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FINAL VEREDICTUM: LACUNA COIL - BLACK ANIMA


A banda mais proeminente da Metal scene italiana está de regresso com Black Anima.
Os Lacuna Coil já andam nestas andanças há duas décadas e sempre se assumiram com uma postura camaleónica quanto à sua sonoridade, apostando sempre na diversidade e inovação nos seus trabalhos de estúdio e talvez por isso hoje ocupem o lugar de destaque que têm actualmente.
O antecessor deste nono álbum de estúdio Black Anima, Delirium foi lançado em 2016 e para além desse álbum, os Lacuna Coil andaram também ocupados com a gravação de The 119 Show - Live In London, talvez até à data o concerto mais teatral da banda com a presença de sinistros elementos circenses. Não acreditam? Então vejam o vídeo de Blood, Tears Dust, gravado nesse concerto e digam-me se tenho ou não tenho razão...



Anima Nera começa o álbum com a voz de Scabbia a sobressair por entre a melodia sinistra e negra do piano que a acompanha.
Esta música mostra a pele camaleónica que referi acima em relação à sonoridade dos Lacuna Coil e apesar de diferente é uma boa música, mas não me conquistou logo, apenas após repetidas audições, tal como tudo o que é diferente.
De referir também a sinistra repetição da frase em italiano "Cosa ne rimane della mia anima nera?" que traduz-se para português por: "O que resta da minha alma negra?"

Sword Of Anger é uma história completamente diferente com um tom muito mais pesado, estes são os Lacuna Coil que eu cresci a adorar e a voz angelical e melódica de Scabbia aqui mostra uma prestação muito melhor do que na anterior.

Reckless segue os passos da anterior e conquistou-me logo à primeira audição pesada e melódica é sem dúvida mais uma banger.
Com riffs de guitarra pesadíssimos e com a bateria do recém chegado Ryan Blake Folden a fazerem maravilhas é um dos destaques de todo o álbum.


Layers Of Time foi um dos singles que me cativou logo da primeira vez que o ouvi e aqui vêmos os italianos a darem tudo de si numa surpreendente música que consegue combinar a melodia e o peso de forma simbiótica e o resultado é excelente.
Scabbia tem um lindo refrão e o contraste com a guturalidade na voz de Andrea Ferro, em conjunto com as brutais bass lines de Marco Coti Zelati resultam formidavelmente numa grande combinação de peso, melodia e instrumentalidade que só uma banda como os Lacuna Coil com vinte anos de experiência consegue atingir. 


Apocalypse começa com um tom antémico mas embala-nos numa melodia de sintetizadores e guitarras que resultam de forma bastante orgânica.
Apesar de mais calma do que as anteriores, resulta bastante bem e acredito que também irá agradar bastante aos fãs das músicas mais calmas dos Lacuna Coil que não procuram somente o peso da banda, mas também apreciam as secções melódicas que estes conseguem trazer.
Aqui temos um incrível solo de guitarra pelo virtuoso Diego Cavallotti.

Now Or Never mostra inspirações de géneros mais pesados na voz de Andrea Ferro mas a instrumentalidade gótica pela qual ficaram conhecidos mantém-se e a voz de Scabbia mostra uma banda fiel às suas raízes mas sem medo de arriscar novos territórios na sua sonoridade.

Under The Surface mantém o peso da anterior com a voz de Andrea Ferro a ser novamente um destaque mas Scabbia é a rainha da banda e por isso mais uma vez sobressai ao longo de toda a música com a sua voz dinâmica e cativante.
A bateria de  Ryan Blake Folden volta a notar-se aqui e é de louvar a forma como este recém chegado baterista se adaptou tão bem à dinâmica dos Lacuna Coil.

Veneficium remete para o lado mais sinfónico dos Lacuna Coil e mostra a incrível capacidade de mutação vocal desta banda e as dinâmicas que conseguem trazer à sua sonoridade.
Um verdadeiro ballet de destruição sob a forma da música é para mim mais um dos destaques deste álbum que tem a capacidade de captar a atenção do ouvinte trazendo sempre algo novo e inesperado.
Scabbia é exímia na sua performance vocal e surpreende pelas notas mais altas que aqui atinge, mas para quem já segue há anos o trabalho desta banda esta é apenas mais uma demonstração do incrível talento da banda de Milão.


The End Is All I Can See mostra os Lacuna Coil a abraçarem alguns elementos electrónicos na sua sonoridade transmitindo uma atmosfera dissonante e díspar do resto das músicas que aqui encontramos.

Save Me volta a deambular por caminhos mais experimentais e a procurar uma nova identidade sonora do que a conhecida pelos fãs dos Lacuna Coil, mas é para mim um dos temas menos bem conseguidos de todo este Black Anima.
Se até aqui a banda tem vindo a surpreender, esta música ficou um pouco aquém se comparada com as restantes do álbum.
Em contrapartida, gostei do momento spoken-word com que somos presenteados, resulta bem com o tema da música.

A faixa-título Black Anima já volta ao estilo clássico dos Lacuna Coil.
É uma música que fecha este grande álbum na perfeição com a voz singela de Cristina Scabbia a contrastar com a guturalidade de Andrea Ferro.




Para além da versão standard, existe uma versão com mais três músicas "Black Feathers", "Through The Flames" e "Black Dried Up Heart, que a meu ver valem bastante a pena pois não deixam de ser tal como o nome indica, um bónus trazido pela banda de Milão, que não cessa de surpreender e que com Black Anima volta a suplantar o seu nome nos compêndios da história do Metal com um álbum que tem um pé no passado mas mantém também um olhar posto no futuro.


Os Lacuna Coil são um dos grandes nomes confirmados para o Laurus Nobilis 2020, juntamente com Decapitated, Venom Inc., The Agonist e Hate, ao lado dos portugueses GAEREA, Sacred Sin, Prayers Of Sanity, Moonshade e Basalto
Um cartaz que já se afirma de Luxo trazendo a Famalicão alguns dos melhores nomes de diferentes géneros de Metal nacionais e internacionais numa edição a não perder.
Nós aqui no Not'Abaixo já andamos a pensar a que festival/ festivais vamos e vocês deviam fazer o mesmo pois 2020 afirma-se já como um ano com excelentes confirmações e a presença dos Lacuna Coil após o lançamento deste Black Anima vem ajudar-nos a facilitar a nossa decisão...