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FINAL VEREDICTUM:Revelation - Oceano

Data de lançamento: 19/05/2017

Editora discográfica: Sumerian Records

Line-Up:
Adam Warren (Voz)
Scott Smith (Guitarra)
Michael Kasper (Guitarra)
Chris Wagner (Baixo)
Andrew Holzbaur (Bateria)



  Já vão na lonjura os dias que corriam quando saíu o “Depths”, mas arduamente se olvidaria a catástrofe que foi todo um Oceano a passar por cima da Terra. Era o tempo da ribalta tomada por Despised Icon, All Shall Perish, White Chapel, Suicide Silence, Thy Art Is Murder, e tantos outros enormes nomes que elevaram o Deathcore do seu estatuto de subgénero recôndito a uma inteira comunidade, a qual desde sempre despoletou tanta apreciação como desagrado. E Oceano surgiu aí pelo meio, datava 2009, com o brutalíssimo single “District Of Misery”, já demonstrando os traços indeléveis de uma entidade em formação e resignada a não combalir.
  Oito anos e quatro “full-length's” passados, ressurgindo sob a alçada da excelentíssima Sumerian Records, e já depois de muitos dos companheiros do panorama em que se inseriam terem enveredado por caminhos musicais não tão brutais, Oceano voltou para mais uns maremotos sónicos, e para nos inundar a alma com inesquecíveis momentos de “peso”, entregando-nos o seu quinto álbum de estúdio, “Revelation”.



  Entanto, quando declaramos Oceano como uma das bandas muito próprias de entre tantas outras que “desertaram”, no sentido em que não fazem drásticas mudanças de género ou sonoridade, não insinuamos a impossibilidade de apreciar a evolução composicional deste quarteto de Illinois; pelo contrário, Oceano abriu-se lentamente, até chegar à fluidez e dinâmica fantásticas que demonstrou neste álbum.
  No espectro ideológico, mantém-se ainda nas letras o pilar de crítica social que até aqui mormente as sustentou, continuando a explorar o conceito metafísico do álbum “Ascendants”. Desta vez, o concílio de entes superiores das quais o fim último da humanidade depende está a discernir se deve interferir ou não na acção dos terrestres, até aqui livre e menosprezada, numa ignorância que nos levou à queda de princípios morais e, ultimamente, à destruição do planeta. Deixamos, para os fanáticos de letras e simbólicas (teehee), o link para algumas notas explicativas de cada faixa, cedidas pelo vocalista, Adam Warren, quem desvelou à Loud um pouco mais sobre esta jornada apocalíptica.



02 - Lucid Reality

   A rebentar de imediato com um riff propício a headbangs e a danças do core, aos 25 segundos esta malha já nos depositou numa vala lamacenta com um breakdown de cortar a respiração. A meio, há uma transição para um tema menos dissonante, precedente a um curto blast beat que vos vai fazer ranger os dentes.

06 - Majestic 12

 Nalgumas das faixas deste álbum, e muito neste riff inicial ao qual nos pode transportar a "Pool Spray" dos renovados Veil Of Maya, sente-se a crescente tendência da produção da banda para a sonoridade “djent” (na qual cada vez mais se especializa também a sua presente editora); são três minutos de oscilações rítmicas interessantes, a finalizar com um tema melódico que será explorado no posterior instrumental.

07 - Final Form


   Não sei se é pelo facto de Oceano aqui nos dar a hipótese de recobrar um pouco da violência vocal, mas este parece dos momentos mais melódicos e das atmosferas mais envolventes que podemos encontrar na sua discografia. Claro que ainda lá está a distorção crespa, a finalização com o breakdown pesadíssimo e tudo o que um buscador do peso quer. Entanto, mais que isso, e apesar de não ser um excerto complexo, nota-se que há uma vontade em chegar a outra margem, numa experimentação composicional e auditiva bem sucedida.





  Oceano não desapontou a sua própria discografia, e enfim, vai quebrando certas barreiras com o tempo, tendo-nos deixado algo merecedor e incitante a várias audições - se não pelos altos questionamentos que nos são sugeridos com as subtilezas vocais (!), pelo menos pela brutalíssima pujança e vitalidade a que esta peça inspira. De resto, a produção e a masterização final estão tão saborosas como um Wellington preparado pelo Gordon Ramsay (não, nunca pude pagar por um desses, mas especulo!)
  Agora só falta trazer o Oceano a esta costa. E que pena que a Tour de Outono com os outros reis Chelsea Grin os não deixe visitar a nossa bela terra.