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Final Veredictum - KORN - The Nothing


Temos em mãos um trabalho bastante melodramático por parte dos KORN. Não podemos desassociar deste álbum a tragédia que se abateu sobre a vida de Jonathan Davis, a morte da sua esposa, morte esta envolvida em muita dor e muitas questões por parte da família. 
A forma como encontrei para escutar este álbum foi, deitar-me no escuro, de olhos fechados e com os headphones no som máximo e deixar-me ir nesta viagem sonora pela tristeza, pela amargura e desespero, pela resiliência e negação e por um constante crescendo de emoções, reconhecível por qualquer um que tenha passado por um processo destes.
Isso dá mote para que a introdução ao álbum seja ao som da já famosa gaita-de-foles e com lamentos por parte de Jonathan, que qualquer pessoa reconhece como um lamento de dor. Penetrante e angustiante.
"Cold" apanha-nos de surpresa, ao som daquelas pancadas e daquela bateria demolidora. Guitarras na distorção máxima, para dar enfâse à fúria e que dizer da voz de Jonathan? Pura raiva canalizada em palavras.


"You'll Never Find Me" leva-nos pelo caminho da quase derrota, com vocalizações em forma de lamentos e aquela frase "I'm lost you never find me", puro desespero na voz de Jonathan. Instrumentalmente as guitarras, bateria e baixo acompanham esse crescendo de desespero, a cada vez que Jonathan berra mais alto, terminando com uma súbita paragem em que se ouve algo resmungado entre dentes por, supomos nós, Jonathan.



Logo a seguir levamos com um enxerto de porrada em forma de voz por parte Jonathan que, neste tema, "The Darkness Is Revealing", usa e abusa de toda a elasticidade que tem nela. Berros altos e baixos, voz de rap e melódica, performance de se adorar profundamente. Rufar de bateria a ritmo de galope e então com aqueles riffs rápidos de guitarra a acompanhar, aquelas cordas devem ter pegado fogo. 
Escuto pela primeira vez "Idiosyncrasy" e adorei. A letra, o ritmo, aquele baixo a rosnar baixinho, as guitarras vibrantes e velozes, todo um ritmo de caminhada triunfante, de quem não aceitou a derrota e segue em frente. Jonathan rosna-nos: "God is making fun of me / He’s laughing out there / I can see " e nós só conseguimos sentir dentro de nós a mesma frustração que ele deve ter sentido quando cantou este tema.
Mas, KORN tem a capacidade de me surpreender e, num álbum tão negro e dramático conseguiu introduzir um tema pelo qual me apaixonei de imediato. "The Seduction of Indulgence". Tema a meu gosto, altamente polémico, com letras ofensivas e provocantes, muito sinuoso e sedutor. Aquele ritmo de encantador de cobras. A bateria é o que se ouve mais, com aquele ritmo hipnótico, logo seguido pela voz de Jonathan, quase que como a nos seduzir e atrair para uma armadilha qualquer. E que armadilha. Eu caí nela eh eh. Perguntei-me várias vezes o que é que este tema acrescentou ao álbum? Nada, mas que foi uma surpresa inesperada e agradável foi. 
Mais uma vez, todos os temas têm algo de especial, não é um álbum que tenha o ritmo e melodia sempre igual, KORN leva-nos por uma viagem de diferentes sonoridades, não havendo certamente uma grande inovação ou uma grande evolução, continuam a soar a KORN e mantêm o seu som característico, acreditando eu que os fãs irão adorar e, que os não fãs lhe passarão ao lado. Este álbum foi feito para os fãs definitavemente.  Deixo a vosso critério o irem escutar o álbum e tirem os vossos próprios juízos, eu aqui só vos quero aguçar a curiosidade.   
O álbum termina com "Surrender to Failure", que tem uma batida tribal, e de ritmo lento e com uma letra que espelha a tristeza por se lutar tanto e no fim perder. Jonathan fala-nos aqui de uma luta ingloriosa e de aceitar que desta vez perdeu. 
O álbum "The Nothing" não é simplesmente uma viagem pelos amargos acontecimentos angustiantes da vida de Jonathan Davis. É mais uma oportunidade de os KORN nos demonstrarem os seus pontos fortes, e que, mesmo em circunstâncias mais negras e difíceis nos conseguem inspirar. 

KORN entrega-nos mais um belíssimo trabalho mas, na perspectiva de evolução e inovação passaram um pouco ao lado, não deixando de ser um excelente álbum