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Final Veredictum: Tribulation - Where The Gloom Becomes Sound


Com uma cinemática vincada a uma identidade que se identifica com os Clássicos do Terror, trazemos hoje o mais recente trabalho dos Tribulation. 

Tribulation é uma banda originária da Suécia. Criada na cidade de Arvika em 2004, a banda é actualmente composta por Johannes Andersson na voz e no baixo, Adam Zaars e Joseph Tholl nas guitarras e Oscar Leander na bateria. Com uma sonoridade sinistra a roçar o horror, vamos falar sobre o mais recente trabalho da banda - "Where The Gloom Becomes Sound". O álbum é composto por 10 faixas, com o cunho da Century Media Records, e temos uma experiência semelhante a um ritual assim que o começamos a ouvir.








Com "In Remembrance" sentimo-nos dentro de uma igreja com tudo em silêncio e em que surgem os tons mais graves e mais baixos de um órgão. À medida que começamos a ouvir o primeiro acorde deste tema, somos surpreendidos pelo primeiro "riff" que nos atira para uma outra dimensão onde a escuridão das trevas começa a ganhar força e é tão, mas tão bom! Nos quase sete minutos deste tema ouvimos um baixo brutal com um solo curto, mas contagiante, que nos dá a sensação de estarmos a ser sugados para uma espiral descendente que nos irá levar para a escuridão. A nível da voz temos um gutural intenso, mas compreensível de Johannes Andersson, que declama a primeira estrofe do tema na sua língua mãe, dizendo que a escuridão se adensa antes do amanhecer, e que esta manhã vai trazer horrores para quem acordar. Simplesmente assombroso e incrível! 





Segue-se "Hour Of The Wolf". Johannes Andersson aparece como um monge num "video-clip" assustador e sinistro, como se fosse uma aparição ou até mesmo uma alma penada. O "Corpse Paint" do músico faz com que a mensagem seja transmitida de forma mais rápida. A banda tende em seguir o baixo durante todo o tema. O "riff" que introduz "Hour Of The Wolf" é bastante melodioso e ainda temos uma sonoridade semelhante a Ghost. Mas enquanto Tobias Forge na sua banda explora a teatralidade, os Tribulation procuram a devastação na melodia, para dar um sentimento de falso conforto ou paz. A letra fala numa alcateia de Lobos que corrompe e destrói tudo o que encontra à sua frente. A banda utiliza o uivar deste animal místico para dar o nome ao álbum, pois em "Hour Of The Wolf" a escuridão se transforma em som.




Este álbum parece um barco que se afunda no meio do mar com destino às profundezas do Oceano. O terceiro tema, tem o nome de um monstro marinho que foi aterrorizando a humanidade desde os primórdios da existência. "Leviathans" leva-nos para o meio do mar revolto que nos afunda na imensidão de águas negras e nefastas para a humanidade. Com uma melodia perigosamente apaixonante, "Leviathans" usa a alegria dos seus riffs e a tecnicidade do tema para enfeitiçar quem ouve. Começamos com um som sinistro e pesado que se vai transformando em algo mais alegre e composto à medida que a música avança para a segunda parte. No entanto, os estragos foram feitos e parece que estamos enfeitiçados a ouvir este monstro. Claramente que este tema, pode ser uma metáfora para o canto da sereia que nos atrai e embala para a morte. 






 "Dirge Of A Dying Soul" parece o início de algo épico! Épico no sentido de estarmos a assistir a um filme onde há uma chegada de alguém importante ou uma batalha. Existem muitas semelhanças com "Cirice" dos Ghost, mas "Dirge Of A Dying Soul" parece um tema com esteróides. Ouvimos um baixo que dá um tom sinistro ao tema, e conseguimos ouvir aqui e ali um órgão de uma igreja e uma guitarra divinal. Este tema tem alguns "breaks" que atiram aqueles que ouvem "Dirge Of A Dying Soul" para o abismo. Um tema sinistro e bem pesado que mostra que Tribulation vai continuar a descer até às profundezas do medo e do desconhecido com este "Where The Gloom Becomes Sound"!





Fechem-se no quarto, baixem os estores e desliguem todos os vossos aparelhos eletrónicos à excepção da aparelhagem ou do gira discos em que ouvem este "Where The Gloom Becomes Sound". Tribulation acaba a primeira metade deste álbum com uma música tocada ao piano chamada "Lethe". Os Tribulation viajam até ao Submundo para tocarem sobre o esquecimento, já que "Lethe", na mitologia grega é um dos rios do Submundo e a própria palavra no grego clássico significa esquecimento. Ao fundo, nesta música, ouvimos a madeira a ranger. Simplesmente genial.





Depois de um tema instrumental, começamos a segunda metade do álbum com "Daughter Of The Djinn". Com uma introdução algo semelhante a um tema do "Infestissuman" dos Ghost, há uma coisa que se destaca no tema - o baixo! Rápido e melodioso, coloca os restantes instrumentos a irem atrás de si. Este tema parece um tanto ou quanto misterioso. O nome de "Djinn" era dado pelos muçulmanos a entidades que se assemelhavam a Génios do bem ou do mal. Quando o tema atinge a sua primeira parte, começamos a ouvir a introdução ao solo de guitarra, mas antes disso temos um solo de bateria que é simplesmente espetacular. O solo de "Daughter Of The Djinn" dá um toque de luz à música, mas o tom continua a ser pesado e um pouco lúgubre, tal como todo o álbum em si. 





Em "Elementals" parece que estamos a ouvir uma espécie de invocação aos elementos. Um bom riff e uma boa bateria compõem este tema, mas uma coisa é certa, se tirar daqui Johannes Andersson parece que ouço a banda de Tobias Forge. Temos um solo curto, mas que deixa a sensação de querermos ouvir um bocadinho mais. A composição desacelera para dar um tom mais pesado ao tema e o riff que antecede o solo, parece algo que distorce o pensamento e deixa a sensação de estarmos a cair nos nossos sonhos. 





O oitavo tema deste "Where The Gloom Becomes Sound", tem um início que se assemelha a um funeral. Uma guitarra pesarosa e uma bateria que parece uma arma a cada batida, no entanto tudo se transforma quando Johannes Andersson começa a cantar. O riff não se altera, apenas ganha um pouco de vida e a bateria fica mais solta, mas a sensação de funeral continua lá. A própria letra fala na transformação da vida em morte. "Inanna" é o nome deste tema e posso-vos dizer que o nome não tem nada a ver com o tom fúnebre do tema, já que Inanna era a deusa da fertilidade, amor, fecundidade e erotismo da Suméria.





"Funeral Pyre" é o nono tema deste "Where The Gloom Becomes Sound" e posso dizer que este é aquele que tem uma introdução mais "Melodeath". Um riff bastante pesado inicia o tema e antecede a entrada dos restantes instrumentos. A letra é em retorno da última grande fronteira do "Homem" enquanto espécie - a morte. O próprio videoclip mostra alguém a caminhar pelos campos, levando atrás de si um cadáver embrulhado para uma grande pira fúnebre onde irá desaparecer assim que fica envolto nas chamas. A banda toca ao lado desta grande pira fúnebre e mais uma vez, ouvimos um baixo a comandar todo o tema. O solo mais uma vez peca por ser curto, mas percebe-se a intenção. Ao ouvirmos "Funeral Pyre" começamos a preparar-nos para a despedida deste "Where The Gloom Becomes Sound".





Fechamos este ritual com "The Wilderness"! Não podia ser uma melhor forma de terminar este "Where The Gloom Becomes Sound". Tribulation preparou-nos para isto. Um álbum que a pouco e pouco se foi entranhando e nos atirou para um lado mais oculto e mais negro da música. Este tema bebe de tudo um pouco dos restantes temas deste álbum e é sem dúvida uma boa música de despedida. Bons riffs, uma bateria e um baixo coeso e ainda o som do órgão demoníaco que aparece aqui e ali. Um bom solo, embora curto, faz deste "The Wilderness" um dos grandes temas deste álbum!











Tribulation presenteia-nos com este novo álbum em 2021, e depois de o ouvir por diversas vezes, não consegui alterar a minha opinião. Tem boas músicas, mas estava à espera de mais e melhor. Com solos demasiado curtos e com uma sonoridade muito semelhante a Ghost, mataram um bocado as perspetivas que tinha para este "Where The Gloom Becomes Sound". Existem bons temas que merecem algum destaque - "Hour Of The Wolf", "Leviathans" ou até mesmo "Funeral Pyre", mas depois ficamos a querer a continuidade destes temas no álbum e aparecem bocados de qualidade soltos aqui e ali, o que não é a mesma coisa... Este álbum é como nos tempos de escola em que fazíamos um teste, ficávamos na ânsia por saber qual era a nota e assim que tínhamos o teste na mão não era nem bom nem mau, mas sim suficiente, deixando um sabor agridoce. Ao ouvirmos este álbum ficamos com a sensação de ver os Clássicos do Cinema de Terror dos Anos 30 onde brilharam Boris Karloff e Bela Lugosi, mas estes absorvem tons mais sombrios e festivos no ato da representação.