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Final Veredictum: Titan Shift - Thrive EP / Alien Weaponry - Tū


Os Titan Shift são de Lisboa e a banda é composta por cinco elementos: o vocalista Henrique Maia, o baterista Diogo Cabrita, o baixista Sebastião Castro e os guitarristas Eduardo Pereira e Guilherme Maia. 
Nos discos, estrearam-se com o seu EP Thrive, editado a 22 de Setembro de 2017. 
E perguntam vocês porque é que estás a desenterrar em 2019 este EP? 
E eu respondo-vos porque estes senhores no dia 7 de Julho de 2019, foram a banda de abertura no concerto de uma das bandas mais inovadoras e irreverentes da actualidade, os Alien Weaponry, dos quais falaremos posteriormente a esta review.
E não é por acaso, na realidade o som dos Titan Shift transmite a sensação de quem está prestes a ser atropelado e acreditem, falo por experiência própria. 
Ao longo de cinco músicas explosivas estes senhores mostram-nos o que realmente sabem fazer, gritar a plenos pulmões e tocar riffs rápidos que misturam elementos de Thrash, Djent e Metal no seu estado mais puro.
Mas vamos explorar isto como deve de ser...
Thrive significa prosperar, será que esta banda realmente prosperou neste EP? 
Vejamos...

O Bom

Thrive começa com a música Road To Ruin, mas neste caso, é completamente o contrário do que o título sugere que acontece. 
Esta banda abre as hostilidades da melhor forma numa faixa que além de ser bastante pesada é também melódica com riffs velozes e uma bateria que não pára e isto aplica-se a todas as músicas deste EP.
Quanto à bateria de Diogo Cabrita, a segunda música Mark Of The Wild é um destaque deste EP. 
Nas outras músicas a bateria também está bem presente mas nesta especialmente gostei imenso da presença acentuada com blast beats e double pedals incessantes e que ajudam a definir a intensidade e peso que esta banda pretende transmitir.
A terceira música Through My Eyes em alguns momentos faz-me lembrar Machine Head mas com vocais mais pujantes e com uma sonoridade mais violenta, mas aquele solo de guitarra a meio cai ali que nem ginjas.
A quarta faixa, intitulada, The Awakening é para mim uma Battle Song, e dá-me vontade de jogar um Elder Scrolls ou um Witcher (ya sou um bocado nerd) e irmos para a batalha combater as criaturas fantásticas de cada um destes mundos virtuais.
A quinta e última música The Curse, na minha opinião, é onde os vocais de Henrique Maia brilham mais, complementando-se na perfeição com todos os instrumentos dos restantes membros da banda.
Após ouvirmos estas cinco músicas o que fica mesmo a faltar são mais músicas.
Sim é um EP faz aquilo a que se propõem, não revoluciona ou inova mas tem uma tecnica instrumental que não é muito comum em Portugal e é de louvar o que estes senhores estão a fazer, apesar de se notar bem que este é um primeiro EP uma primeira experiência sonora e que sem dúvida mais trabalhos de estúdio virão. 
Thrive deixa-nos com vontade de ouvir ainda mais Titan Shift e isso é muito bom e por isso que venha o primeiro álbum desta banda que tem tanto potencial como técnica.
A música dos Titan Shift é rápida, chegando mesmo a ser veloz em muitos momentos e contém solos de guitarra de cortar a respiração e uma instrumentalidade técnica onde se notam influências de bandas como Meshuggah ou Periphery e claro é fácil relacionar a sua sonoridade com a banda para a qual abriram o concerto no RCA Club os Alien Weaponry.
Eu e o Pedro conhecemos alguns dos membros desta banda no VOA Heavy Rock Fest e estivemos um pouco à conversa com eles, falámos sobre bandas que gostaríamos que viessem a Portugal, sobre eu ter perdido o telemóvel, sobre merchandise e planos para o futuro.
Sem dúvida passámos um grande momento de convívio e meus caros leitores só vos tenho a dizer os Titan Shift são pessoal do mais impecável e porreiro que há.
Apelo-vos para que apoiem esta banda que começa a dar agora os seus primeiros passos, quer seja indo aos seus concertos, comprando merchandise e este EP, ou através das plataformas Bandcamp e Facebook.
Enquanto o primeiro álbum não chegar e se ficaram com vontade de ouvir mais música desta banda, podem ver o vídeo do seu primeiro single Pós-EP, intitulado, Never Again:


Agora em espírito Tag Team e porque somos uma equipa aqui no Not'Abaixo é a vez do Pedro Simões vos falar um pouco sobre os Alien Weaponry e o seu mais recente álbum Tū:


Tū é apropriadamente intitulado e muito bem infundido com a sua cultura maori. 
A banda, orgulhosa de serem descendentes das tribos Ngati Pikiāo e Ngati Raukawa, sem esforço infundiram isso nas suas músicas durante todo o álbum. Não apenas nos gritos profundos, brutais e de guerra nas letras, mas também na própria música em si. Dos tambores para os cânticos tribais e cantar na língua nativa.
Eu, estando um pouco fora da cultura e da história maori, fiz algumas pesquisas sobre isso e sobre a própria banda. 
Depois de me familiarizar com essa situação, não é, de todo, difícil traçar alguns paralelos entre os Alien Weaponry e o mal para os seus  ancestrais. 
Por exemplo, o haka é uma dança de guerra Maori tradicional que Alien Weaponry teve de tirar licença artística para dar mais ênfase à coisa, aumentando sem esforço a atração e o peso do metal bárbaro. E é basicamente a coisa mais fixe de todas.
Como foi dito anteriormente, o idioma nativo deles está a ser espalhado em todo o álbum, mais propriamente, cerca de metade das músicas estão em maori. Então, quando o refrão, falado em inglês, aparece em algumas dessas músicas, ele é sentido bem forte. Eles podem ser jovens, mas não são burros ... longe disso. 
De facto, muitas músicas estão basicamente a copiar versões de thrash metal de lições de história, recontando contos de guerra e a sua cultura guerreira, bem como protestar contra o governo colonial neo-zelandês de 1800 por injustiças lançadas contra o seu povo. 
Os Alien Weaponry mostram que o heavy metal é inteligente e perspicaz, e não somos todos um grupo de gajos bêbados, a bater uns nos outros e a sacrificar cabras ao Diabo. Isso deixou-me com vontade de ouvir bandas que façam o mesmo.
Embora o álbum esteja repleto de história e cultura, não é só isso, que também funciona muito bem. 
É um tributo completo aos dias gloriosos de guerra, sacrifício e morte.