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Final Veredictum: The Devil Wears Prada - The Act


Álbuns que falam sobre depressão tendem a ter um maior impacto sobre mim e quando se trata de uma das minhas bandas favoritas de Metalcore ainda mais.
Tive a oportunidade de ver os The Devil Wears Prada no Resurrection Fest em 2017, já conhecia a banda mas desde aí que comecei a acompanhar de mais perto o seu trabalho e desde que soube que iriam lançar este The Act que fiquei bastante empolgado.
Pois bem chegou a hora de dar o meu veredicto a este álbum.


Switchblade começa o álbum com guitarras distorcidas e um som dissonante aqui a voz de Mike Hranica a mostrar aqueles guturals berrantes que todos os fãs apreciam. Logo nesta música sente-se um sentimento de urgência em expurgar os demónios que consomem a sua alma.


Lines Of Your Hands foi o primeiro single revelado pela banda e está é uma música que não só tem peso como é melodiosa, combinando os guturals do vocalista com uma voz feminina angelical e harmoniosa que aparece no meio da música.



Chemical é sem dúvida a minha música favorita de todo o acto é que é uma perfeita demonstração daquilo que se sente quando estamos deprimidos rodeados de dúvida, sem uma razão para nos levantarmos. Esta música é uma retrospectiva reflexiva onde nos é explicado o que o vocalista sentiu durante esses tempos mais negros.
"It's ONLY chemical" é quase como uma desculpa para o sentimento de impotência face à realidade que se vive durante esta fase.



Wave Of Youth remete para estes tempos em que o vocalista estava a tentar lutar contra a maré mas é levado para dentro da onda e sente-se a afogar no desespero.
"You can't understand it happened again..."



Please Say No é um pedido de ajuda sob forma de música é que nestes tempos de desespero o que acontece é que ficamos completamente vulneráveis e é por isso que é repetida várias vezes a frase "Please Say No, think about when she was in your arms..."
Uma música bastante melancólica com um pequeno tom de agressividade pelo meio.



Segue-se The Thread que mostra o lado mais post-hardcore dos The Devil Wears Prada com guitarras berrantes mas com aquele tom emo no refrão.


Numb começa com uns acordes de guitarra acústica mas vai tendo um build up onde o peso vai aumentando aqui os clean vocals são on point e conjugam-se com a guitarra acústica de forma exímia.
Após o build up ouvimos novamente os gritos e a guitarra eléctrica a derramar peso.
Numb fala sobre o sentimento de não sentir absolutamente nada um limbo de falta de emoção que parece não querer desaparecer por mais que se tente.


Isn't it strange? Fala sobre a dúvida e é mais uma música de post-hardcore bastante carregada de sentimento e que nos leva para o turbilhão de emoções sentidos neste estado e do qual não conseguimos sair.
Aqui volta a existir um sentimento de urgência nas palavras proferidas e também no ritmo da música.


Diamond Lost fala sobre a perda de uma forma diferente e leva-nos para uma procura que não dá em nada. É completamente diferente de tudo o que consta neste álbum e isso é mau? Não, antes pelo contrário.



As Kids é a minha segunda música favorita deste álbum fala sobre os tempos de infância e como tudo era mais simples, um tempo de felicidade e onde os problemas não existiam. Mais uma música melancólica onde os cleans e guturals se conjugam de forma harmoniosa.
Temos aqui também um toque de hardcore estilo Code Orange ou Converge que eu adorei com um Downtempo bem acentuado.



Even Though apesar de ser uma música que começa com o som da natureza é super pesada e é um desabafo sob forma de música.
Fala sobre a tempestade vivida nestes tempos negros e sobre as palavras não ditas e erros cometidos.
Com bastantes oscilações rítmicas a nível instrumental que acompanham o que é dito é a junção perfeita entre voz e instrumental.



Spiderhead encerra o álbum com peso de guitarra e berros gritantes com alguns dos melhores vocals e instrumentais da carreira dos The Devil Wears Prada que fecham este excelente álbum com chave de ouro.



Este é até agora o meu álbum favorito de 2019.
Tenho estado a devorá-lo com inúmeras audições de uma ponta à outra e foi para mim uma excelente surpresa de uma das minhas bandas de Metalcore favoritas. Este é na minha opinião o melhor álbum de The Devil Wears Prada onde não há uma má música e onde todo o álbum foi construído de forma bastante coesa e com uma linha condutora e uma temática bem definidas, além disso identifico-me com todas elas, daí ter decidido incorporar todas as músicas nesta review, mas este álbum tanto funciona como um todo, como qualquer uma destas 12 músicas podiam ser singles.
Escolhi este álbum também porque ontem dia 10 de Outubro assinala-se o Dia Mundial da Saúde Mental e este é um tema que tem de ser falado e abordado na arte e nos meios de comunicação sem estigma e sem tabus e é isso que este álbum faz.
Espero que os The Devil Wears Prada venham a Portugal brevemente apresentar este álbum, por isso promotores tratem disso.
Facto curioso esta review foi feita na íntegra no telemóvel em dois lugares, no café e no autocarro com dados móveis, e headphones apenas, tudo isto para que não vos falte nada.