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Discographia Vitae: Thy Art Is Murder


Luis - Os Thy Art Is Murder são A banda de Deathcore, actualmente.
A banda australiana já sofreu várias alterações no seu line-up, mas actualmente é composta pelo vocalista CJ Mcmahon, que apesar de ter deixado a banda em 2015, regressou para agrado dos fãs em 2017, lançando o single No Absolution, pelo baterista Jesse Beahler que substituiu Lee Stanton pós este deixar os Thy Art Is Murder, antes das gravações de Human Target começarem, pelos guitarristas Andy Marsh e Sean Delander e pelo baixista Kevin Butler. O primeiro EP conta com a participação do vocalista Brendan Van Ryn, mas é o único, sendo que no seu sucessor e em todos os restantes álbuns os vocals são de CJ Mcmahon.
CJ Mcmahon além de Thy Art Is Murder já fez várias aparições em músicas de outras bandas, como é o caso de Caliban, In Hearts Wake, CABAL e VEXED, apenas para mencionar algumas das participações do vocalista.
Vocês devem estar a pensar ok isso é tudo muito bonito, mas ainda não explicaste o porquê de serem A banda de Deathcore, actualmente. 
Passo a explicar... 
No Deathcore temos como referências Suicide Silence, Whitechapel, Bring Me The Horizon, Chelsea Grin, All Shall Perish e Carnifex, apenas para mencionar alguns dos nomes mais influentes do género, onde é que aqui se encaixa Thy Art Is Murder perguntam vocês?

Simões - Não perguntei, mas agora também quero saber. Só estou aqui porque curto bastante da banda.


Luis - Em 2008 os Thy Art Is Murder estrearam-se com o EP Infinite Death, composto por 5 músicas.
Não quero saber de críticas feministas, Whore to a chainsaw é até hoje uma das músicas mais conhecidas da banda e é sem dúvida uma grande banger que ficará para sempre na sua discografia e nos memes. 
Um bom começo para uns Thy Art Is Murder que aqui ainda estavam a dar os primeiros passos.

Simões - Para primeiro projeto temos uns Thy Art sem CJ e num registo muito diferente do que iríamos conhecer com o passar do tempo. As letras são mais desagradáveis mas tecnicamente falando é um trabalho coeso para uma banda pequena, era o surgimento do Deathcore e ainda pouco se falava disto no meio, tendo ali muita inspiração do que de melhor se fazia no Death Metal como Cannibal Corpse. Temos também uma técnica que eles desaprenderam com o tempo, musicas como Infinite Death possuem bastantes variações de tempo e ritmo o que metia muita banda de DeathMetal num chinelo na altura. Eles eram bons.





Luis - Um ano após Infinite Death os Thy Art Is Murder regressam a estúdio. Desta vez para trazer ao mundo o seu álbum de estreia "The Adversary".
Composto por oito músicas, este álbum marca a primeira aparição de CJ McMahon como vocalista da banda e sem dúvida resultam melhor com ele.
The Adversary tem tudo aquilo que podemos procurar num álbum de Deathcore: Death Growls e Low Growls, Riffs pesadões, Breakdowns intensos, mas também já ouvimos aqui as influências do Black e do Death Metal, que vão continuar a marcar presença em álbuns futuros.
Eu fiz o exercício de ouvir primeiro The Adversary e depois Conjuration, o álbum dos Behemoth lançado em 2003 e é fácil perceber que a banda de Nergal inspirou fortemente os Thy Art Is Murder neste álbum de estreia e continua ainda hoje em dia a ser uma forte fonte de inspiração.

Simões - Não há que negar que as influencias do Black e do Death Metal estão lá. Este álbum ainda se faz sentir nos confins do Deathcore como um dos melhores. Eles tinham a técnica e a garra. Músicas como Laceration Penetration ou Soldiers Of Immortality até arrepiam a espinha. 
Em termos de lírica, estavam mais "family friendly" (dentro do possível). Na altura ganhava quem tinha os melhores Breakdowns, e se Thy Art não teve o prémio no ano em que lançou The Adversary, então passados 4 anos o título tinha de ser deles.




Luís - Foi com o álbum Hate, lançado em 2012, que os Thy Art Is Murder começaram a ser conhecidos dentro do Deathcore.
Reign Of Darkness e The Purest Strain Of Hate são as duas primeiras músicas deste álbum e com o tempo atingiram o estatuto de clássicos do género.
Ao lançarem este álbum os Thy Art Is Murder além de conseguirem aumentar a intensidade e complexidade da sua música, conseguiram deixar de lado alguns dos clichés do Deathcore e isso foi alcançado porque a banda conseguiu trazer novos elementos técnicos inovadores. 
Ainda hoje este álbum é tido como uma referência, mais que não seja por trazer algo de novo a um género que na altura, em certa medida, estava um pouco estagnado.

Simões - Isto já começa bem, Reign Of Darkness é A música de Deathcore. Faz parte de tudo quanto é playlist do subgénero e é guardada no coração de muito boa gente que curte não só musica pesada como boa música.
Um pequeno facto desinteressante para muitos mas que eu guardo no coração, foi com este album que eu comecei a dar passos de astronauta dentro do metal mais pesado. Sim, foi só em 2013. Tarde mas a tempo 😋
No entanto o álbum em si é pouco mais que Breakdowns e toda uma soma de elementos que eles já tinham nos anteriores só que mais polidos. Em termos liricos dou-lhes um boost, já começavam a falar do que hoje em dia é típico de uma banda de Deathcore - morte e destruição.
Não é um mau album mas não o considero um pináculo, muito menos o Magnum Opus que toda a gente fala. No entanto, não desmerece o mérito que possui e é sem duvida um bom álbum.





Luís - Holy War é até hoje um álbum que tenho em grande consideração, porque foi graças a ele que descobri os Thy Art Is Murder. 
Só posteriormente me aventurei a descobrir a restante discografia, mas assim que o ouvi fiquei rendido e tornei-me fã da banda.
A faixa-titulo Holy War mantém-se até hoje entre as minhas músicas favoritas de Thy Art Is Murder, assim que oiço aquele riff introdutório e a voz de CJ sinto-me como se estivesse a ouvir a banda pela primeira vez e isso não é algo recorrente.
Coffin Dragger que conta com a participação de Winston McCall, vocalista dos Parkway Drive foi também uma excelente surpresa.
A composição das músicas têm uma maior diversidade e complexidade técnica e isso é visível em quase todas as músicas, mas destaco Light Bearer e Naked and Cold.
Se Hate colocou os Thy Art no mapa foi Holy War que fez cimentar o seu legado.

Simões - Mais madura e coesa, é assim que a banda se apresenta neste álbum. É um misto de grandeza com tentativa-erro. O mundo do Deathcore andava parado, nunca foi um subgénero muito dado à diferença e à experiência. No entanto, Thy Art revelaram não ter medo de atacar e com musicas como Holy War e Fur and Claw - que foram as que mais me ficaram na memória - eles revelaram desejos de mudar. Mas mudar de quê? De subgénero ou de maneira de fazer música dentro do Deathcore? Essa resposta só seria respondida no album seguinte.
Este era o álbum que revelava mais força e mais coesão dentro da sua discografia e perante muitos é o melhor álbum até de Deathcore.




Luis - The Depression Sessions é um Split EP que reúne três gigantes do Deathcore, Fit For An Autopsy, The Acacia Strain e os Thy Art Is Murder.
Cada uma das bandas contribuiu com uma música original e uma cover para este EP, composto por 6 músicas.
Os Thy Art Is Murder brindaram-nos com a excelente música sobre a destruição da Terra por mão do ser humano, They Will Know Another e a cáustica cover de Du Hast dos Rammstein.
Para quem tiver interesse em saber mais sobre este EP vamos deixar-vos com um documentário de 20 minutos onde podem perceber melhor todo o processo que levou à concretização deste projecto:


Simões - Após uma ausência de dois anos onde CJ revelou querer sair da banda, eis que em 2017 nos brinda com um sonoro de rebentar colunas. Definitivamente já não eram os Thy Art de outrora. Já estavam numa categoria diferente. Para mim foi este hiatus de dois anos que fez a diferença. Transformou o som deles mais para territórios de Black Metal.
O que foi outrora uma referência questionável depois de No Absolution é um facto.

PAY FOR FORGIVENESS




Luís- Dear Desolation mostra os Thy Art Is Murder a seguirem um caminho mais directo às profundezas do Black Metal. As influências deste género estiveram sempre presentes na sua discografia, mas aqui são ainda mais óbvias.
Este é daqueles álbuns em que eu não dou skip em nenhuma música, apesar de continuar a achar que No Absolution devia ter sido aqui incluída, pois ainda iria elevar mais este álbum.
Puppet Master é para mim um dos grandes destaques de Dear Desolation e na minha opinião entre a lista das melhores músicas que os Thy Art Is Murder já compuseram até hoje.
Death Dealer tem uma atmosfera sinistra e uns toques de piano pouco usados em Deathcore mas que combinados com os screams de CJ resultam muito bem. Uma das músicas mais únicas da carreira dos Thy Art Is Murder.
Este e Holy War são os meus álbuns preferidos de Thy Art Is Murder e é fácil perceber porquê, não só a banda continua a evoluir na sua sonoridade como mantém a agressividade pela qual ficaram conhecidos.


Simões - Este álbum guardo num cantinho, foi o primeiro álbum que este blog avaliou e foi a volta dos Thy Art.
Mas as boas noticias não param por aí. Desde No Absolution que o rumo dos Thy Art estava meio incerto - iriam para o Deathcore ou imergiam das cinzas com uma cara renovada?
Bem, Dear Desolation é a junção perfeita dos dois. É uma "mixórdia organizada" de elementos tão distintos. Saiu pouco depois de The Satanist de Behemoth que é o meu álbum favorito deles, e vai beber tanto dessa nova onda de Blackeish Death Metal que até assusta. 
Músicas como Puppet Master  ou Death Dealer são o lado mais Black, mais Behemoth. Ao invés de músicas como Man Is The Enemy ou The Son Of Misery que são músicas que poderiam encaixar em Holy War sem se notar diferença.
Notam-se ventos divergentes neste álbum, mas ainda é um álbum de Thy Art. O meu favorito, se quiserem saber.




Death Perception foi lançado um pouco inesperadamente mas foi uma excelente surpresa.
Dear Desolation saiu em 2017 e Death Perception em 2018 e fez-me logo antecipar um novo álbum.
Teve um lançamento de edição limitada em vinil mas infelizmente não integra Human Target.
Aqui temos as influências do Black Metal que se mantêm os chugs característicos do Deathcore, um excelente Breakdown, mas também um inesperado solo de guitarra que apesar de breve resultou bastante bem.
Para um fã é sempre bom ter músicas novas, especialmente com a qualidade que este single apresenta.

BRING ON DESTRUCTION, BRING ON THE REVELATION



Num ano em que temos lançamentos de excelente qualidade por parte dos Shadow Of Intent, Whitechapel, Angelmaker e menos conhecidos, mas mesmo assim com um grande disco Gravemind, apenas para mencionar alguns, na minha opinião os Thy Art Is Murder ficaram um pouco atrás do nível a que nos foram habituando com Holy War e Dear Desolation.
Human Target é daqueles álbuns que melhora a cada audição, se no início estranhamos algumas das decisões pelas quais os Thy Art optam, ao percebermos que há aqui grandes malhas já não nos custa tanto ouvir algo diferente.
Gostei bastante da dupla de músicas, Eternal Suffering e Welcome Oblivion pois ambas têm uma sonoridade distinta que nunca tinha ouvido por parte dos Thy Art e foram as que mais me surpreenderam. 
Não o deixo de recomendar, apenas me desiludiu um pouco e teve o problema de algumas das melhores músicas terem sido lançadas como singles e isso retira um pouco da experiência de ouvir repetidamente Human Target.


Simões - Primeiro estranha-se, depois entranha-se. Human Target é exatamente isso. Não estamos mais a lidar com os Thy Art de The Adversary. 
Agora são uma banda quase no Black Metal, tem pé no Death Metal, uma mixordia que até de Industrial bebe. São uma coisa estranha.
Mas e o álbum? É bom? Isso são outros 500.
É o álbum mais diversificado da carreira. Num ano onde tivemos The Valley de Whitechapel que é um marco e para mim um Magnum Opus de uma das bandas de Deathcore, acho que Thy Art também quis inovar, mas não agregaram os elementos mais melódicos como Whitechapel. Preferiram uma aura mais negra e beber ainda mais de Black Metal onde já vejo parecenças com Belphegor. Podem ver isso em Welcome Oblivion ou Eternal Suffering.
Aliás, a partir de Eternal Suffering é tudo Blackeish Death Metal. Antes disso é tudo Deathcore como estávamos habituados a ouvir.
Overall o álbum não é muito coeso e é uma experiência. Gostei de ver esta banda que tão cimentada está dentro do género que lhe pertence a explorar algo novo e até gostei do resultado final. Acho que é merecedor de muita audição escrutinada.