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Final Veredictum: Símio - Hominoid


Os SÍMIO, nas suas próprias palavras e de acordo com o bandcamp oficial, são um coletivo de quatro primatas de cabelo escuro, oriundos de Santa Luzia (Viana do Castelo), constituídos por Rui Santos (Baixo/Vozes), Afonso Barros (Guitarra/Vozes), Joel Enes (Baixo/Vozes), e João Morgado (Bateria).


O seu primeiro registo ‘’Hominoid’’, que já nos havia sido introduzido em Setembro do ano passado com o excelente single de apresentação ‘’Magpie & the Sasquatch’’, estreia-se no último dia do ano, a 31 de Dezembro. Escolha que o posiciona num limbo entre o demasiado tarde para ser considerado 2020 e o demasiado cedo para pertencer a 2021. Uma decisão totalmente ilógica de um ponto de vista comercial, mas completamente louvável do ponto de vista artístico, se considerarmos uma possível intenção por parte da banda em rejeitar o recurso a estratégias de marketing para conquista do seu público, resumindo este, exclusivamente, ao único alcance angariado pelos seus meros talento e mérito musicais.

Contudo, a sua sonoridade, tal como o nome ‘’SÍMIO’’ o indicia, foca-se na mera satisfação primária em tocar e criar, a qual se encontra para o ‘’músico’’ como o respirar e comer se encontram para o mais comum dos hominídeos. Por consequência, não existem quaisquer novidades em relação à sua estética sonora, assemelhando-se, por vezes, demasiado às suas influências, das quais denoto mais descaradamente, o início de carreira de Mastodon e Baroness, assim como, o fim da de Cave In. Todavia, tal não necessita de ser considerado como uma menos-valia, se ponderarmos que, a não imposição de limites à construção musical do projeto só tende a permitir aos seus músicos, uma maior sinceridade expressiva entre si, e isso comprova-se.

Gravado e mixado por André Gonçalves no Adrift Studio e masterizado por Brad Boatright no Audiosiege Studio, conta com uma qualidade sonora topo de gama, (como seria de esperar), acompanhada ainda do excelente trabalho fotográfico de João Gigante, que se insere mais na linha do contemporâneo e concetual (choque) do que na habitual escolha de capa comum associada ao género. O que talvez não surja tão acidental quanto aparenta, se considerarmos o quanto a Arte Contemporânea sobrevive da eterna reinterpretação do que não se encontra visualmente explícito aos nossos olhos.

Da mesma forma, penso que tal se aplica à atitude musical dos SÍMIO, pois se ignorarmos as suas semelhanças com o nosso conhecimento musical, existe muito mais para ser escutado e interpretado, principalmente, se tomarmos a devida atenção à forma orgânica com que os temas se vão desencadeando ao longo do disco, assim como, à fluidez com que estes são executados numa completa e perfeita sintonia entre os quatro elementos integrantes do grupo.

‘‘Hominoid’’ pode não ter trazido com os SÍMIO um monólito negro a ser descodificado ou o elo perdido da nossa evolução, mas é um álbum com muito boa música, o qual deveria ser razão mais que suficiente para ser explorado e escutado.

Um pequeno passo na história musical, mas um passo gigantesco numa carreira promissora, cuja cadeia evolutiva, deixou-me extremamente curioso em relação a quais as suas possíveis mutações e evoluções vindouras, principalmente após a forma abrupta com que termina, deixando tudo em aberto.

‘Hominoid’ só se encontra, de momento, disponível para aquisição em formato digital, através do bandcamp da banda (https://simiotheband.bandcamp.com/album/hominoid), existindo, no entanto, uma intenção futura, por parte do coletivo, em vir a disponibilizá-lo no formato físico num futuro próximo.

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