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FINAL VEREDICTUM - After The Burial - Evergreen

Os After The Burial brindam-nos desta vez com um álbum que tem uma atitude completamente "in your face". É uma banda que sempre lidou com o género do "deathcore" e que acabou por se aventurar pelo reinado do "djent", que, para quem não está familiarizado, é o som da guitarra através de distorção pesada, tocando de forma ritmada o "riff" da guitarra, e que é processado ​​digitalmente, usando-se também a técnica do "palm muting", uma  técnica usada para diminuir a intensidade do som das cordas quando se tocam, isto dito da forma mais simplista possível e é também daí o famoso termo "as low as it gets" ou "got djent?" ("djent" é a onomatopeia do som).

O álbum é um álbum pesado, bruto e que nos soca na cara. Carregado de "riffs" harmónicos poderosos e uma bateria acutilante. O baixo, e infelizmente por ser uma banda que debita "djent", desaparece na mistura e mal atravessa o poderio da guitarra. Todo álbum merece ser escutado na íntegra, com grande prazer na sonoridade que debita e, a quem apreciar o género, é tudo aquilo que procuram. Preparem-se para uma viagem no virtuosismo de uma guitarra de 8 cordas, pela mão de Trent Hafdahl. Do primeiro ao último tema, tenho alguma dificuldade em destacar um ou outro, porque todos são excelentes de se escutar, mas, no seguimento de raciocínio que utilizo usualmente, e dado serem todos de acordes tão pesados, com solos de guitarra virtuosos, deixem-me então falar dos temas que ressoaram mais comigo, de uma forma ou outra.


"Behold The Crown"
"All those who oppose us pushed down and stamped out
Behold the crown of misery
A question of violent faith, to question all of Man"
Entram a matar com "Behold The Crown", com muito "djent" à mistura, guitarras que "guincham" (pitch harmonics) e solos de deliciar.  É uma estalada na cara em definitivo. Aqueles berros partem qualquer um e os "breakdowns" inseridos são do mais "down" possível. Adorei a letra também. Tema que nos leva a ranger os dentes de excitação, tal é o "power". Podem espreitar aqui:


"Quicksand"
"I can feel it, it pulls at me
I can feel it, it's gripping me
Not ready now I won't give in
This life won't end
Sunk in this meaningless sand"

Este tema apanhou-me de surpresa quando o escutei a primeira vez. Num álbum tão ritmado e veloz, surge aqui este tema com um "vibe" negro e melancólico e um compasso mais lento. Através do tema sente-se esta angústia, tanto nas vozes, (vocalista e backing vocals), como nos lamentos da guitarra, com os seus acordes dados o mais "djent" possível, que mais lembra um baixo, do que uma guitarra. Cada um desses acordes ressoou comigo e, penso que tem também a ver como ultimamente me sinto. A afundar-me em areias movediças. Espreitei a letra e tem tudo a ver, logo já me predispõe a escutá-lo com um peso no coração. E aquela agonia de vozes em coro a murmurarem "I can feel it, it pulls at me //I can feel it, it's gripping me" faz com que me perca no tema e o escute várias vezes em loop.


"Exit, Exist"
"Do we feel what we cannot touch
Can we pull ourselves from the rust"
O tema começa com uma cavalgada rítmica de guitarra, que não pára até ao fim, sendo pesado e destrutivo. Aqueles coros etéreos, que atravessam o ar, a guitarra em distorção violenta, que geme por todos os lados, a raiva e a dor que se sente a escutar o tema, a letra que ressoa comigo e prontos, combinação mortal para me deliciar a ouvir e estar tempos infindáveis a derreter o Spotify com esta faixa. Aqueles berros diabólicos fazem do tema, um tema agressivo e poderoso. Aqui sente-se um pouco mais a bateria, que dá aquele ritmo de corrida. Mais uma vez o baixo desaparece na mistura e a aquela guitarra domina e dá um ritmo infernal ao tema. Se desejarem podem escutar aqui em baixo.


A banda entrega-nos novamente um álbum de partir qualquer um que goste do género, às vezes nem sei como deixei passar este lançamento. Mais uma vez provam porque são mestres do "djent", e este álbum exemplifica isso com grande distinção. Mais uma vez, grande elogio para a guitarra, que domina por completo o álbum, relegando a bateria e o baixo para protagonistas secundários, atrevendo-me mesmo a dizer que até relega os vocais para segundo plano. Se gostas de "headbang" brutal, "breakdowns" de morrer e ritmo infernal então este álbum vai agradar certamente.