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Final Veredictum: Reality Slap - Necks & Ropes


Hoje trago-vos o meu álbum favorito de hardcore nacional, Necks & Ropes dos Reality Slap, lançado em 2012 pela HELLXIS. 
Existem inúmeras razões para do vasto leque do que temos no Hardcore nacional, este ser o meu álbum favorito.
Poderia escolher álbuns como o Throne Of Infamy de Steal Your Crown, podia escolher o Lisbon Blues dos For The Glory, podia ir para o incrível self-titled dos Backflip, podia escolher o Dark Dive dos Push! e todos eles fazem parte da minha coleção, mas se tiver de escolher um com que mais me identifico e se num cenário infeliz me apontassem um revolver às narinas e me dissessem, vou-te dar um último álbum de hardcore nacional para escolheres para ouvirmos de uma ponta à outra, antes de te estourar os miolos, a minha escolha seria este.

Os Reality Slap são uma banda lisboeta de Hardcore fundada em 2019 com influências entre o Punk e o Hardcore, a banda é conhecida pelos seus riffs velozes e músicas rápidas que nos deixam completamente sem fôlego a cada audição. A banda é composta por Johnny, Gus, Tim, Tiago e JP. Já tocou um pouco por toda a Europa e eu tive oportunidade de vê-los no Casainhos Fest, no Resurrection Fest, a abrirem com Hills Have Eyes para Parkway Drive, a abrirem o concerto de Deez Nuts no RCA com Grankapo e digo-vos sinceramente são simplesmente uma das bandas nacionais mais explosivas que já tive oportunidade de ver ao vivo. A discografia da banda é composta pelo EP "My Brother Evil", Necks & Ropes este que é o seu primeiro álbum e Limitless lançado em 2017.


E agora passo a explicar o porquê da minha escolha...

O Necks & Ropes é uma verdadeira chapada na tromba do início ao fim, os riffs são pesadíssimos, as músicas são rápidas e altamente destrutivas, como dinamite que nos explode nos lóbulos auditivos, a pujança da banda crua e visceral que demonstra um toque das influências do hardcore old school mas com os olhos postos no que se está a fazer a nível do hardcore moderno é algo que a mim me aliciou bastante, logo na primeira vez que ouvi Reality Slap e foi ao vivo, confesso-vos, fiquei imediatamente fã.

Necks & Ropes são 14 músicas que te metem o sangue a fervilhar e te fazem querer rebentar com tudo o que te rodeia. Posso garantir-vos se em estúdio já é assim, ao vivo não é diferente, já vi Reality Slap por diversas vezes em concerto e a energia e agressividade que mostram em estúdio consegue ser ainda mais elevada nas performance ao vivo.

Este é um álbum que eu compararia a um cigarro, tu acendes e ele queima lentamente a cada bafo que dás, tu fumas e inspiras o fumo para os pulmões, vês a intensidade da chama a derreter-te o cigarro, mas quando dás por ti acabou, já fumaste e para quê? Porque é que fazes isso a ti próprio? Fumar mata, diz no rótulo, fogo e eu com esta conversa já te estou a dar ansiedade, não é? Já estás a puxar de outro cigarro… É como este álbum, ouves uma vez adoraste, mas é tão veloz que tens de ouvir novamente, torna-se viciante.

Outra das razões para eu adorar este álbum, as participações especiais, que cartaz de luxo, primeiro o meu vocalista de metalcore favorito, nem mais nem menos, Winston Mcall dos Parkway Drive na incrível e portenta “The Storm” uma faixa que te agarra pelos colarinhos e te estrangula, até ficares sem ar, com riffs que deviam ser crime de tão agressivos e pesados que são, com uma bateria que mais parece um combate de MMA e a combinação das vozes de Johnny e Winston que resulta absurdamente bem.



Depois temos o Sr Justice Trips dos Trapped Under Ice na música “Crowds”, uma banda que eu não conhecia e fiquei a conhecer à conta deste disco, o que para um melómano que coleciona discos é sempre bom, ter oportunidade de conhecer bandas novas.


Como se não bastasse os incríveis Poli e Mike Ghost de Devil In Me juntam-se à festa na “Eyes Wide Shut”, uma música visceral onde vemos a junção de duas sonoridades distintas dentro do hardcore que ao juntarem-se nesta música são como combustível para as chamas resultando numa verdadeira explosão auditiva.


Uma das coisas que mais gosto de ver é quando uma banda de hardcore que utiliza elementos cross-over nas suas músicas, consegue adaptar esses elementos sem perder a sua identidade. Na última música “Gold” ouvir um solo de guitarra é surpreendente, pois além da velocidade e duração reduzida da música, que tem pouco mais de um minuto, o facto da banda conseguir incluir um solo de guitarra é algo estupendo.


Necks & Ropes é um álbum dinâmico, com diversas influências, com uma produção incrível, que demonstra técnica e inovação e que mostra os Reality Slap a quebrarem as suas barreiras, enquanto banda e também no que na altura se fazia a nível do Hardcore nacional.
Por tudo isto e rebobinando para a ameaça que eu corria, o malfeitor que me apontou um revolver às narinas, depois de um álbum destes, vai terminar a noite a abraçar-me e a beber uma jola e a rir-se comigo, pois vai perceber, para que é que eu vou desgraçar a minha vida? Ainda por cima este gajo tem bom gosto, que estúpido que eu sou, para o compensar vou-lhe pagar uma cerveja, que ele é bom moço e merece viver.

Por todas estas razões o Necks & Ropes merece ser ouvido antes de darem o vosso último suspiro. 
Este é um álbum que é difícil de começar a ouvir, eu acredito que para quem vir esta capa simplista com um nó de forca, se tiver ao lado álbuns com um grafismo mais elaborado e apelativo, provavelmente vai ficar reticente a dar o nó, mas garanto-vos que se se o colocarem a tocar e deixarem que ele vos sufoque do princípio ao fim, sem interrupções, no final vão sentir-se como novos.