o blog mais pesado

Final Veredictum: VËLLA - Coma

 


Com tantos bons lançamentos em 2020, o Not'Abaixo não conseguiu analisar todos, mas este foi um álbum que prometemos a nós mesmos que iria aparecer aqui no blog e aqui está ele, Coma o álbum de estreia dos Vella.
Uma banda repleta de músicos experientes composta pelo vocalista Pedro Lopes, guitarristas Oz Vilesov e Mário Rui, o baixista Caesar Craveiro e o baterista Paulo Adelino.
Os Vella apresentam uma alternativa à sonoridade que normalmente encontramos no underground nacional e por isso desde a primeira audição que me conquistaram pela diversidade técnica e qualidade que apresentam neste seu disco de estreia.

Fotografia de Ivo Durães e que integra o booklet de Coma
  

Coma é um álbum complexo que alberga vários estilos, diversas inspirações e cheio de texturas musicais distintas.
"Blood On The Table" é o interlúdio que abre a caixa de pandora que é este álbum. 


"Tempest" começa com um som distorcido e com uma bateria repleta de agressividade,  Pedro Lopes vocifera a plenos pulmões a letra que emana a tempestade tal como o titulo da música sugere.
O solo de guitarra é soberbo e nota-se bem a técnica apurada que estes músicos trazem na bagagem.
A letra fala sobre nos vermos envolvidos no meio da tempestade e procurarmos uma saída e ela não se avistar, restando a desolação.


"Manequin" foi o primeiro single a ser revelado pelos Vella e é também a música mais contagiante deste Coma. 
Com uma letra que fala de um amor platónico envolto em ideais e submissão em que o pretendente se submete a tudo pelo seu objeto de desejo, neste caso um manequim, mas figurativo também por este manequim exemplificar muito mais.
É aqui que começamos a identificar algumas similaridades com Korn, uma influência óbvia neste álbum dos Vella, até porque o vocalista Pedro Lopes é o vocalista da banda de tributo Torn.


"The Promise" conta com a participação de Miguel Inglês dos Equaleft.
A letra fala de um coração despedaçado e dos destroços que ficam após o fim de uma relação falhada.
As guitarras de Oz Vilesov e Caesar Craveiro derramam riffs portentos e temos até um grande solo de guitarra pelo meio e as vozes guturais de Pedro Lopes e Miguel Inglês também se complementam bastante bem.
O videoclip foi gravado durante o primeiro período de confinamento e mostra que os Vella são uma banda descontraída e criativa.


"FEELS LIKE I'M DEAD INSIDE BECAUSE...

I AM GIVING IN TO YOU... TO YOU..."

Existe uma linha continua ao longo de todo o álbum e o pequeno interlúdio "1984" não é exceção, pois ouvimos repetidamente esta frase enquanto temos um instrumental de fundo e que serve de metáfora a um disco riscado pois quando passamos por um desgosto há frases que se repetem na nossa cabeça e acho que era isso que a banda queria alcançar com este interlúdio.


"Despair" é uma música que combina muitas sonoridades e vai beber a vários estilos combinando breakdowns, solos, elementos Nu Metal, guturais e cleans, blast beats e tudo isto parece ser uma grande salada russa não é? 
Era se fosse outra banda qualquer, mas eu tiro o chapéu aos Vella combinar todos estes elementos não é tarefa fácil mas a verdade é que conseguiram e com grande mestria.


"Tormento" é uma lufada de ar fresco, uma valsa entre o peso e a melodia combinando o canto melódico e melancólico de Ana Marques e Ariana Pereira com o peso gutural da voz de Pedro Lopes.
Causa-me um arrepio na espinha de cada vez que a oiço! 
É uma música sublime e que demonstra a capacidade de inovação e de nos surpreender que os Vella têm, até porque é preciso tê-los no sítio para arriscar da forma que eles arriscaram neste Coma.
Foi o momento mais surpreendente e inesperado de todo o álbum mas que resultou na perfeição.
São músicas como esta que me fazem ter dificuldades na nota que vou atribuir ao álbum...


"Freak Show" traz o peso e a agressividade de volta mas tem também pelo meio um momento mais calmo em que o ritmo abranda e até um solo de guitarra quase ao estilo de Pink Floyd. 
Mas depois desta calma momentânea volta a rebentar novamente com a bateria e as guitarras a apresentarem níveis de técnica e peso absurdos.
O contraste entre os cleans e os gutuaris de Pedro Lopes também se faz sentir em grande forma nesta música. 



"5 Minutes Alone" é o terceiro e último interlúdio presente em Coma, abranda um pouco o ritmo em relação à anterior e traz harmonias vibrantes e acordes de guitarra acústica.



"The Fall" é uma malha repleta de agressividade, técnica e peso, com solos de guitarra e uma bateria portenta e ritmada.
A letra é um retrato do que sentimos quando estamos num estado decadente e não sabemos como havemos de sair.

"FREEFALL
FALLING, IT'S IMMERSING ME
I CANNOT GET A STEADY GRIP WHY HAVE I FORSAKEN... ME
I KEEP FALLING ALMOST AS IF NEVER ENDS
WILL I SURVIVE THIS DESTINY UPON ME"


"Otherside" entra logo a derramar peso e é uma das músicas mais agressivas deste Coma.
Contagiante e cativante a letra mostra alguns maneirismos semelhantes aos utilizados por Jonathan Davis e isso nota-se ao longo de todo o álbum mas especialmente nesta música.
Indepentemente da influência, os Vella têm uma identidade própria e uma sonoridade única que se demarca de tantas outras bandas nacionais, com um estilo alternativo mas coeso e que marca pela diferença.


I'll Be The End  a música que encerra Coma foi o terceiro single a ser divulgado pelos Vella antes do lançamento oficial do álbum. 
Conta com a participação especial de  André Ferreira, mais conhecido por "Wild Maui", um artista de música alternativa e que nesta música complementa com o estilo arrojado e progressivo que os Vella apresentam ao longo de todo o álbum.



Os Vella revelaram-se uma agradável surpresa dentro do panorama do Underground e estão presentes no meu pódio de lançamentos nacionais de 2020, ao lado de Gaerea e Downfall Of Mankind.
A robustez e técnica que a experiência que estes músicos trazem é notória e a vontade de quererem fazer algo inovador e dar cartas logo no álbum de estreia foi algo que a este nível já não via ser feito desde Clepsydra dos Uivo Bastardo.
Esta é uma banda que agrega vários estilos e por isso tem um potencial enorme pois vai agradar a diferentes fãs da música pesada.
Mais do que nunca apelo-vos adquiram o merch destes meninos, eu falo por mim comprei o álbum e ainda recebi um bilhete para quando for possível regressar aos concertos e recomendo-vos que façam o mesmo.
Esperava ver Vella com Downfall Of Mankind, mas infelizmente e após vários reagendamentos esse concerto encontra-se agora cancelado, resta a esperança que o concerto de Vella com Equaleft no Side B Rocks em Alenquer se realize a 25 de Abril, para que finalmente possamos sentir a liberdade de ouvir música ao vivo!