. O videoclip é gravado num cemitério, que reforça a ideia que a banda quer passar. É claramente um tema que tem algumas influências de Metallica. O início deste tema é muito semelhante ao de "The Thing That Should Not Be". Com baixo estonteante, o tema anda à volta deste instrumento. Foi o segundo tema disponibilizado pela "Napalm Records" para apresentar o novo álbum de Ektomorf.






Toda a gente sabe que as bandas e os artistas usam a sua forma de arte para expressar as suas ideias e muitas vezes para criticar as decisões que são tomadas. É o caso de "Fear Me". Uma música claramente com uma mensagem política onde Ektomorf criticam os ciclos da História e da Política. Sinceramente, este tema é talvez o mais importante deste álbum. Claramente uma "Wake-Up Call" ao mundo, que não lê ou aprende com a História e acaba por eleger líderes populistas que oprimem e impedem o livre pensamento, ou expressão.





Entramos na segunda metade do álbum. "Where The Hate Conceives" é o quinto tema de "Reborn" e temos uma introdução acústica que de repente irrompe para um tom mais pesado com as guitarras elétricas. No entanto, o riff desta música introduz uma letra que fala em como a humanidade falhou. Ektomorf lembra como nós, enquanto espécie, crescemos com os ideais da ânsia, do escárnio e do ódio - tudo fatores preponderantes na nossa autodestruição. Ao ouvir esta música com atenção parece que ouvimos o galopar dos quatro Cavaleiros do Apocalipse: a Fome, a Pestilência, a Guerra e a Morte.





"The Worst Is Yet To Come". Quando lês este título, pensas: "espera aí, então, mas...". Sim parece que temos a sequela da faixa anterior. Não tenho nada a acrescentar ao significado. Basicamente quando pensas que já apanhaste uma onda que te deitou abaixo e estás a levantar-te, vem outra que deita por terra o teu esforço... um tema menos agressivo no que toca à sua composição, mas talvez um dos mais pesados de todo o álbum.


 


"Forsaken" é o tema que se segue e é um instrumental com sete minutos. Os Ektomorf fazem com que este tema seja uma despedida daquele que é o 15 álbum de originais dos húngaros. Um tema com boas transições melódicas, riffs sugestivos, um bom solo e ainda uma boa presença do baixo. Mais uma vez, um tema com uma forte influência de Thrash e Groove Metal dos anos 80 e no 90. No entanto é um tema que acaba por ficar mal colocado na estrutura do álbum. “Forsaken” é claramente um tema que podia ser tocado como o último num concerto em que vemos as pessoas gradualmente a sair do recinto. Assim ficamos com o tema número sete de “Reborn” que antecede a última música do álbum que é literalmente uma bomba.




Uma bateria rápida e pesada, com guitarras a rasgar e um baixo que dá um tom mais pesado, temos "Smashing The Past". O tema que fecha Reborn é literalmente uma bomba. Mais uma vez fica provada as influências da banda no Thrash e Groove Metal dos anos 80. Uma coisa boa é que este tema assim que se ouve pela primeira vez, dá vontade de ir para o meio do "Pit" e partir tudo (as saudades dos concertos começam a falar mais alto). O mau, é que são apenas 3 minutos e meio. Uma música que bem podia ficar em qualquer parte do álbum, mas percebe-se a intenção. Ektomorf depois de uma entrada a "pés juntos" com "Ebullition", fechamos o álbum indo para o hospital depois da tareia que apanhámos.














Começamos 2021 com um álbum de peso. Bastante rápido, pesado e explosivo. Um álbum com oito faixas onde podemos ver o "Thrash Metal" no seu ambiente natural. É impressionante como passados 40 anos da década de 80, as bandas atuais continuam a ir beber aos “monstros”. São notórias as influências em bandas como Metallica, Slayer, Pantera ou Seputura. Ektomorf tem um lado "Groove" assombroso, tão depressa estamos a ser violentamente assaltados como estamos a ser espancados ao ouvir este "Reborn". Um álbum que faz literalmente lembrar um dos clássicos dos anos 80, com riffs rápidos e crus, com solos melodiosos e transições alucinantes. Tão depressa temos temas em "Reborn" em que a bateria comanda o compasso como a seguir estamos a ouvir o baixo a comandar as composições. E temos um tema instrumental que tem uns pozinhos de "Orion", o famoso tema instrumental do lendário "Master Of Puppets". A quem não conhece Ektomorf aconselho vivamente a ir ouvir esta banda, a sério! Não se vão arrepender. A injeção de adrenalina deste "Reborn" deixa claramente a saudade de voltarmos a encher estádios de futebol, pavilhões e recintos de festivais para assistirmos aos concertos de "Heavy Metal".