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Final Veredictum: Daemon Forest - Daemon Forest


Os portugueses Daemon Forest são uma banda da zona oeste de Black Metal experimental, com um toque de Avant-Garde Black Metal.
Durante a gravação deste self-titled a banda era composta por Azazel na guitarra e na voz, Pedro Sharkuel na bateria e nos sintetizadores e em 2019 juntou-se Alexandre Batalha Gadreel como baixista.
A mixagem de Daemon Forest bem como a masterização foi feita por Sharkuel e o álbum tem o selo Narcoleptica Productions, More Hate Productions e Loud Rage Music.
A banda define-se como uma declaração de guerra ao universo teológico no seu sentido abstacto e as suas letras falam de ocultismo, satanismo, heresia e ódio.
Este Self-Titled que hoje vamos analisar é o seu álbum de maior duração e foi editado em 2018, sendo que a discografia da banda é composta pelo EP "Dissonant Walk" que contém três músicas e foi lançado em 2017 e em 2020 a banda lançou 2 músicas novas com o EP "Lisbon Progrom 1506".


O álbum começa envolto em mística com a música, "Inner Sanctum", com recurso a guitarras distorcidas e é criado um ambiente de sufoco, até que entra a bateria que começa a destilar ódio.
De notar que a produção é bastante arcaica e este nota-se que é um álbum que foi produzido de forma mais DIY e com técnicas mais rudimentares do que estamos habituados a ouvir normalmente, mas penso que esse também é o objétivo da banda dando um tom mais crú à sua música. 


"Priests Of Sodomy" é uma crítica feroz à atuação da igreja, enquanto instituição que devemos venerar e no entanto também eles em segredo são pecadores e cometem atos desumanos, e aqui os Daemon Forest referem-se à pedofilia praticada pela igreja que conspurca e descredita toda a instituição, graças a estes atos atrozes, que acabam na maioria das vezes por sair impunes. 
Se houvesse justiça no mundo, seriam severamente punidos, pois destroem por completo a infância e vida das suas vitimas.
Antigamente tínhamos as indulgências, hoje em dia parece que existe uma auréola invisível que os protege só porque fazem parte de uma instituição e aqui a minha pergunta é como querem que acreditemos na palavra que pregam que supostamente é de paz e amor, quando na verdade os atos por eles praticados revelam precisamente o pior da humanidade? 


"Raging Inferno" inicia com gritos arrepiantes e com uma atmosfera de cortar a respiração, ouve-se o desespero através do choro no inicio da música e depois entram blast beats de rompante.
A voz de Azazel é portenta e as guitarras mostram-se cruas e destrutivas.
Peca pela pouca qualidade na gravação do áudio, acredito que se houvesse uma produção de outro calibre, esta música teria outro impacto.


"Dissonant Walk" entra com uns acordes de guitarra acústica e aqui sim os Daemon Forest mostram a sua veia mais experimental é uma música com um ritmo muito diferente das anteriores e tem aqui alguns elementos progressivos na sua composição, bem como alguns sons mais estranhos que mais parecem vir de seres possuídos.


"In The Mist" mostra também um ritmo diferente das anteriores e os guturais cavernosos de Azazel voltam a soltar-se.
Existe apenas alguma desconexão entre as músicas e não parece haver um fio condutor, o que faz com o que o ouvinte também se sinta um pouco perdido durante a sua audição.


Na longa intro de "Satan's Power" ouvimos um coro eclesiástico bem como correntes que se arrastam pelo chão, garantindo a atmosfera pretendida para que os Daemon Forest possam mais uma vez revelar o seu mojo.
Esta música assemelha-se a uma invocação e Azazel utiliza riffs desconcertantes para juntamente com a bateria de Sharkuel terminar o ritual.


A sétima música, "Whore (Filty Whore)", é uma cover de Nattefrost e não se encontra nas plataformas digitais da banda e apenas quem tem o disco em formato físico tem acesso a esta cover.
No entanto, consigo disponibilizá-la pois foi partilhada no youtube de Sharkuel.


Seguimos para "Evil Spirit" que mais uma vez começa com uma ambiência demoníaca e com um grito de sofrimento e um riso sádico.
Evil Spirit tem um ritmo estranho e uma sonoridade confusa mais do que qualquer outra música deste álbum.


"Inner Criptum Act I" e "Inner Criptum Act II" encerram o álbum e aqui noto uns riffs que me parecem ir buscar influências ao primeiro álbum de Black Sabbath.
Toda a vocalização destes dois registos foi feita por Sharkuel e esta mostra-se bastante diferente da voz de Azazel e ambas as músicas acabam por complementam-se uma à outra, bastante bem