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FINAL VEREDICTUM - Betraying the Martyrs - Rapture

Os franceses Betraying The Martyrs lançaram este último Setembro o quarto álbum da sua discografia, intitulado "Rapture". O último trabalho foi o "The Resilient", lançado em 2017. Com este álbum esperava-se uma enorme evolução ou o subir de um grande degrau, mas, apesar do álbum, como um todo, ser sólido dentro do género do metalcore, soa muito a mais do mesmo. Com isto não quero dizer que o álbum não seja bom, digo somente que é um pouco mais do mesmo.

Continuamos a ser agraciados com esta mistura de metal/deathcore, com os vocais guturais de Aaron Matts a fazer delícias e os vocais limpos de Victor Guilette a arrancarem suspiros. Todo o álbum é uma mistura da já bem coreografada sequência de "breakdowns", "blastbeats" e pontuados por solos de guitarra deliciosos. Temos em vários temas a inclusão de máquinas e sintetizadores e ainda piano e teclas. Como de costume gosto de vos falar dos temas que mais "falaram" comigo e que são "Iron Gates", "Parasite" e "Monster". Dou, aqui, uma referência rápida a "The Sound of Letting You Go", que a mim me provoca sempre  uma lágrima no canto do olho, dado que parece uma qualquer canção que se escreveu como despedida para alguém especial e que já cá não está. (Tenho que procurar saber se é alguma homenagem)
"Iron Gates"
"Take me there
Take me to the iron gates again
Your body, still and cold //Your body, still and cold
I feel so alone"
De referir a "intro" com os coros angelicais, a inserção de uma secção de piano que fica um "must", um "breakdown" brutal a meio e ainda com uma bateria a irromper através da melodia que ressoa e torna este tema único. Toda a letra é tocante, mas adoro a forma cantada de "Before you die// spread those wings // Bid the child farewell for me // Say goodbye, say goodnight // Dark become my life." Uma mistura de guturais com vocais limpos que são uma delícia. 


"Parasite"
"Let's settle the score, we're going to war
I'm over falling for your fucking traps
It's taking control, destroying my soul
I'll feel better once these walls collapse"
Adoro particularmente esta faixa, porque aqui as vocalizações são muito vincadas e onde vocalista e "backing vocals" dão toda a emoção ao tema. A letra, toda ela é uma homenagem às lutas internas e externas, com demónios figurativos e reais. Os coros melódicos arrepiam e os versos guturais derretem. A bateria mais uma vez imponente e impiedosa. Os "riffs" de guitarra também marcantes e o baixo até conseguiu dar o ar da sua graça, complementado a sonoridade e dando-lhe aquele toque especial. A banda através da Sumerian Records teve direito a um vídeoclipe fenomenal, que podem espreitar aqui.

"Monster"
"I'm over trying to hide
This is who I am
I'm over trying to hide
This is who I am, this is who I am
Just a fucking monster!"
Absolutamente o tema do álbum que eu mais adoro. Gosto particularmente da letra, que tanto me diz, dado que às vezes é o que dá vontade de berrar para o mundo inteiro. O tema começa com um ritmo rápido de bateria e irrompe num berro "I'm a fucking monster" e temos então o ritmo acelerado para o resto da faixa. "Riffs" velozes de guitarra, vincadas de fúria. Momento alto para mim com o coro melódico de: "I'm not afraid to embrace the pain nor the hate // This is who I am, it's who I am! // Please, don't try to save me // Let me slip, slip away". Até dá gosto de acompanhar, porque sente-se mesmo o desespero na voz de Victor e se escutarem com atenção, sobreposto temos Aaron a rosnar a mesma última frase bem baixinho. Inserem aqui um solo de piano e sintetizadores para nos fazer deliciar. E para surpresa final um "breakdown" brutal para terminar em grande com "gang shouts" a fazer lembrar "post-hardcore". A gema do álbum com toda a certeza. Adoro!


A banda, apesar de nos entregar aquilo que acho uma brutalidade de álbum, para o género em questão, deixa um pouco de amargo na boca, porque parece que estamos a escutar uma continuidade dos seus anteriores trabalhos, abusando da mesma fórmula, inserindo o mesmo tipo de ritmos, os pianos e coros melódicos. Para fãs do género será uma delícia, aos que não são muito possivelmente passa-lhes ao lado. Por essa mesma razão somente atribuí o 4, esperando que num próximo trabalho haja alguma evolução. Mas recomenda-se vivamente. Espero ter -vos aguçado a curiosidade e até uma próxima.