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FINAL VEREDICTUM: Whitechapel - The Valley


Logo ao olharmos para a capa do The Valley, ficamos curiosos com o que nos aguarda, pois esta capa parece saída de um poster de um filme de terror dos anos 80, o que só se intensifica ao lermos "baseado em factos verídicos".
Ao ler um artigo na Kerrang, fiquei a saber que as partes baseadas em factos verídicos deste álbum, são inspiradas no diário da mãe de Phil Boozeman (vocalista dos Whitechapel), que tinha visões demoníacas e problemas do foro psicológico que envolviam complexos de identidade, descritas por Phil como aterradoras e traumatizantes.
Ao longo do artigo é explicado que só apenas recentemente é que Phil começou a sentir-se mais à vontade ao entrar num campo mais pessoal e íntimo nas suas letras, dantes os Whitechapel procuravam temáticas mais surreais e fantasiosas. Estamos a falar de uma das bandas que ajudou a redefinir o que hoje entendemos como Deathcore, com o seu álbum This Is Exile, lançado em 2008, dois anos depois desde o seu início.
O facto de The Valley ter todas as peculiaridades acima referidas, só alimentou ainda mais esta minha curiosidade mórbida em ouvir o álbum.


O Bom

A primeira música do álbum começa com chave de ouro, "When A Demon Defiles A Witch", no sentido lírico é inspirado num dos relatos do diário da mãe de Boozeman, onde uma bruxa é violada por um demónio.
É uma faixa melódica e simultaneamente pesada, com acentuadas oscilações rítmicas, um refrão sonante e um solo de guitarra devastador. Esta é facilmente a melhor música deste álbum e foi também o primeiro single a ser divulgado. Aqui a passagem de guturals para clean vocals funciona na perfeição e parece mesmo que estamos a ouvir uma história de terror contada a duas vozes.
Ao longo deste álbum vemos um crescimento de músicas com clean vocals comparativamente ao anterior Mark Of The Blade, editado em 2016, da qual neste departamento se destacava Bring Me Home. Se já tinham gostado desse registo mais intimista dos Whitechapel esperem só até ouvirem Hicktory Creek ou mesmo algumas secções de Third Depth, que só demonstram a capacidade vocal de Phil Boozeman que consegue expulsar alguns dos guturals mais pesados mas também cantar melodicamente. A capacidade e o range deste vocalista é surreal e ao longo de The Valley é bastante visível.
É fácil perceber que a capacidade vocal de Boozeman sobressai ao ouvirmos Whitechapel, no entanto há que mencionar também a grande técnica musical dos restantes membros da banda.
Desde guitarras acústicas, eléctricas, uma bateria avassaladora e um baixo tenebroso, todos estes elementos contribuem para contar a intensa história de The Valley.
Este é um álbum que permite múltiplas audições e é algo que eu recomendo, pois tal como um bom filme, cada vez que o oiço descubro novos elementos que na primeira audição, não sobressaíam.

O Mau

Sinceramente não há muito por onde possa pegar, este é um álbum tão bem executado, que do inicio ao fim submerge-nos numa atmosfera aterradora e não há nada de negativo a apontar.
Sim, um purista do Deathcore poderia dizer que este é um álbum que não é puramente fiel ao género. No entanto, eu discordo. Ao fazerem o que fizeram neste álbum, os Whitechapel estão a inovar  e a acrescentar novas camadas ao género, mantendo simultâneamente o peso pelo qual são conhecidos.
Apesar de não estar ao nível do incrível This Is ExileThe Valley é sem dúvida um dos pontos altos na carreira dos Whitechapel e um excelente começo para quem não estiver familiarizado com a banda ou com o género Deathcore.

The Valley é facilmente superior ao seu antecessor de 2016, Mark Of The Blade. 
A versatilidade melódica dos Whitechapel, conjugada com a imensidão de peso que conseguem conter em cada faixa é algo que não pára de me surpreender e por isso mesmo recomendo que todos oiçam, The Valley, sem dúvida um álbum que carrega uma atmosfera tenebrosa em volta de todos os elementos que o compõem, desde a multiplicidade de instrumentos e técnicas utilizadas às aterradoras histórias que o inspiraram e claro à genial capacidade vocal do seu vocalista Phil Boozeman. Se estão fartos de ouvir sempre o mesmo Deathcore e acham que não há nada mais que possa fazer neste género então vão ouvir este álbum e vão mudar de opinião.