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Final Veredictum: The Fall Of Atlantis - Secrets Of Dzyan


Se gostam de Metalcore mas estão fartos de músicas genéricas, desinspiradas e sem inovação, então provavelmente vão gostar dos The Fall Of Atlantis e deste "Secrets Of Dzyan", um álbum que tem vários segredos por descobrir.
Os The Fall Of Atlantis são uma banda espanhola, vinda da cidade de Madrid e além do Metalcore, género que os define, bebem também inspiração de música electrónica e Deathcore.
Os seus membros são o vocalista, Eloy Martínez Cañas (Raven), os guitarristas, Monxo Garcia Bustos (Moncho) e Maurizio Cinicolo (Mauro), o baixista Alvaro Yebenes (Varo) e o baterista David Lara Garcia (El Portero del Infierno).
O titulo do álbum, Secrets Of Dzyan foi inspirado pelo "Livro de Dzyan", considerado o livro mais antigo da civilização de Atlântida, mas não é apenas no título e na capa deste álbum que existe misticismo e ocultismo. As letras e titulos das músicas estão repletas de significados ocultos e inspirações de origem religiosa, pagã e da mitologia egípcia.
Dzyan no seu sentido etimológico, designa meditação mística e este é um álbum que sem dúvida tem bastante misticismo associado, quanto à parte da meditação... prefiro fazer headbang ao som destas músicas em vez de estar de olhos fechados, a murmurar.
Secrets Of Dzyan, foi editado em 2018, mas foi apenas este ano que eu descobri a banda, através do seu novo single "Watch Them Burn", que foi lançado em Junho deste ano:


Sekhmet introduz o álbum e tal como referido acima também ela tem um sentido oculto. Sekhmet, a Leoa Escarlate, é a deusa egípcia da guerra das doenças e da cura. 
Logo nesta música vemos as influências electrónicas desta banda que começa por utilizar sintetizadores para nos trazer uma batida bem marcada e que ajuda a definir a ambiência mística que os The Fall Of Atlantis querem que sintamos, rapidamente esta batida é interrompida pelas guitarras e voz de Raven com guturals de cortar a respiração e o típico "Blegh!"
As várias técnicas vocais utilizadas, Guturals, Death Growls e Cleans conjugam-se na perfeição com os restantes instrumentos e também com os sintetizadores que ajudam a dar melodia a esta música.
Swallow Your Lies começa com o grito do  titulo da música e segue-se de mais um toque de electrónica dos sintetizadores que mais parece saído de um jogo retro.
Uma música rápida, gutural e com alguns momentos onde a banda nos começa a desvendar as suas influências Deathcore.
Amethyst (The Hangman) conta com a participação de Diego da banda espanhola de Metalcore/ Deathcore, Teksuo.
Diego aqui aparece como uma excelente adição à música e a este disco, a combinação da sua voz com a de Raven funciona na perfeição, isto aliado a um refrão catchy e uma secção instrumental de peso do ínicio ao fim e temos aqui uma grande malha e um dos hits deste álbum.
Em Dreamer, para mim o destaque vai para a bateria de El Portero del Infierno. Nunca uma alcunha assentou tão bem a ninguém como a este baterista e ao ouvirmos a forma como toca percebe-se bem o porquê.
Aqui ele demonstra bem a sua técnica e esta é até agora a música mais pesada que encontramos nesta primeira fase do disco. As guitarras de Moncho e Mauro oferecem-nos também uns excelentes riffs mais Djenty, bem como uns solos espectaculares que se fundem de forma exímia com os berros de Raven. 
A meio da música os sintetizadores voltam a dar um ar da sua graça, mas aqui, ao contrário de outras bandas a componente electrónica é bem vinda, pois vem acrescentar qualidade à música e não torná-la em algo comercial.
Assim que vi o titulo Kurotetsu andei à procura do seu significado mas sinceramente não encontrei nada de oculto relacionado com isto, o que encontrei nesta música foi uma fortíssima demonstração das influências de Deathcore que inspiram esta banda.
Sobre Fukushu... Actions Speak Louder Than Words é o título da próxima música e eu prefiro utilizar literalmente este mote. 
Quero que nesta sejam vocês a ouvir e a tirarem as vossas próprias conclusões, até porque este foi o primeiro single deste álbum a ser divulgado pela banda e é um dos melhores, por isso vou só deixar-vos com umas breves impressões:
Pesada, melódica e com uma entrega brutal de toda a banda, tem ainda umas notas de piano que ficaram cinco estrelas... mas vejam o vídeo e oiçam a música e depois digam-me se tenho ou não razão:
Actions Speak Louder Than Words é não só um mantra pelo qual nos devemos reger, não, desta vez não estamos a falar da música dos Bring Me The horizon.
Gutural e pesada do início ao fim. 
Esta música ajudou-me a perceber o que já suspeitava, Raven tem uma identidade vocal muito própria e que é só dele, os guturals são pesadíssimos, mas os refrões têm também dos melhores cleans que eu já ouvi e é de aplaudir de pé a capacidade vocal que este vocalista possui, conseguindo alternar facilmente entre estilos vocais tão distintos, o que só demonstra o range que possui.
Lost conta com a participação do vocalista da minha banda espanhola de Hardcore favorita,senhoras e senhores, a fazer a sua aparição no disco dos The Fall Of Atlantis, Felipe Alemán dos Brothers Till We Die. 
Esta é para mim a música mais pesada do disco inteiro e a minha favorita.
Felipe é a adição perfeita a este álbum e esta é uma música que fica na cabeça e que tal como o álbum merece várias audições.
Victim & Witness, vem comprovar o que tenho vindo a dizer ao longo desta review. Electrónica, Metalcore e Deathcore se forem bem utilizados podem resultar e esta música é a prova disso mesmo.
Tetramorph começa com um som dissonante e uma batida de bateria que é irrompida pela voz de Raven que entra sempre a abrir acompanhada das guitarras que expelem novamente riffs mais Djenty. Esta música tem um dos meus refrões favoritos porque faz-me lembrar Hills Have Eyes em início de carreira, mas tem também uns breves toques de electrónica que funcionam com o resto da música. 
Azrael, aquele a quem Deus pede ajuda, também conhecido como Samael é a música que fecha o álbum e aqui vemos mais uma vez uma malha que à semelhança de Lost é outra das mais pesadas do disco. 
Riffs Djenty, o nome Azrael repetido vezes sem conta como se a banda estivesse a invocar o anjo da morte, que é mais um dos titulos conferidos a Azrael. 
É aqui que vemos o culminar da junção de géneros que inspiraram os The Fall Of Atlantis ao longo do disco e que se repercutem num final cataclismico.
Para além desta última música, os The Fall Of Atlantis deixaram-nos ainda uma 12ª faixa com um excelente remix de Fukushu, mas desta vez numa versão diferente, que até incorpora elementos de dubstep. 
Prefiro muito mais a original mas entendo esta faixa só mesmo como um pequeno bónus que a banda nos deixa, após este grande álbum.
Começo por agradecer aos The Fall Of Atlantis, não só por me enviarem este excelente disco, mas também por se mostrarem sempre disponíveis para responder às minhas questões relacionadas com as inspirações ocultas que estão na base deste Secrets Of Dzyan.
Se nunca os ouviram, façam um favor a vocês próprios e vão ouvir esta banda. 
É raro ter uma banda que consegue criar um conceito em volta de um álbum e fazer-nos ter de pesquisar e ouvir vezes e vezes sem conta o seu disco para entender os pormenores que estão escondidos em cada uma das suas músicas.
Além do underground nacional eu vou continuar a tentar descobrir pérolas em bruto do underground internacional que me mostrem algo de diferente e que me consigam captar a atenção como esta banda conseguiu.
Espero que esteja para muito breve o sucessor deste disco dos The Fall Of Atlantis e que seja tão bom ou melhor do que "Secrets Of Dzyan", será difícil, mas a julgar pelo single "Watch Them Burn", creio que não me vão desiludir.