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Final Veredictum: Villain Outbreak - uneven;


Formados em 2013 os Villain Outbreak são uma banda Algarvia de Metalcore, com vários elementos que podem ser considerados cross-over entre géneros.
A banda sofreu várias mudanças de baixistas e bateristas entre 2013 e 2016, mas actualmente é composta pelo vocalista Francisco Martins, o baixista Hugo Costa, o baterista João Dourado e pelos guitarristas Pedro Miguel e Tassilo Martin.
Em 2015 ficaram em segundo lugar no concurso de bandas Musifaro e editaram o EP "No Story For A Hero, Chapter 1" que contém 5 músicas e é uma excelente primeira amostra daquilo que esta banda é capaz de trazer musicalmente. Encontra-se disponível no Spotify e merece a vossa audição.
Uma das 5 músicas retirada do EP é Dear Cliché, que tem um vídeo onde temos acesso aos bastidores dos concertos dos Villain Outbreak e permite-nos conhecer melhor esta banda:


Nos últimos anos têm tocado de Norte a Sul do país e mais recentemente foram a banda de abertura no concerto dos While She Sleeps e dos Rolo Tomassi em 2018.
uneven; é o novo álbum dos Villain Outbreak que em 2019 ressurgem após terem estado em estúdio a trabalhar arduamente e a preparar o lançamento deste tão aguardado álbum de estreia...

I. Hot Blood abre logo o álbum a rasgar com Francisco a gritar "There are no uncertainties, limits are records to break!"
Logo ao ouvirmos estas palavras percebemos que esta banda não veio aqui para brincar, vêm determinados e com pujança.
Esta é uma música com uma letra cativante e uma sonoridade que nos faz mexer e querer fazer headbang.
As surpresas começam logo a ser reveladas na primeira música, neste caso com um convidado muito especial, João Ramos, vocalista dos Hochiminh, que aqui faz uma guest brutal.
Se normalmente há bandas que gostam de começar com uma intro ou uma música mais lenta para quebrar o gelo, os Villain Outbreak optaram logo por dar cartas e fazer All In na primeira música e depois de ouvirmos esta música percebemos que foi a melhor jogada.
II. Rivals foi o primeiro single a ser revelado pela banda e aqui notam-se claramente as influências de Deathcore.
É uma música pesada e uma boa forma de apresentar este álbum.
A letra é fortemente inspirada pela manipulação e controlo político das sociedades e pela falta de valores civilizacionais.
Nesta música há um breakdown brutal quando é proferido:
"If you still think that you are free you just gave up to slavery"
A performance vocal de Francisco nesta música é incrível e aqui ele começa a distanciar-se de outros vocalistas de outras bandas nacionais dentro do mesmo género e a mostrar que tem um range superior.
Não posso deixar de referir a excelente performance na bateria de João Dourado que mostra aqui várias oscilações rítmicas sempre com uma grande entrega e a dar tudo do início ao fim da música.



III. Gone Rogue entra com um excelente Riff de guitarra que eu adorei, mas nesta faixa o destaque vai  para o baixo de Hugo Costa, pois de todo o álbum é a música que tem as minhas bass lines favoritas.
Quanto ao tema esta é uma música que desenvolve o tema das traições, das facadas nas costas e dos falsos amigos. 
Aqui Francisco aproveita todo este tema para experimentar mais uma vez diferentes técnicas vocais, o que para mim só demonstra diversidade e versatilidade artística.
IV. Burning Like A Phoenix é uma música que consegue ser simultâneamente melódica e pesada,
Aqui temos cleans e guturals que funcionam de forma dinâmica e resultam como um todo, combinados com os restantes instrumentos que a acompanham, conforme a técnica que esteja a ser utilizada por Francisco.
Destaco nesta música o grande solo de guitarra e as oscilações rítmicas aqui presentes.


V. Failure Gallery é a minha música favorita deste álbum. A letra fala sobre como por vezes falhamos e não sabemos lidar com isso, ao ponto de essas falhas se tornarem numa galeria.
É sempre bom quando temos uma ligação emocional com uma música e neste álbum estabeleci essa ligação com Failure Gallery.
Em termos instrumentais mostra também uma grande performance de toda a banda e a sua construção musical está qualquer coisa de espectacular, com bastantes dinâmicas entre os instrumentos e a voz de Francisco que resultaram na perfeição.
VI. (The H)it Happened. Pergunto-vos quem é que nunca teve um desgosto amoroso e quando vos perguntaram "então o que é que se passa?", a vossa resposta simplesmente foi, "olha aconteceu..."
É isso mesmo que esta música transmite. Aquele misto de raiva, desilusão e amargura que sentimos ao sermos deixados por alguém que amámos, não há volta a dar, já todos passámos por isso ou alguns ainda estão a passar, suponho...
Apetece-vos partir tudo, sentem-se perdidos, só queriam que as coisas voltassem a ser como dantes mas não voltam, passam na rua e têm a ilusão de ver aquela pessoa que julgavam ser a vossa cara metade e que agora não passa de um fantasma do passado, uma memória.
Esta música expressa tudo isso e vai fazer-vos sentirem-se compreendidos, vão por mim que também já passei pelo mesmo e sei bem o quanto custa.
Vou apenas deixar-vos com este excerto da letra:

When the perfect match isn't a match at all - it happens, it happened.
When you are so low that you have to stand tall - it happens, must happen.
When a story ends so it can finally start- it happens, should happen.
When the body moves, all bones, no heart - it happens, the hit happened. the Hit... The hit happened.

VII. The Streets Speak, à semelhança do que os Avenged Sevenfold fizeram com o tema Streets no seu álbum de estreia, Sounding The Seventh Trumpet, também os Villain Outbreak adicionaram influências de Punk e Hardcore à sua sonoridade nesta música.
Irreverente e totalmente diferente das outras músicas presentes neste disco conta com a participação especial do vocalista David Rosado (Danger Zone,Clean Break, Broken Distance, Pointing Finger, Pressure, Critical Point) que já anda nestas andanças há uns bons anos e isso nota-se.
VIII. Taciturno é um instrumental que antecede a última música
Confesso que achei estranho depois de irem buscar as influências mais Hardcore e Punk e de terem estado a jardar até agora sempre com grande intensidade, introduzirem aqui uma única faixa instrumental, que aparece um bocado desenquadrada e foge um pouco aquilo que está a ser feito no resto do álbum.
Porém, tem os seus aspectos positivos, pois aqui brilham os instrumentais.
Não deixa de ser uma boa malha para aproveitarmos e sentirmos a música, mesmo sem voz.
IX. As Bright As Black é a última malha e conta com a participação do guitarrista João Brito ( Altura, Dimension e Sam Alone).
Se já os dois guitarristas de Villain Outbreak são duas autênticas máquinas, então a adição de João Brito só vem adicionar peso extra a esta música que fecha o álbum em grande.

Os Villain Outbreak melhoraram imenso desde o primeiro EP e isso vê-se na maturidade musical que trouxeram para este álbum.
uneven; é uma grande experiência auditiva e só vem mostrar a técnica, diversidade e aversão ao medo de arriscar que esta banda possui.
Francisco Martins é o Highlight do álbum a sua voz e performance neste disco, coloca-o lado a lado em termos de qualidade, power e entrega, de vocalistas como João Ramos dos HochiminH ou Fábio Batista dos Hills Have Eyes que actualmente estão entre os melhores dentro do Metalcore em Portugal.
Bandas como os Villain Outbreak só nos mostram que o Metalcore em Portugal está vivo, de boa saúde e recomenda-se.
Só tenho pena de estar tão longe se não, não perdia por nada o concerto de apresentação de uneven; que será no dia 31 de Agosto e que além dos Villain Outbreak, contará ainda com a presença dos Pull The Trigger e dos Heaven Can Hate no ARCM Bar em Faro.