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Final Veredictum: Shadowmare - Shades Of The Untold


Os Shadowmare editaram a 29 de Janeiro deste ano Shades Of The Untold, pela Rok Solid Productions e masterizado pela Demigod Recordings.
A banda algarvia reúne membros de bandas extintas da cena metal algarvia, entre elas Deathland, Stronger Device e Sarcastic Mind, que ressurgem das cinzas através dos Shadowmare que começaram em 2015.
Em 2016 a banda foi a estúdio para gravar o seu EP de 3 músicas From Hell to the Future, mas no final desse mesmo ano o vocalista original Bruno Miguel decide abandonar a banda.
Os seus membros são actualmente, o vocalista João Infante, os guitarristas Jorge Assunção e Nuno Chris, o baixista George Alva Rosa e o baterista Flávio Torres.
As gravações de Shades Of The Untold começaram no final de 2017, mas este álbum de estreia apenas viu a luz do dia em Janeiro de 2019.
Quanto ao género em que se inserem catalogam-se como sendo uma banda de Metal, mas bebem inspirações de géneros tão distintos como, Death, Melodic, Technical, Progressive, Thrash e Speed Metal.
Shades Of The Untold é o primeiro trabalho de estúdio desta banda, será que surpreenderam?

Future Hell é a música que introduz Shades Of The Untold.
Começa com uns acordes em guitarra acústica mas rapidamente é interrompida por guitarras eléctricas e pela bateria de Flávio Torres. Quando João Infante começa a expurgar os versos desta música percebemos o porquê de estarmos perante um dos pesos pesados do underground nacional.
Aos quatro minutos desta que é a segunda música de maior duração deste álbum temos um belíssimo solo de guitarra e na marca dos seis minutos temos um shredding bem rápido que é acompanhado pela bateria de Flávio Torres.
Doomline o segundo tema deste álbum, apresenta-se com uns toques de guitarra que remetem para a influência do Thrash.
Demarca-se pelos vocais diferentes experimentados por João Infante e isso é algo que vamos notando ao longo deste álbum, existem aqui diferentes técnicas utilizadas e não há uma única música repetitiva ou semelhante a outra.
O baixo de George Alva Rosa também dá aqui uns toques, que não me deixaram indiferentes.
Beneath The Deadly Cold começa com uma belíssima Jam de bateria e nesta música o destaque vai mesmo para a bateria de Flávio Torres, mas todos os membros da banda contribuem para a qualidade desta malha que nos prende do início ao fim e que parece ter umas influências de Motorhead.
Em The Oblivion City existe uma maior presença das bass lines de George Alva Rosa, sendo mesmo o destaque desta faixa, mas os outros instrumentos trazem coesão ao resto da música que em consonância com o refrão casam na perfeição:

"Lost, forgotten place
Pale faceless end
It shall not rise, to fall again
Wanderers gone
No one has told
What time forgot, lifeless and cold"

Mirrors Nightmare, é diferente não apresenta a mesma velocidade da maioria das músicas que compõem este álbum e em termos líricos é uma reflexão introspectiva sobre os locais sombrios da alma que como vidros se partem. Eu disse que não havia velocidade? Só mesmo na primeira parte da música na marca dos três minutos e meio temos mais um excelente Shred de guitarra.
The Mad Executioner apesar de ter uma excelente componente vocal, dá também espaço para que os outros instrumentos brilhem. Tecnicamente mostra mais uma vez a excelente técnica destes músicos que não cessam de surpreender. Quanto ao tema é inspirada num predador que precisa de correr atrás da sua presa. Em termos vocais é aqui utilizada uma mistura de vozes limpas e guturais que alternam entre si ao longo de toda esta música, mas também são usados alguns berros que demonstram esta vertente mais animalesca que a banda quer transmitir.
Blend In Darkness, volta mais uma vez a utilizar a guitarra acústica no início da música que é novamente interrompida pelas guitarras e baterias que vão a aumentando o ritmo da música sucessivamente. Na marca dos três minutos e quarenta os guitarristas voltam novamente a solar o que conjugado com a bateria resulta muito bem. Nesta música o destaque vai mesmo para a componente instrumental e não tanto para a voz que apenas dá um ar da sua graça, repetindo efusivamente o refrão:

"Blend in darkness
Death awaits inside…
Dwell in madness
Death awaits inside… helpless!
Helpless!"

Darkstoned Wall é claramente uma música para que ao vivo se criem circle pits, aqui as guitarras são o principal destaque, rápida mas não veloz, tem a velocidade ideal para resultar na perfeição em concertos.
É também uma das músicas do álbum, onde as letras são mais perceptíveis em termos auditivos, pois os guturais de João Infante, por vezes não são compreensíveis, mas isso não é problema, pelo menos para mim que oiço Deathcore, mas entendo que possa ser para outros ouvintes que procuram um estilo vocal mais limpo. Entendem agora o porquê de eu referir a forte mistura de géneros neste álbum? É óptimo os Shadowmare terem esta capacidade de utilizar um vasto leque de influências ao longo das suas músicas, isso só mostra diversidade.
Os últimos momentos desta música são breves registos acústicos mais funky que na minha opinião não resultaram muito bem, mas é apenas um pequeno detalhe numa música que logo no inicio me conquistou pelas guitarras e me deu vontade de fazer mosh, o que é sempre bom!
The Blackened Road, fala de soldados que regressam dos mortos e marcham em direção ao campo de batalha para enfrentar o inimigo, o que é perceptível pelo refrão:

"We… soldiers of doom
We'll march
Through… blackened road
We'll march
Join… we shall stand tall
As one
Rise… blackened road
We'll march"

É daquelas músicas que é uma sing-along para que o público grite a plenos pulmões, adoro a temática utilizada porque consigo visualizar os soldados mortos-vivos a marcharem de armas em punho para o campo de batalha. Tem também um dos melhores solos do álbum inteiro.
Absolute Order fecha o álbum em beleza, uma música poderosa, com excelente letra e uma grande performance de todos os membros, sem excepção. Para mim é um dos melhores registos deste álbum, acompanhada por Future Hell e Mirrors Nightmare, que ocupam o meu top três de melhores músicas deste álbum. 
Aqui temos os refrões, temos aquelas letras para sing-alongs, temos alguns dos melhores solos deste álbum, uma bateria exímia e uma secção mais sinistra onde é proferida a seguinte profecia:

"Renewing the matters of our doubts
Implanting the new thoughts in our 'cause
Vanquish the weak as once was told
A new world order in this hopeless world
Economy and politics crumble down
While few know how to endure and hold the ground
We'll never speak the language, we'll never trade the coin
Submission is out of question and we will never join!!"

O álbum fecha da mesma forma que começou com um registo de guitarra acústica, que aqui resulta muito bem. 
Para mim os destaques deste álbum são os solos de guitarra, a bateria apocalíptica de Flávio Torres, as excelentes bass lines de George Alva Rosa e os refrões guturalizados por João Infante.
Todas as músicas têm solos, apesar de uns terem um maior impacto que outros, mas aplaudo os Shadowmare, por em 2019 editarem um álbum de Metal repleto de solos de guitarra, algo que já não é tão recorrente como outrora.
Apesar de nunca ter ouvido nenhum registo dos Shadowmare com Bruno Miguel, fiquei rendido à capacidade vocal de Joao Infante, porque eu gosto de vozes guturais e ríspidas e aqui neste Shades Of The Untold foi isso mesmo que encontrei, bem como letras impactantes que se situam entre a escuridão e as sombras em diferentes tons de negro.

Os Shadowmare são uma excelente banda e que para mim estão entre as melhores de Metal nacional, misturando vários géneros nas suas músicas e com solos de guitarra surpreendentes.
As letras e os refrões desta banda são marcantes e ficam no ouvido mesmo depois de tirarmos o CD do player e só isso já evidencia a qualidade da banda.
Em termos técnicos é uma banda coesa onde todos os membros contribuem de igual forma para a qualidade das músicas e isso é algo que raramente acontece.
Agradeço-lhes por terem confiado no meu trabalho e no Not'Abaixo, pois foram uns porreiros ao enviar-me este CD que é sem dúvida uma excelente adição para a minha colecção.
Promotoras, salas de espectáculo, festivais, músicos, não durmam sob os Shadowmare, esta banda algarvia logo neste álbum de estreia mostra a sua qualidade e uma das coisas que os Shadowmare me disseram é que gostavam de tocar mais vezes fora do Algarve. Façam isso acontecer!
Os Shadowmare sobem à capital para a terceira edição do festival Artilharia Pesada, que se realiza a 21 de Setembro no RCA Club, eu vou tentar ao máximo estar presente, depois de ouvir este disco quero ver estes bacanos algarvios ao vivo e convido todos os nossos seguidores a irem também.
Os Shadowmare neste momento estão na minha mira e fico a aguardar impacientemente por um novo álbum, até lá vou ouvindo este Shades Of The Untold, que é sem dúvida um excelente álbum.