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FINAL VEREDICTUM - Shaped By Fire - AS I LAY DYING


Suspeita, sou muito suspeita. Para mim, banda pilar do "metalcore", e que sempre ditaram o nível pelo qual eu aspiro em bandas dentro desse género, tendo tido o seu último trabalho lançado em 2012, o "Awakened". Os As I Lay Dying, após um interregno de mais de uma década e, após os problemas de justiça enfrentados por parte de Tim Lambesis, trazem-nos aqui um álbum que, pode não primar pela originalidade ou por grandes inovações, mas que prima pelo fogo que traz e pela velocidade que imprime na sua sonoridade. Dávamos esta banda como perdida e acabada, mas aqui vêm eles, tipo fénix, renascer moldados pelo fogo puro. Como não havia eu de amar este álbum, quando me revejo em tantas letras e na fúria e agressividade que disparam na nossa direcção? E que dizer deste fogo!! Pegam em "Burn to Emerge" e literalmente entram em modo de demolição até ao final. Que dizer da delícia sonora que é todo este álbum? O meu Spotify só me informa que esta é a minha "Heavy Rotation", desde que o álbum saiu no passado dia 20 de Setembro com o selo da  Nuclear Blast Records.

Para mim, todo o álbum é uma explosão sonora de bateria, guitarras e gritos e berros daqueles bem altos. A bateria domina por completo este álbum, dando-lhe o ritmo e andamento, que é comparável a um míssil terra a terra. Dou mais que parabéns ao Jordan Mancino, que foi rei e senhor neste álbum.  Poderia perder aqui o resto do tempo a dissecar todas as faixas uma a uma, mas, dada a a grande semelhança entre todas, no que diz respeito a ritmo e a velocidade, vou destacar as 3 que mais me marcaram no álbum.
"Shaped By Fire"
"Like iron shaped by fire
We aren't born this way
Shaped by fire
We are reborn through pain"
Um tema que me fez suspirar profundamente e escutá-lo encantada da vida, dada a petulância na voz de Tim, com os "backing vocals" melódicos de Josh Gilbert e os "chorus" do refrão. Guitarras a rasgar e temos também direito a um lindo solo de guitarra por parte de Nick Hipa, que se repetirá em vários temas, ou não fosse esta uma banda que não se esqueceu de incluir brilhantes solos de guitarra. A bateria reina forte e bem alto. Sentimos aqui o fogo da paixão deles e que, para mim consume a banda e tudo em seu redor. Somos também moldados pelo fogo e pela dor na vida real, tal e qual como se faz ao ferro.  Bater nele impiedosamente para o moldar e o fazer chegar à forma perfeita. As letras são envolventes e com um grande significado para quem, de um estado quase morto, regressou à vida e renasceu das cinzas... daí a minha analogia com a Fénix. O refrão fica na cabeça e, acho que não é preciso muito para nos identificarmos com esta lenga lenga. Este tema teve direito a um vídeoclipe oficial, que aconselho a irem ver, e depois vejam, vejam lá o lindo fogo que rodeia a banda, vejam a fúria no ar e gestos de Tim,  vejam a agonia dos protagonistas e na beleza do que é ser consumido pelo fogo. 
"GateKeeper"
"You're a gatekeeper
Blocking the entrance to nowhere
You're a gatekeeper
Trying to keep others in despair"
Para mim, definitivamente o tema que tem em absoluto tudo o que amo numa banda. Força, carga adrenalínica, velocidade estonteante de se adorar profundamente, ao ponto de se escutar em loop montes de vezes e em todas essas vezes sentirmos um prazer imenso. Prazer naquele impiedoso martelar de bateria, que aqui demole tudo. Que se sente no peito, que até parece que o teu coração muda o ritmo para acompanhar a bateria. De fazer "headbanging" do duro, dar murros no ar e berrar tal e qual como Tim aqui berra. Berra pura agressividade. De cortar a respiração. É estonteante a velocidade em tudo, guitarras, baixo, bateria e voz. Costumo brincar que este tipo de ritmo serve perfeitamente para a velocidade com que raciocino, mas a verdade seja dita, é mesmo.  Tem laivos de "thrash", quase que se pode chamar de "thrashcore". Não tem nenhum momento calmo ou lento. É a abrir do início ao fim.  Uma pura bomba sónica e, caramba, não faltarão adjectivos da minha parte para descrever este tema. (Aproveitem e deliciem-se aí com o vídeo)
"My Own Grave"
"Buried alive inside of my own grave
And there's no one else to blame
Buried alive inside of my own grave
What I'd become
Buried alive inside of my own grave"

Tema especial e lindo, quase bate pontos junto com "Gatekeeper", são as duas malhas do álbum que mais me dizem, porque ambas falam de frustração, de perda, de reconquista e de reconstruir o anteriormente perdido. De lidar com as consequências dos nossos actos e de como afectamos, com essas acções, o ambiente à nossa volta. O tema começa com um "chorus" lindo e dramático, que ecoa pelo ar e, aos 45 segundos aquele berro desesperado de Tim diz tudo. A frustração de se ter errado e  de se ter que viver com as consequências. Apesar de aqui o registo instrumental continuar pautado pela mesma velocidade, tanto nos riffs de guitarra e na bateria rápida, tema pejado de "breakdowns" e "blastbeats", a gosto de qualquer fã de "Core", são especialmente as vocalizações que mais me falam. Tim, neste tema em particular, transmite tão bem a frustração, escuta-se isso em algumas frases, por exemplo "what I'd become" e o desespero noutras, como por exemplo "beneath my lies" ou "beneath my pride, crushing me", até ao lamento mais marcante: "my own grave". Tim aqui berra desesperado e dá-nos um "growl" de arrepiar. Os melódicos e "backing vocals" quase se assemelham a um cântico de batalha, ficando eu com uma sensação de ser algo épico. Tema bastante forte, que também teve direito a vídeoclipe oficial, que podem espreitar aqui.


Embora a maioria das músicas vá muito pelo habitual do: - verso, seguido de "chorus" e depois espetar um  "breakdown", seguido logo do habitual solo de guitarra, não fica aborrecido ou repetitivo. Colocam ênfase no que dizem, porque penso que o sentem profundamente. Torna-se complicado escolher uma melhor música do álbum, o que pode ser mau ou bom. De um lado, não há faixas que se possam mesmo mesmo destacar, mas por outro lado, isso acontece porque todos os temas são especialmente impressionantes, talvez não na componente técnica, mas no nível de energia que entregam. Definitivamente para mim o álbum do ano a nível do género "metalcore". Poucas vezes encontro a nível de bandas temas que me façam sentir todas as emoções, tal como este álbum me faz sentir.  Não obtém a pontuação 5,  dado que não trouxeram nenhuma inovação ou evolução, mas que é um álbum fenomenal é. Mais uma vez esta é a minha humilde opinião, sendo sempre o meu intuito aguçar a vossa curiosidade para irem escutar o álbum.