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Final Veredictum Inner Blast - Figment of the Imagination



A banda lisboeta de metal gótico, os Inner Blast, após o lançamento do último trabalho, "Prophecy", em 2016, trazem-nos aqui novo material e uma abordagem um pouco diferente ao que usualmente compõem.  "Figment of the Imagination" é um álbum que leva a banda na exploração de novas sonoridades. Pode-se dizer que procuraram imprimir um som mais pesado e um ritmo mais impactante.

O álbum leva-nos por vários ritmos no tocar e cantar. Seja a guitarra, o baixo, a bateria ou a voz. Aqui, para mim o que sobressai muito, e o que me agrada especialmente, é que não desceram o som do baixo e sente-se bem o seu tom grave em todos os temas. Como usual, não vou estar a descrever-vos ponto por ponto cada tema, mas faço-vos aqui um apanhado dos 3 temas que mais me captaram a atenção.

"There's no Pride in This War"
Começam o tema com exactamente o que se espera. Sons de tiros e morteiros, sons de guerra. Começam com um ritmo melódico e lânguido, dando lugar a um bater ritmado e inicia-se um monólogo de alguém que fala sobre a guerra. Então tudo explode, entrando num ritmo alucinante. Os riffs de guitarra rápidos, a bateria contundente, veloz e impiedosa. O baixo com um um som vincado. A nível vocal, temos momentos de "growls" a soar pura raiva, pontuados com vocais limpos e melódicos, que soam a lamentos. Um tema furioso certamente, dado que toca num assunto muito delicado que é o das guerras. Podem escutar aqui em baixo se desejarem.

"Throne Of Lilith"
Este tema tem uma sonoridade mesmo brutal. Começa por fazer-nos lembrar uma melodia arábica, sedutora e envolvente, e, por breves momentos, viajamos para um qualquer palácio no Médio Oriente, numa noite soalheira e cheia de luar. Depois? Depois levamos com um estalo de som que nos apanha os sentidos e nos dá um grande K.O. Partem à desbarida e, numa velocidade galopante, levam-nos a fazer "headbang" do bom. Aqui o que sobressai é a bateria, que lhe dá um ritmo mesmo poderoso. Muito gosto eu de sentir uma bateria que soa como cavalos a galope. Guitarra a rasgar por todo o tema e o baixo sempre a rematar a melodia. A vocalização aqui leva-nos a altos e baixos nos melódicos e guturais, puxando pela performance de Liliana, particularmente os seus vocais limpos, nas partes com árias vocais do tema e nos guturais, em que imprime uma ferocidade na voz que sentimos mesmo na alma o "the fire burning through the soul", que ela canta, por assim dizer. Podem aproveitar e ver e escutar o tema filmado ao vivo, aqui no lançamento do álbum no passado dia 22 de Novembro no RCA Clube em Lisboa.
"O Teu Veneno"
A agradável surpresa do álbum e definitivamente o tema que mais gosto. A canção "O Teu Veneno", cantada em português, é a gema deste álbum e serve para exemplificar o quanto um registo vocal pode ser diferente, não muito diferente, mas a notar-se a particularidade de que o soar em português funciona muito bem neste tipo de género do reino do metal. A minha sugestão é que mantenham para futuros trabalhos a possibilidade de incluírem um tema em português. De resto está bem ritmado, como sempre "riffs" rápidos de guitarra, baixo de fazer acelerar o coração e bateria sempre bem presente e a voz de Liliana a mostrar ali a sua pujança. Tema bem construído e agradável de se escutar. Disponibilizamos aqui.

Poderá haver quem discorde com a minha opinião de atribuir a pontuação máxima, mas lembro que esta é a minha opinião e que cada um deve tirar as suas ilações e construir a sua própria opinião. Do ponto de vista de sonoridade, a banda apresenta-nos um bom trabalho, nota-se perfeitamente a evolução que tiveram de um álbum para  outro, não se limitaram a trazer mais do mesmo, exploraram e experimentaram novas sonoridades e técnicas e mostram o grande empenho que têm em ser cada vez melhores.  A nível instrumental continua a sentir-se no seu som a experiência e a técnica dos seus músicos e, a nível de voz, sente-se a evolução e escuta-se a técnica demonstrada e que tem vindo a ser apurada pela sua vocalista que, inclusive, se nós fecharmos os olhos até pensamos que são duas vocalistas nos diferentes registos melódicos e guturais. Álbum sólido e um belo tesouro para quem é fã desta grande banda e que certamente irão amar e guardar com muito carinho para toda a sua vida. 
E deixo aqui uma nota pessoal para a banda toda: "Inner Blast, é um prazer poder ver-vos crescer e do fundo do coração o que mais desejo é o vosso maior sucesso e que eu possa cá estar para vos acompanhar e apoiar enquanto as minhas forças o deixarem. Obrigada pelos momentos de prazer e alegria que me dão quando vos escuto". Além disso, dedico esta "review" ao meu caro amigo Nuno Andrade, que tanto carinho tem por esta banda e que sempre me incentivou a escrever e a partilhar com toda a gente aquilo que tão bem sei fazer. Daí ter pedido aos meus colegas da equipa do Not'Abaixo que fosse eu a escrever esta humilde review. Um abraço a todos!