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Final Veredictum: Filosofem - Burzum

Meus senhores e minhas senhoras, este é o álbum mais mindfuck que eu alguma vez tive que ouvir.
Burzum foi criado por ninguém mais, ninguém menos que Varg Vikernes. Sim, aquele moço que esfaqueou o Euronymous na tola. Sim, o antigo baixista dos Mayhem, uma das maiores bandas de Black Metal de todos os tempos. 
Mas porquê um álbum de Burzum em vez do de Mayhem? Bem, eu explico. 
Faz uns meses que um amigo meu me incentivou a ver um filme que mudaria, e muito, a minha percepção de Extreme Metal. Até lá, o máximo que ouvia e gostava era de Deathcore e Metalcore. Era um puto edgy. Foi com Metalhead que entendi o porquê. Não se trata das letras ou da melodia, trata-se do que tenta passar. Ninguém feliz se vai lembrar de ouvir Death ou Black Metal para ficar ainda mais feliz. O metal extremo serve mais de catarse, como se exorcizasse os demónios. 
Logo a seguir a ver o filme fui pesquisar algumas bandas que ou ouvi no filme, ou conhecia por amigos. Satyricon, Behemoth, Immortal, Mayhem. Mas com Mayhem veio Burzum, um "estado de graça" entre amigos que admitiam que ninguém no seu perfeito juízo se ia lembrar de gravar um álbum com o pior equipamento que possuía. 
Por algum motivo fiquei apaixonado e, 20 anos após o lançamento, Burzum ganhou um fã. Porquê? Continuem.

1. Dunkenheit:


 Gritemos em modo catártico o que sentimos, repulsa e nojo. Esta musica é nojenta e repulsiva, é essa a ideia. Temos direito a teclado para nos dar um lado mais gótico, mais sombrio ao já nefasto ambiente criado pelas primeiras repetições do riff. Sentimos uma aura incrivelmente demoníaca. E eis que Varg liga o micro ao amplificador de guitarra e grita: 
When night falls
She cloaks the world
In impenetrable darkness
A chill rises
From the soil
And contaminates the air
Suddenly
Life has new meaning

2. Jesus' Tod:

Se acham que o extremo tinha limites, Varg logo provou que estavam enganados. A malvadez imposta em cada composição faz sair de nós um culminar de sentimentos odiosos que nem nós sabíamos que os possuíamos. O que dizer do shred que antecipa tudo o resto? Não é brilhante, como nada no álbum o é, parece uma agulha que espeta no cranio. 
Eis que surge a segunda guitarra e o sentimento de angustia aumenta. Quando Varg se mete a berrar frases como:
Eine gestalt lag auf dem boden

So bösartig, dab die blumen um sie herum
Verwelkten
 Calma, eu traduzo:
Uma figura caída no chão

Tão cruel que as flores ao seu redor
Murcham

Já estão convencidos a ir ouvir uma monstruosidade? Não? Então está bem.

3.Erblicket Die Tochter Des Firmaments:

Esta faixa intriga-me. Não sei que ideia megalómana foi a de Varg mas se a ideia foi que a guitarra ficasse inaudível, então parabéns. Não entendo esta música. Acho-a meio esquisita, parece uma música de verdade. Melodia, tempo. A diferença é que não está bem editado.
Tirando isso...






5/5 

O que dizer de um álbum que provoca algo muito superior a si? Perfeição é o que eu chamo. Sinto-me mal a ouvir este álbum, já o ouço há algum tempo e sempre me sinto como se algum demónio saísse de mim. 
Em termos sonoros é odioso e não sobressai nada a não ser o ambiente.
Mas quando fazes de maneira mágica algo mau tornar-se arte, isso não é bom?
Este álbum é um grande ponto de interrogação nos pontos basilares da música. Devo-lhe chamar uma obra prima. E é isso que lhe chamo.

O meu nome é Miguel Ricardo Simões. Para mais análises dos álbuns mais pesados, continuem por aqui. Stay Metal!